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quarta-feira, 27 de maio de 2009

E O CIÚME, COMO VAI?

 

O ser humano possui uma mazela sentimental consideravelmente desgastante: o ciúme. Este é como poucos dos sentimentos incômodos que desequilibram qualquer vivente. Faz o homem perder o sono, perder a fome, não raciocinar direito, perder a concentração. Na verdade, concentra-se apenas no objeto do ciúme; o que nada mais é do que se concentrar em si mesmo. Há toda uma transformação de semblante. Em alguns acontece o fenômeno descrito na música do grupo Ultraje a Rigor, "ciúme": "Mas eu me mordo de ciúme".

Há os que conseguem disfarçar essas tais "mordidas"; outros não. Há aqueles que as expressam com todas as letras. Outros são mais discretos. Portanto, o fato é que ninguém escapa. Afinal, todos nos "mordemos" em algum momento. Uns mais, outros menos. Só sendo estóico em estágio avançado para não se enredar nestas afecções sentimentais.

Há aqueles que resolvem até escrever sobre o assunto para descarregarem o incômodo. Aliás, acredito que um dos melhores meios de lidar com certos problemas sentimentais é usar da sublimação. Uns escrevem; outros pintam; uns cantam; outros praticam esportes. Claro que não estou dizendo que as práticas artísticas ou de outras ordens são técnicas de sublimação. Afirmo apenas que para isto elas podem servir.

De qualquer forma, é preferível sublimar a reprimir. Repressão é uma tentativa de expulsar o problema por canais somáticos. O que é problemático.

Já me disseram que o ciúme é expressão de amor. Não sei. Questiono. Parece-me que se trata de um tipo de insegurança. Será? Ou será mesmo expressão de amor? Quem sabe, tem a ver com as duas realidades. Ou com nenhuma. E se for expressão de puro egoísmo? É complicado. Sempre haverá quem diga que é algo igual ou bem diferente do que pensamos.

O dicionário Larousse Cultural diz que ciúme é "inquietação provocada pelo desejo de posse exclusiva do ser amado ou de um objeto". Este conceito é pertinente. Há várias palavras aqui que complicam o problema. Inquietação. A gente não sabe onde se coloque. Dá um faniquito terrível ("eu me mordo..."). Desejo em si não é problema. O problema aparece quando a locução se incorpora: "de posse exclusiva" (egoísta). Ou seja: não se quer facultar a ninguém o acesso à pessoa amada ou ao objeto querido. É neste ponto que mora o problema.

Bom! Enquanto alguém não escreve a história do ciúme, nós vamos refletindo como podemos sobre o assunto.

Se você se olhar no espelho, em que condição se acharia?

Tente escrever, pintar, ou tente outra qualquer atividade que expresse bem o que sente. É enriquecedor. Canalize os impulsos para algum autobenefício.

Pronto! Operada a catarse. Meu "eu" lírico psicanalizado agradece.

E para você que está lendo esta "sublimação", acompanha a letra da música citada.

Ótima sublimação para você também.

 

Canta Ultraje a Rigor

 

Eu quero levar uma vida moderninha

Deixar minha menininha sair sozinha

Não ser machista e não bancar o possessivo

Ser mais seguro e não ser tão impulsivo

 

Mas eu me mordo de ciúme (Bis)

 

Meu bem me deixa sempre muito à vontade

Ela me diz que é muito bom ter liberdade

Que não há mal nenhum em ter outra amizade

E que brigar por isso é muita crueldade

 

Mas eu me mordo de ciúme (Bis)
 
Willians Moreira

EXISTÊNCIA E VIDA

 

 

