tag:blogger.com,1999:blog-75738039869161269132024-03-05T04:42:56.835-03:00TEOLOGIA FILOSOFIA LITERATURAPropostas de reflexão teológica e filosófica, como também apresentação de crônicas, poemas, etc.Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.comBlogger122125tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-78561500466653281502021-01-04T21:19:00.037-03:002022-02-20T14:57:31.586-03:00<p align="center" class="MsoBodyTextIndent3" style="text-align: center; text-indent: 0cm;"><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; text-transform: uppercase;">Teologia como ciência<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoBodyTextIndent3" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> </span></p><p class="MsoBodyTextIndent3" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">De um
ponto de vista prático, até que ponto é possível conceituar a Teologia como uma
ciência?<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Se dependermos de uma verificação
dos postulados teológicos em laboratórios, não é possível (este é o ponto
culminante da ciência conceitualmente padronizada). No entanto, quanto aos
aspectos metodológicos, estatísticos, e de sistematização, a teologia anda em
paridade com a ciência, pois que procede igualmente quanto ao objeto apreendido
em seu estudo. Nestes aspectos também está no mesmo diapasão da filosofia.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Quanto à questão de verificabilidade,
concebe-se que os teólogos procedem a uma verificação dos seus postulados.
Enquadra-se nesse âmbito a verificação de aplicabilidade de suas conclusões à
situação humana à qual o estudo teológico é dirigido. Em teologia, como em
ciência, não se permite radicalização. Se no passado foi assim, hoje não mais se
permite absolutizações de conceitos que são passíveis de reexame.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Dizer que a teologia é um
conhecimento infalível é desviar-se do objetivo buscado pelos próprios
teólogos. Estes entendem que suas proposições podem ser revistas diariamente,
em face de novos raciocínios. Isto evidencia que a ciência teológica, como
qualquer ciência, é passível de erros. É precária a teologia que não aceita um
reexame dos seus postulados. É inadmissível considerar indiscutíveis as supostas
verdades teológicas. O próprio fato de haver várias e diversas teologias (como
há várias e diversas abordagens científicas de um mesmo fenômeno) implica na discutibilidade
da ciência teológica.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Quanto à exatidão, só é possível
ratificar a teologia quanto ao aspecto da razão e/ou da lógica (a
verificabilidade dos postulados teológicos não é possível em termos de ciência
tecnológica). Isto significa que toda e qualquer conclusão teológica dependerá
sempre e puramente dos ditames do raciocínio.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Assim, tanto características
científicas quanto filosóficas são aplicáveis à Teologia; nunca esquecendo que
a teologia possui características que só a ela são peculiares: quanto ao
aspecto valorativo (proposições a respeito do sagrado) e ao aspecto
supostamente inspiracional (lidar com a revelação sobrenatural).<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Como diz David Clark, “Ciência
não é apenas uma coleção de fatos, mas a descoberta e a afirmação das leis que
a regem” (CLARK, 1988, pág. ___)¹. Sendo assim, a Teologia, como ciência, junta
e dispõe os supostos fatos teológicos, indicando a relação que há entre eles.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Por um prisma teológico, a
teologia estuda o que se pode conhecer do ser divino e tudo aquilo que se
relaciona ao mesmo. A teologia está, via de regra, relacionada à religião. No
dizer de Langston, “a teologia esta relacionada com a religião, assim como a
botânica com a vida das plantas” (Langston, 1991)². Assim pensa Langston, pois
crê que a religião é algo natural e instintivo ao homem. Para Langston seria
impossível haver teologia sem religião. Esta asseveração parece um tanto
presunçosa. Isto não seria o mesmo que dizer que a existência das drogas
requer, necessariamente, o viciado ou que o cientista precisa ser
necessariamente um toxicômano? Esta maneira de pensar parece refletir a crença
de que é impossível ser teólogo sem ter fé. O que é completamente questionável.
Que a botânica depende das plantas, não se discute. Um fato é o fenômeno; outro
fato é o estudo do mesmo. Aquele é necessário; este é contingente. A teologia
pode estar relacionada com a religião, mas a sua dependência está em relação
apenas ao metafísico, ao fenômeno estudado, no caso, uma divindade e suas
supostas manifestações. A existência de uma divindade não requer
necessariamente um venerador seu, nem um estudo a seu respeito. Quem estuda o
fenômeno divino pode até ser seu venerador, mas não necessariamente. E, como se
prescreve em ciência, um estudo devido de um fenômeno requer o máximo de
afastamento subjetivo do objeto estudado. Se não se consegue afastamento absoluto,
pelo menos o máximo possível.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoBodyTextIndent" style="text-indent: 0cm;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> </span></p><p class="MsoBodyTextIndent" style="text-indent: 0cm;"><b><i><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Toda teologia é antropológica<o:p></o:p></span></i></b></p><p class="MsoBodyTextIndent" style="text-indent: 0cm;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;">Como extensão desta abordagem, pode-se dizer
ainda que não há teologia que, em sua natureza, não seja puramente
antropológica. Dizer “teologia teológica” é o cúmulo do absurdo. Quem faz
teologia não é a divindade. Assim como quem faz a botânica não são as plantas.
