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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

UM POUCO DE MIM

SAUDADES

 

"Ai, ai, que bom! Que bom, que bom que é!

Uma estrada e uma cabocla

Com a gente andando a pé"

 

"Ai, ai, que bom! Que bom, que bom que é!

Uma estrada e a lua branca,

No Sertão de Canindé"

 

Ai, ai, que bom que eram aqueles tempos em que morei em Umburanas, perto de Arcoverde, interior de Pernambuco. Por aqueles idos ainda não tinha eu acesso direto a caboclas, mas a lua branca me iluminava em muitas caminhadas com amigos e amigas, por muitas veredas.

 

Ai, ai, quanta saudade daqueles idos. As noites eram cheias de surpresas nas historietas cheias de emanranhados da imaginação folclórica. Cada um que contasse a sua.

 

Épocas marcadas eram as noites de festas juninas. Naquelas, o mundo como que se transformava num palco de felicidade constante. A movimentação daquelas noites refutava o tédio das noites sem festas e sem encontros folclóricos. Muita agitação: quermesse, novena, balão e muito forró. Ah! Não faltava também aquela vontade de encontrar olhos femininos com os quais os meus pudessem cruzar. O que não deixou de acontecer, claro. Ficou marcada a donzela de verdade que dela me era proibida a aproximação. Mas não deixei de sentir um gostinho daqueles lábios pequeninos, porém, ainda me lembro, macios e carnudos. Doeu-me sem medida quando soube que o seu pai a mandou estudar na cidade.

 

Mas as festas continuaram. A lua continuou a iluminar os caminhantes por aquelas plagas. E eu, crescendo, fui também para a cidade. Passei então a sentir saudades das festas do interior. Cresci, e nunca mais voltei àquele lugar. Às vezes me pergunto por que sinto um aperto no íntimo quando chega o período das festas juninas. Quer ver piorar, é eu não dançar nenhum pouquinho num forró. Piora ainda quando escuto a música, impossibilitado de agarrar uma "donzela" para dançar. Não deixo de admitir que qualquer "arraiá" armado possibilita-me um suavizar e, ao mesmo tempo, um relembrar de uma vontade de reviver o passado. Como serão hoje aquelas donzelas e aquelas estradas? E a quem estará hoje a iluminar aquela lua? E aqueles que caminhavam comigo, como estarão? Mas de todas as respostas, a que eu mais queria era saber daquela donzela com quem troquei o meu primeiro beijo.
Willians Moreira

3 comentários:

Unknown disse...

Eita meu amigo! Você desta vez me fez voltar também no tempo e relembrar essas coisas boas, sem malicia, que davam prazer, gosto pela vida, sonhar e sonhar, até sem saber se aculturtando através das festas, dos folclores, do colírio constante colocado em nossos olhos pelas donzelas lindas e fasceiras que passavam... tempo bom! A lua? A lua não podia faltar. Ela fazia parte de todo aquele encantamento, nso acompanhando os passos por onde íamos... do namoro ao flerte, tudo era festa. As mesmas perguntas que você faz no texto eu também faço e, só saudade, saudade e saudade! Uns vivem ainda, outros se foram precocemente. De uns se tem noiticia, de outros, nem a sombra, mas fizeram parte da história da minha vida, da sua vida... assim é a vida!
Valeu pelo texto muito bem colocado e de sentimento profundo.
Um abraço,
Dalmario Marcel

Unknown disse...

Parabéns! Gostei muito da sua escrita.

Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz disse...

Lembranças... umas, propositais, afagadas pela nossa razão; outras, autônomas, enfiam-se pelos nossos poros, conquistam o tempo e jamais nos deixam. Lindo texto! Parabéns!