Tenho refletido sobre o que é o ser humano. Afluem à minha mente inúmeras metáforas, sinônimos de humanidade. Pensei até em fazer poesia. Desisti. Afinal, tenho desistido de muitas coisas. Muitas estão incompletas e talvez nunca tenham prosseguimento. Refleti sobre como minha vida tem sido pesarosa em alguns momentos. Quando olho para o que fui, para o que estou sendo e para o que gostaria de ser, corre-me pela mente um sentimento de insatisfação. Quem está absolutamente satisfeito, levante a mão! De imediato, entendo que de qualquer forma eu estou vivendo. Seja como não quero ou de outra maneira, eu estou vivendo. E o que é a vida? Não seria transcorrer-me pelas linhas da existencialidade vivendo virtudes e vicissitudes, quer tenha ou não um coração resignado? Que estou a dizer? Estou a dizer que importa o como existo, porém, muito mais o fato de que vivo. Isto é o bastante. Vivo a despeito de qualquer realidade existencial. Nada mudará isto. Certo que passarei; deixarei de existir. Mas enquanto vivo contribuo para que a identidade da humanidade também exista. Não só exista como também se perceba existindo. É neste ponto em que reside a grande diferença. Outras realidades da natureza supostamente apenas existem. O humano percebe-se existindo. Esta autoconsciência é superior a toda e qualquer realidade circunstancial. Os modos de existência podem ser abordados com conceituações as mais adjetivas pelos mais diversos teóricos. Mas o substantivo permanece intocável. Talvez um grande equívoco, se não o principal, de muitos humanos seja supervalorizar o adjetivo. Desta supervalorização decorrem muitos males: melancolia, depressão, desespero, medo, frustração, revolta. Não me importa se mais perdi ou se mais ganhei. Perdi e ganhei. Não me importa se sofri ou se chorei, se sorri ou se gargalhei, "o importante é que emoções eu vivi". Alguém já percebeu isto. Para muitos é estranho pensar assim, pois que estão sugestionados a uma existência firmada em adjetivos. Já é hora de entendermos que os adjetivos são reflexos oscilantes. O que na infância era-me indesejável, hoje é-me prazeroso. Quantas realidades que me eram agradáveis na juventude e que hoje são para mim repugnadas. Nossos adjetivos são deveras condicionados aos nossos momentos. Por que não extrapolarmos esta barreira? Entendo que é possível. Se algum adjetivo precisamos de aplicar, que seja à vida e não à existência. Este adjetivo deve estar repleto da consciência de que viver, por si, independentemente de qualquer circunstância, é o ato substancial que leva a humanidade a ser eterna enquanto conseguir também existir. Não estou a advogar causa perdida. Faço apologia de uma superação da existência meramente instintiva, egótica, egoística, fálica, animal. Talvez muitos conhecedores da mente humana adjetivem esta apologia como utópica. Não lançarei sobre os tais qualquer adjetivo, pois entendo que os mesmos podem estar adjetivando condicionados meramente pela existência. Seja lá como for, eu vivo. A despeito do que fui, do que estou sendo e do que serei, a minha marca na identidade do humano será indelével, por mais inexpressiva que se apresente. A humanidade não é só Moisés, Jesus, Maomé, Gandhi, Buda, Confúcio, Abraão Lincoln, Tiradentes, Madre Teresa de Calcutá, Martin Luther King, brancos, ricos, eu e você. A humanidade é também Hitler, Judas, Calabar, Jim Jones, o "Maníaco do Parque", o Terrorismo, a Inquisição, nazistas, negros, índios, pobres, eu e você.

Permito-me fazer uma analogia: Os supostos momentos indesejáveis da Vida são como o esterco colocado no jardim. A flora mais viçosa da Vida muitas vezes nutre-se do esterco dos momentos repugnantes.

Seja lá como for eu vivo. Posso não estar alegre, mas sou feliz.

 

Willians Moreira

ENIGMA E SOLUÇÃO

 

 

I Coríntios 13, 12: "Porque, agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido."

 

A Bíblia contém uma história muito interessante sobre um enigma e que pode servir como alegoria da vida: o enigma de Sansão. Este enigma foi criado baseado na experiência que Sanção teve quando comeu mel retirado da carcaça de um leão que ele mesmo havia aniquilado. Eis uma parte do texto: Sansão diz: "Eu vos darei um enigma a adivinhar... E eles lhe disseram: Dá-nos o teu enigma a adivinhar, para que o ouçamos. Então, lhes disse: Do comedor saiu comida, e doçura saiu do forte. E em três dias não puderam declarar o enigma... disseram à mulher de Sansão: "Persuade a teu marido que nos declare o enigma". E a mulher de Sansão chorou diante dele. E Sansão lhe disse: Eis que nem a meu pai nem à minha mãe o declarei e to declararia a ti? Sucedeu, pois, que, ao sétimo dia, lho declarou, porquanto o importunava; então, ela declarou o enigma aos filhos do seu povo. Disseram-lhe, pois, os homens daquela cidade, ao sétimo dia, antes de se pôr o sol: Que coisa há mais doce do que o mel? E que coisa há mais forte do que o leão? E ele lhes disse: Se vós não lavrásseis com a minha novilha, nunca teríeis descoberto o meu enigma." (Juízes 14: 12-18).

            Na vida nem sempre temos uma "Dalila" que nos ajude a decifrar os enigmas do "Sanção Natureza". Somos lançados à nossa própria sorte para a solução dos enigmas. Enquanto a humanidade não responde a alguns, muitos filhos seus saem de cena. Outros assumem o lugar na busca de solução. Essa é a "vantagem" que a humanidade leva "contra" a natureza: sua imortalidade na espécie que se "perpetua" pela reprodução.

O enigma é elaborado justamente por causa da solução que já existe. Existe um fato que inspira o enigma. Existe um fato que fundamenta o enigma. Primeiro há uma experiência, um acontecimento; depois, o enigma. A natureza age também assim. Para cada feito seu ela tem enigmas. Uns mais simples; outros mais complexos. A história tem sido justamente marcada pelas descobertas de soluções para os enigmas. Às vezes a história é cômica; às vezes, trágica; às vezes, ambas. É como se a natureza houvesse, de propósito, instituído um jogo com a espécie humana. É como se a natureza brincasse de esconde-esconde com a humanidade. O que são as descobertas humanas senão as soluções para esses enigmas?

É necessário que exista o enigma, pois que motiva a humanidade a continuar existindo. Aqueles que não gostam de enigmas estão fadados a uma existência desinteressante.

É possível citar milhões de enigmas que foram resolvidos durante a história. Podemos voar? Como voar? De que somos feitos? Como somos feitos? De onde viemos? Podemos nos comunicar? Podemos nos comunicar com alguém à distância? É possível curar tal doença? É possível criar outra doença? É possível viajar debaixo d'água? E tantos outros.

O interessante é que cada enigma resolvido é uma peça para a solução de outro. A vida, a existência, o mundo, o ser, transfiguram-se em um grande e fenomenal quebra-cabeça. Cada passo dado pelo homem ajuda-o a solucionar um enigma seguinte.

Surge então uma pergunta plena de pertinência: A vida seria uma mera passagem por esta dimensão? Para que resolver tantos enigmas? Estaríamos em um aprendizado para algo mais superior? Ou toda esta trama não passa de mero "capricho" de "Dona Natureza"? Por que não poderia ser assim mesmo?

Solucionar enigmas torna a humanidade detentora do conhecimento de soluções que, de geração em geração, conduz o humano à sabedoria. "Dona Loucura", apresentada a nós por Erasmo de Rotterdam em seu livro "Elogio da Loucura", parece contradizer-se. Ela que se louva por estimular a ignorância e ridicularizar os sábios é quem movimenta o homem a "buscas loucas" que na verdade tornam a existência mais interessante. "Dona Loucura" fez jus à parceria com sua amiga "Dona Ignorância". São homens "loucos" para a grande maioria que resolvem muitos dos enigmas apresentados por "Dona Natureza" e tiram outros humanos da ignorância. Por outro prisma: quem mais louco para os ignorantes do que o sábio? Quem mais louco para os sábios do que o ignorante? Somos todos loucos. Santa loucura!

            Às vezes, a solução de um enigma vem com o tempo em virtude de que vamos passando por experiências e circunstâncias tais que nos vão amadurecendo e ampliando a nossa visão. A solução muitas vezes estava perto de nós e não a percebíamos devido à nossa imaturidade. De sorte que amadurecer é um caminho para a solução de muitos enigmas da Vida e da Natureza. Haja paciência!

Voltando à Bíblia: "A vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito." (Provérbios 4, 18). Considerando que quem julga o que é justo quanto à Vida não somos nós e levando-se em consideração que a Natureza "faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos." (Bíblia - Mateus 5, 45), entende-se que o processo é claro. Muitos enigmas da minha infância solucionei-os na minha adolescência; muitos da minha adolescência, solucionei-os na minha juventude; tantos da minha juventude, estou solucionando-os na minha adulticidade. Outros enigmas estão surgindo que, acredito, solucioná-los-ei na velhice, se eu a alcançar. Assim com os indivíduos; assim com a humanidade. Esta, passando por fases como as do indivíduo, também vai rumando à sua maturidade; quem sabe, depois à sua velhice e, quem sabe... Saldos de soluções e não soluções, tanto para a humanidade como para o indivíduo, levam-nos de uma fase para a outra. Cada um julgue o adjetivo a aplicar a estes saldos. Fato é que para quem ri hoje, pode haver choro amanhã. Para quem chora hoje, amanhã pode haver muito riso e gargalhada. O importante nesta história toda é não desistir de procurar soluções. Jamais se deixar amedrontar. A natureza não desiste; por que humanos desistiriam.

Assim, de enigma em enigma, vamos a um futuro no qual poderão ser desvendados, quem sabe, de modo cabal, todos os enigmas aqui ainda não resolvidos e, no seu todo, poderão abrir uma nova dimensão na qual, esperamos, continue a haver enigmas dignos de uma dimensão superior a esta em que vivemos. E assim, quem sabe, teremos solucionado enigmas quanto ao futuro da humanidade.

De qualquer forma, não devo me iludir. Morrerei um dia com muitos enigmas não solucionados. Mas levarei comigo a consciência de que fui um humano que viveu buscando soluções, não só para si, mas também para tantos outros que comigo caminham na estrada da humanidade.

 

Willians Moreira

COMPARAÇÕES QUE INCOMODAM

 

Volta e meia, eu escuto: "se lhe derem um limão, faça dele uma limonada".

Pois bem! Coisas acontecem que lembram essa sabedoria popular.
É uma questão um tanto cultural. Sabe aquele costume que nós temos de nos compararmos uns aos outros com os animais? E por ser uma questão cultural, as comparações vêm carregadas de uma valoração que às vezes incomoda. Claro, outras vezes deixa o comparado feliz como um abutre num cadáver (olha a comparação).

Dei-me mal numa dessas comparações. Espero não ter perdido, pelo menos, a amizade; mas se isso acontecer... Fazer o quê?

O interessante é que o humano comparado fica tão transtornado com a comparação que se esquece de analisar devidamente a forma da comparação. Isso depende muito do animal envolvido na analogia. Veja, por exemplo, que se alguém for comparado com um leão, sentir-se-á muito feliz. O leão é um animal garboso; cheio de pompa. Chamar uma mulher de gata é a glória para ela. Agora diga a uma mulher que ela parece com uma égua. Experimente, vá! Você nunca mais esquecerá o peso da mão de uma mulher magoada. Isso é para você ver: o rei Salomão, rei de Israel (cerca de 1000 anos a. C.), tratava suas mulheres assim. Textualmente, Cantares de Salomão diz: "Às éguas dos carros de Faraó te comparo, ó querida minha." (Cantares 1:9). Agora imagine Salomão sendo comparado com um veado. O texto diz: "O meu amado é semelhante ao gamo ou ao filho da gazela" (Cantares 2:9). E ele nem se irritou. Tudo por uma questão cultural: as éguas de Faraó eram animais extremamente bem tratados e, por isso, muito bonitos. Salomão também tinha o costume de comparar uma entre suas mulheres, com uma cabra montês. Imagina, amiga que estás lendo esta minha divagação, se eu te comparo com uma cabra. Se bem que, às vezes, ouço algum pai de família chamando uma filho ou filha de cabrito(a). Claro, num tom carinhoso. Percebe-se aqui que a forma de fazer a comparação é crucial. A entonação da voz conta consideravelmente. Acredito que, se Salomão tratasse uma de suas mulheres, dizendo: "Sai daqui, égua", com tom de desprezo, certamente que a tal mulher não o compararia a um ginete de Faraó, mas a um porco (animal extremamente estigmatizado entre os judeus).

Por que será que valoramos a imagem dos animais? Questão de cultura mesmo. Por que chamamos alguém de "cachorro"? Ora, o cachorro é um animal tão bem conceituado entre os humanos; ou não? Não dizemos que é o melhor amigo do homem? O que será que um cachorro tem que, às vezes, comparamos um humano com o tal animal? Bom, isso pode ser estendido aos outros animais. O fato é que nós somos muito tolos quando nos carregamos de emoção conflitante ao sermos comparados com algum animal que a nossa cultura estigmatiza. Afinal, cultura de cá, cultura de lá, podemos nos ver de modo mais universal. Quer um conselho? Se lhe chamarem de vaca, faça do limão uma limonada; pense que você está na Índia. Você se sentirá uma deusa. Viu? É fácil. Só será difícil se você tiver uma auto-estima extremamente narcisista que não consegue extrapolar as barreiras culturais ou outras tantas barreiras que lhe tornam carente de um "divã".

Agora você imagine se os animais evoluem ao nosso estágio. Como você se sentiria se um rato comparasse o companheiro com um humano?

Bom! Viva a natureza! Salve as comparações! E não se esqueça de que o Mestre Jesus disse: "Sede prudentes como as serpentes".
 

Willians Moreira

sábado, 23 de maio de 2009

Eu não queria dizer, mas vou dizer[1]

 

 

Existem muitas práticas nossas que servem de material para exortações fundamentalistas, para não dizer retrógradas. Todos se lembram de que as Testemunhas de Jeová batem na tecla do dia 25 de dezembro, condenando a prática cristã de comemorar naquele dia o nascimento de Jesus. Não são esquecidas as festas juninas. Sempre aparecem aqueles que dizem: "isso e aquilo e mais aqueloutro são práticas do mundo e reverenciam a Satanás". Bom, acredito que será difícil livrar-se destas condenações ortodoxo-fundamentalistas, executadas por tantos que se enquadrariam perfeitamente nas fileiras da hiprocrisia.

            Mas vamos à diante!

            Existem algumas curiosidades que vou revelar para aqueles que ainda não têm conhecimento das mesmas.

            Entre nós, é comum as noivas vestirem-se de branco e colocarem coroa de flores quando vão se casar. Também os médicos, quando o paciente se encontra em estado de saúde extremamente precário, dizem que o mesmo entrou em "coma". Ora, essas práticas são remanescentes de certos costumes e mitos dos gregos da Antiguidade.

            Os gregos acreditavam que o céu era um deus. Davam-lhe o nome de Uranos. Esse deus uniu-se com Gaia (ou Geia = a terra). Desta união, foram gerados vários filhos. Mas Uranos não permitia que os mesmos nascessem. Eram retidos no seio da Terra. No entanto, Crono, libertou-se e resolveu dar um jeito no seu pai, a pedido de sua mãe. Uranos foi castrado por Crono, que atirou o pênis de seu pai ao mar. O pênis ejaculou pela última vez, fecundando as ondas, de onde nasceu a deusa Vênus (Afrodite), deusa do amor.

            Crono libertou ainda os seus irmãos e se uniu com Réia (talvez Geia, sua mãe). Com ela, teve muitos filhos e filhas. Mas Crono tinha medo de que acontecesse com ele o que aconteceu com seu pai e, por isso, devorava todos os seus filhos assim que nasciam. Certo dia, nasceu um filho que agradou bastante a sua mãe. Esta resolveu escondê-lo para que não tivesse o destino dos outros. Assim enganou o marido. Quando Crono reclamou o recém-nascido, Réia lhe deu uma pedra embrulhada em cueiros (Será que o verbo rear, sinônimo de prejudicar, vem do nome dessa deusa? Esqueça! É só especulação. Mas vem bem a calhar, não?).

            Zeus (ou Júpiter) cresceu e destronou o pai. Mas Zeus não deixou de fazer Crono vomitar todos os filhos, já crescidinhos e bem vestidos. Zeus uniu-se então à sua irmã, Hera (ou Juno), iniciando um novo reinado.

            Zeus passou a considerar Hera como ultrapassada e se tornou um deus volúvel e desejoso de aventuras amorosas. Ou seja, caiu na gandaia mesmo. Uma hora, disfarça-se de touro; outra, de cisne; outra, de chuva de ouro; tudo isso para conquistar deusas e mulheres que lhe agradassem. Nessa "brincadeira", conquistou uma humana, linda e jovem sacerdotisa chamada Semele. Hera, ciumenta, andava procurando surpreender Zeus em suas artimanhas, quando descobriu o romance com a mortal. Hera disfarçou-se também de mortal, como o marido, e procurou Semele. Encontrando-a, disse-lhe que ela estava transando com um deus. E aconselhou-a para que no ato sexual, na "hora agá", pedisse para ele se transformar no deus e veria como era muito melhor.

            Semele, ingenuamente, caiu na armadilha. Na hora do orgasmo, pediu para Zeus se transformar em si mesmo. Pronto! Foi a desgraça dela. Zeus era o deus do raio e acabou incendiando o templo e matando a jovem. Semele morreu grávida. Zeus retirou a criança (operação cesariana, muito antes de César), mas como o filho ainda estava no sexto mês de gestação e ainda não havia a proveta, incubou-o em sua coxa, onde seu filho permaneceu até o nascimento, proeza esta só realizada pelo cavalo-marinho.

            Dessa trama nasceu o deus Baco (Dioniso – o nascido duas vezes; sem contar que foi também um deus feito na coxa.

            Bom! Hera andava louca de raiva. E Zeus, procurando salvar o filho da esposa irada e vingativa, transformou-o em cabrito. Entregou o cabritinho para as Ninfas de Nisa dele cuidarem. Daí que Dioniso é adorado sob a forma de um bode. Acrescento: e muitos cristãos, sem saberem do mito, identificam-no com Satanás. Pura ignorância.

            Dioniso descobre a uva e fabrica o vinho. Sendo então o deus das festas regadas a vinho. Olha a ceia aí: não deixa de ser uma festa na qual cristãos bebem vinho. Claro que é sabido o significado dado por Jesus de Nazaré ao vinho.

            Agora vem o melhor da história!

            Um dos rituais de comemoração ao deus do vinho chamava-se "coma", que em grego se chama xingamento. Os participantes, em dois grupos, iam numa procissão, cantando versos e marcando o ritmo com ramos de tirso. As mênades ou bacantes (adoradoras de Baco - Dioniso) vestiam-se com uma túnica branca e todos eram obrigados a cingir a fronte com uma coroa de flores. Quando os dois grupos se encontravam, xingavam-se muito (xingamento ritualístico apenas). Depois se abraçavam e dançavam, transavam e bebiam, até perder os sentidos. Por isso, provavelmente, o médico, metaforicamente, diz que o paciente entrou em estado de "coma" (ficou fora dos seus sentidos).

            Quando o cristianismo chegou aos gregos, recebeu um impacto grande por causa da visão hedonista (prazerosa) do paganismo, visto aquele ter uma visão ascética (penitência e sofrimento) da religião. Visão esta que norteou a religiosidade medieval. Claro que viram pecado no culto a Baco. A própria representação do diabo é estereotipada a partir de Baco: pés de bode, chifres e rabo.

            É de se imaginar a primeira pagã convertida com o casamento marcado. Deve ter consultado os superiores quanto a vestir-se de branco e a colocar uma coroa de flores (ela costumava fazer isso antes de ir para a bacanal). Como sabia que, após o matrimônio, iria fazer sexo com o marido, não viu nada de mal em se vestir como quando ia fazer sexo no ritual do antigo deus. Leve-se em consideração que a prática do vestido branco e da coroa de flores não seria ultrajante aos bons costumes. Logo, a prática deve ter sido mantida, chegando até nós. Claro, a justificativa que nos passaram é de que o branco representa a pureza ou a virgindade da noiva. Hoje pode até ser. Mas no passado... Santa ingenuidade.

            Bom! Considerando que a prática está mais para o gesto pagão de que a noiva, ao sair do altar, vai mesmo para uma bacanal particular, mantenhamos o costume do vestido branco, do véu e da coroa (se os quiserem usar).

            Um bom casamento para todas.

Willians Moreira



[1] Adaptado de anônimo; revisado, alterado e ampliado.

“QUEM MUITO ABARCA, NÃO PODE APERTAR”

             Que dever tenho eu de me responsabilizar pelos problemas do mundo? Até que ponto deve chegar a minha solidariedade?

            Hoje nós mantemos uma concepção global do mundo. Num passado remoto, o homem conhecia apenas as necessidades dos que lhe estavam bem próximos. O contingente humano na terra era bem menor e a vizinhança menor ainda. De sorte que a pressão das desgraças da humanidade sobre a mente do homem era bem menos influente.

           O modo de sermos influenciados depende consideravelmente de como internalizamos a nossa época. O coletivo é força maior sobre a nossa psiquê. Segundo Eugênio D'ors, filósofo espanhol, citado pelo professor João Wilson Mendes Melo, da UFRN, há várias etapas da história universal; cada etapa manifestando uma predominância de um determinado pensamento. O humanismo predominou na antiguidade; o social, na Idade Média, o Estatal, na modernidade e hoje, na contemporaneidade, predomina o cultural. Neste ponto, o professor João Wilson substitui o cultural pelo econômico, justificando que hoje há uma grande preocupação com a economia mundial (Introdução ao Estudo da História, João Wilson Mendes Melo, Natal/RN, editora universitária, 1988). Segundo o professor João Wilson, há sempre a predominância de um pensamento, de uma concepção.

            Hoje, em função desta predominância do econômico, somos levados a ver a fome do mundo mais do que antes. Mas o que nos leva a ver mais a fome do mundo e não meramente a fome da nossa vizinhança? Será que os meios de comunicação não estão nessa empreitada de hipertrofiar a fome mundial ante os nossos olhos?

            Juntando a ênfase dos meios de comunicação com uma maciça formação ético-moral de solidariedade (se essa for a nomenclatura melhor), nós nos compungimos esmeradamente. Sem falar sobre aqueles que entram em crise espiritual, pois que se imaginam o grande herói Atlas, carregando o mundo nas costas. Resultado: coluna emocional avariada.
            Não consta que o homem da antiguidade passava por esse infortúnio. Isso é um mal da contemporaneidade. Devido à globalização, muitos são engolidos por alguns males ideológicos que podem levar muitos ao "divã".

            Em função dessa reflexão, o homem precisa demarcar o alcance de sua solidariedade como indivíduo e como sociedade. Observe-se que o isolamento, talvez não seja aconselhável, senão como medida provisória, para revisão de algum exagero na contrapartida. Às vezes, isolar-se ajuda a equilibrar a balança emocional. Permanecer no isolamento, por sua vez, não seria outro exagero, outro desequilíbrio?

            Muitos ficam como que obsecados pela idéia de salvar o mundo da fome ou de outra coisa qualquer. E em alguns casos, ressentem-se contra os que não encampam os seus afãs. São excessos que devem ser evitados. O anseio de salvar os de lá, pode criar intrigas ou injustiças contra os de cá. Nesse caso, onde estaria a sabedoria?

            Há uma necessidade de se ter consciência da ação que se prática. É preciso ter cuidado com uma concepção absolutista de mundo. O mundo não é meramente o que os meios de comunicação de massa estão dizendo. É preciso ter cuidado para não se deixar tragar, engolir pelo que é dito pela maioria.

            Que milhões de pessoas estão morrendo ou passando fome no mundo não é novidade. E não poderia ser diferente. A natureza sabe que a morte é uma aliada sua muito sábia. A morte acontece hoje em maior escala e aconteceu ontem em menor escala. Não meramente porque a humanidade tenha fracassado em controlar a sua mortandade. Mas por proliferação do ser humano na terra. Se a morte fosse erradicada, pagar-se-ia um preço infernal por isso. Portanto, que a morte siga seu curso implacável.

            Junto com a morte, a fome. Hoje a fome causa maior impacto devido ao crescimento populacional, principalmente nos países pobres. Mas esse impacto no mundo deve-se à exploração dos meios de comunicação.

            Existe violência entre todas as espécies animais. A violência prolifera-se em função de vários fatores. Quanto maior o contingente populacional, maior a probabilidade de aumento da violência e de outras mazelas também. Colhe-se o que se planta. Da mesma forma, a violência impacta a sociedade contemporânea pela mesma via dos meios de comunicação.

            Desse raciocínio, não deve ficar a impressão de que se deve cruzar os braços ante as desgraças vividas pelo homem contemporâneo. Advoga-se antes uma autoconscientização em virtude dos acontecimentos. Advoga-se antes uma demarcação emocional quanto ao ponto que a solidariedade deve alcançar. Jamais permitindo que os sentimentos de solidariedade embarguem a saúde e o bem-estar do espírito.

            No caso particular, por que será que a fome, a mortandade e a violência de sua cidade não lhe emocionam o suficiente para lutar por uma mudança positiva do quadro?

            A sábia máxima cristã prescreve contra os excessos: "basta a cada dia o seu mal". Portanto, para que a tentativa de abarcar emocionalmente o mundo?
 

Willians Moreira

sexta-feira, 22 de maio de 2009

FÉ, DÚVIDA E RAZÃO

 

C. G. Jung, em seu livro: "Psicologia da Religião Ocidental e Oriental", apresenta uma reflexão bastante sugestiva:

 

O homem que apenas crê e não procura refletir esquece-se de que é alguém constantemente exposto à dúvida, seu mais íntimo inimigo, pois onde a fé domina ali também a dúvida está sempre à espreita. Para o homem que pensa, porém, a dúvida é sempre bem recebida, pois ela lhe serve de preciosíssimo degrau para um conhecimento mais perfeito e mais seguro. As pessoas que são capazes de crer deveriam ser mais tolerantes para com seus semelhantes, que só sabem pensar. A fé, evidentemente, antecipa-se na chegada ao cume que o pensamento procura atingir mediante uma cansativa ascensão. O crente não deve projetar a dúvida, seu inimigo habitual, naqueles que refletem sobre o conteúdo da doutrina, atribuindo-lhes intenções demolidoras. Se os antigos não tivessem refletido, não teríamos hoje o dogma trinitário. O caráter vivo e permanente do dogma indica-nos que, se de um lado ele é aceito pela fé, do outro, também pode ser objeto de reflexão. Por isso deveria ser motivo de alegria para o crente a circunstância de que outros procurassem subir ao monte onde ele já se acha instalado.[1]

 

Isso escreveu C. G. Jung no texto: Tentativa de uma Interpretação Psicológica do Dogma da Trindade, do livro acima citado.

         Certo que Jung não era teólogo, porém possuía uma percepção aguçadíssima da realidade religiosa. Ele entendia o grande problema enfrentado por aqueles que pensam sobre os dados doutrinários diante daqueles que preferem aceitá-los sem questioná-los. Jung reconhece o fato de que a dúvida é companheira fiel do religioso; mesmo que ele não queira admiti-la. Pessoalmente, a certos "saltos de fé", é preferível a caminhada, muitas vezes longa, do pensar questionador. É nesta disposição de caminhar pensando, refletindo, questionando, que a teologia se mantém na lida. Aos que já chegaram ao "cume do monte" pela fé, felicitações. Se mais cedo ou mais tarde nos encontrarmos, haja congratulações. Se cada vez mais nos distanciarmos uns dos outros no entendimento teológico, que o amor cristão seja a razão e o fundamento do nosso vínculo social.

Willians Moreira



[1] JUNG, C. G. Psicologia da religião ocidental e oriental. Rio de Janeiro: Vozes, 1980. 698 págs.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

TEOLOGIA COMO CIÊNCIA

De um ponto de vista prático, até que ponto é possível conceituar a Teologia como uma ciên­cia?

Uma verificação dos postulados teológicos em laboratórios não é possível (este é o ponto culminante da ciência conceitualmente padronizada). No entanto, quanto aos aspectos metodológicos, estatísticos, e de sistematização, a teologia anda em paridade com a ciência, pois que procede igualmente quanto ao objeto apreendido em seu estudo. Nestes aspectos também está no mesmo diapasão com a filosofia.
Quanto à questão de verifica­bilidade, concebe-se que os teólogos procedem a uma verificação dos seus postulados. Enquadra-se nesse âmbito a verificação de aplicabilidade de suas conclusões à situação humana à qual o estudo teológico é dirigido. Em teologia como ciência não se permite radicalização. Se no passado foi assim, hoje não mais se permite absolutizações de conceitos que são passíveis de reexame. A verificabilidade dos postulados teológicos não é possível em termos de ciência tecnológica.

Dizer que a teologia é um conhecimento infalível é desviar-se do objetivo buscado pelos próprios teólogos. Estes entendem que suas proposições podem ser revistas diariamente, em face de novos raciocínios. Isto evidencia que a ciência teológica é passível de erros. É precária a teologia que não aceita um reexame dos seus postulados. É inadmissível considerar indiscutíveis as verdades teológicas. O próprio fato de haver várias e diversas teologias (como há várias e diversas abordagens científicas de um mesmo fenômeno) implica na discutibilidade da ciência teológica.

Quanto à exatidão, só é possível ratificar a teologia quanto ao aspecto da razão e/ou da lógica. Isto significa que toda e qualquer conclusão teológica dependerá sempre e puramente dos ditames do raciocínio.

Assim, tanto características científicas quanto filosóficas são aplicáveis à Teologia; nunca esquecendo que a teologia possui car­acterísticas que só a ela são peculiares: quanto ao aspecto valorativo (proposições a respeito do sagrado) e ao aspecto supostamente inspiracional (revelação sobrenatural).

Como diz David Clark, “Ciência não é apenas uma coleção de fatos, mas a desco­berta e a afirmação das leis que a regem” (CLARK, 1988). Sendo assim, a Teologia, como ciência, junta e dispõe os supostos fatos teológicos, indicando a relação que há entre eles.

Por um prisma teológico, a teologia estuda o que se pode conhecer do ser divino e tudo aquilo que se relaciona ao mesmo. A teologia está, via de regra, relacionada à religião. No dizer de Langston, “a teologia esta relacionada com a religião, assim como a botânica com a vida das plantas” (Langston, 1986). Assim pensa Langston, pois crê que a religião é algo natural e instintivo ao homem. Para Langston seria impossível haver teologia sem religião. Esta asseveração parece um tanto presunçosa. Isto não seria o mesmo que dizer que a existência das drogas requer, necessariamente, o viciado ou que o cientista precisa ser necessariamente um toxicômano? Esta maneira de pensar parece refletir a crença de que é impossível ser teólogo sem ter fé. O que é completamente questionável. Que a botânica depende das plantas, não se discute. Um fato é o fenômeno; outro fato é o estudo do mesmo. Aquele é necessário; este é contingente. A teologia pode estar relacionada com a religião, mas a sua dependência está em relação apenas ao metafísico, ao fenômeno estudado, no caso, uma divindade e suas supostas manifestações. A existência de uma divindade não requer necessariamente um venerador seu, nem um estudo a seu respeito. Quem estuda o fenômeno divino pode até ser seu venerador, mas não necessariamente. E, como se prescreve em ciência, um estudo devido de um fenômeno requer o máximo de afastamento subjetivo do objeto estudado.

Como extensão desta abordagem, pode-se dizer ainda que não há teologia que, em sua natureza, não seja puramente antropológica. Dizer “teologia teológica” é o cúmulo do absurdo. Quem faz teologia não é a divindade. Assim como quem faz a botânica não são as plantas. O religioso, via de regra, não questiona os dogmas de sua fé. O teólogo faz isto constantemente. Um problema no qual muitos incorrem é o de não transporem a linha entre religião e teologia. E isto compromete irracionalmente o labor teológico.

Entendendo-se a teologia como ciência, onde estaria o seu “laboratório”? Ora, as ciências fatuais têm os seus laboratórios para praticarem a investigação científica. A investigação teológica tem o seu “laboratório” na bibliografia, nos congressos teológicos e na relação interdisciplinar com outras ciências humanas. Nesta empreitada, o teólogo é tão cientista quanto qualquer outro pesquisador. A elaboração de documento acadêmico é imprescindível. A discussão com objetivo de intercâmbio das idéias deve ter obrigatoriedade. O encontro com o diverso requer-se improrrogável. Nesta atmosfera até que ponto seria viável esperar que o teólogo labore a sua tarefa ao mesmo tempo em que ora (se for religioso)? Não seria o mesmo que exigir que o farmacêutico seja também um toxicômano, embora, em certa dose, o estudo possa admitir certo uso de droga em si mesmo, com consciência dos perigos envolvidos na experiência. A oração é para o momento religioso. Até que ponto o teologar religiosamente não comprometeria as conclusões teológicas? Não seria o mesmo que abraçar o assassino do próprio filho. A teologia, como qualquer ciência, exige o máximo de desprendimento emocional. É evidente que ao homem é impossível o isolar-se cabalmente do objeto estudado. Mas a exigência do distanciamento não deve ser relaxada. Se o teólogo não consegue ser filosófico em relação ao seu objeto de estudo, o comprometimento com a unilateralidade estará patente. Eis um dos problemas de alguns teólogos: religiogizar a teologia. É o caso de Libanio e Murad, quando dizem que “teologia é diálogo entre o homem e Deus na comunidade eclesial” (Libanio & Murad, 1996, pág. 71). O diálogo com a comunidade é imprescindível, mas se não “sair” da comunidade, tenderá a dizer somente o que ela quer ouvir.

Portanto, como ciência, a Teologia é uma disciplina antropológica que estuda a divindade e o sagrado, supostamente revelados, na busca de direções para a existência humana, verificando e reconhecendo suas limitações de raciocínio quanto ao alcance do possível conhecimento exato sobre o sobrenatural ou metafísico.
Willians Moreira
Referência Bibliográfica
CLARK, David S. Compêndio de teologia sistemática. 2ª ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1988.
LIBANIO, J. B. & MURAD, Afonso. Introdução à teologia: perfil, enfoques, tarefas. São Paulo: Edições Loyola, 1996.