O religioso, via de regra, não questiona os dogmas de sua fé. O teólogo faz
isto constantemente. Um problema no qual muitos incorrem é o de não transporem
a linha entre religião e teologia. E isto compromete irracionalmente o labor
teológico.</span></p><p class="MsoBodyTextIndent" style="text-indent: 0cm;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> </span></p><p class="MsoBodyTextIndent" style="text-indent: 0cm;"><b style="text-indent: 0cm;"><i><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">O Laboratório da teologia</span></i></b><span style="font-size: 12pt;"> </span></p><p class="MsoBodyTextIndent"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Entendendo-se a teologia como ciência, onde
estaria o seu “laboratório”? Ora, as ciências fatuais têm os seus laboratórios
para praticarem a investigação científica. A investigação teológica tem o seu
“laboratório” na bibliografia, nos congressos teológicos e na relação interdisciplinar
com outras ciências humanas. Nesta empreitada, o teólogo é tão cientista quanto
qualquer outro pesquisador. A elaboração de documento acadêmico é
imprescindível. A discussão com objetivo de intercâmbio das idéias deve ter
obrigatoriedade. O encontro com o diverso requer-se improrrogável. Nesta
atmosfera, até que ponto seria viável esperar que o teólogo labore a sua tarefa
ao mesmo tempo em que ora (se for religioso)? Não seria o mesmo que exigir que
o farmacêutico seja também um toxicômano, embora, em certa dose, o estudo possa
admitir certo uso de droga em si mesmo, com consciência dos perigos envolvidos
na experiência. Até que ponto o teologar religiosamente não comprometeria as
conclusões teológicas? Não seria o mesmo que abraçar o assassino do próprio
filho. A teologia, como qualquer ciência, exige o máximo de desprendimento
emocional. É evidente que ao homem é impossível o isolar-se cabalmente do
objeto estudado. Mas a exigência do distanciamento não deve ser relaxada. Se o
teólogo não consegue ser filosófico em relação ao seu objeto de estudo, o
comprometimento com a unilateralidade estará patente. Eis um dos problemas de
alguns teólogos: religiogizar a teologia. É o caso de Libanio e Murad, quando
dizem que “teologia é diálogo entre o homem e Deus na comunidade eclesial” (Libanio
& Murad, 1996, pág. 71)³. O diálogo com a comunidade é imprescindível, mas
se não “sair” da comunidade, tenderá a dizer somente o que ela quer ouvir.</span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Portanto, como ciência, a Teologia é
uma disciplina antropológica que estuda a divindade e o sagrado, supostamente
revelados, na busca de direções para a existência humana, verificando e
reconhecendo suas limitações de raciocínio quanto ao alcance do possível conhecimento
exato sobre o sobrenatural ou metafísico.<o:p></o:p></span></p><p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Willians Moreira<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Referência
Bibliográfica<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">1. CLARK,
David S. <i>Compêndio de teologia
sistemática</i>. 2ª ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1988.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">2. LANGSTON, A. B. Esboço de Teologia Sistemática. 10ª ed., Rio de Janeiro: JUERP, 1991.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">3. LIBANIO,
J. B. & MURAD, Afonso. <i>Introdução à
teologia: perfil, enfoques, tarefas</i>. São Paulo: Edições Loyola, 1996.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> </span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">http://teo-filo-lit-wm.blogspot.com/2009/05/teologia-como-ciencia-de-um-ponto-de.html#links<o:p></o:p></span></p><div style="mso-element: footnote-list;"><div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
</div>
</div>Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-56093743413011785832016-01-14T22:35:00.001-03:002016-01-14T22:35:35.491-03:00TEMPO E ETERNIDADE<div dir="ltr"><div class="gmail_default" style="font-family:comic sans ms,sans-serif;font-size:small"> <p><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">Que é o tempo?</font></span></p> <p><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">Como explicar a natureza do tempo?</font></span></p> <p><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">Tempo absoluto e/ou tempo relativo?</font></span></p> <p><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">Quais as implicações do pensamento sobre a natureza do tempo?</font></span></p> <p><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">Como se sabe que o tempo passa?</font></span></p> <p><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">Que é eternidade?</font></span></p> <p><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">Qual a diferença entre tempo e eternidade? Existe uma diferença?</font></span></p> <p><font color="#000000" face="Times New Roman" size="3"> </font></p> <p style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">A noção comum que se tem de tempo, mesmo que seja complicado explicar a sua natureza, parte de como o mesmo é medido ou contado. Para medir o tempo o homem criou o calendário, o relógio, e tantos outros apetrechos que para isso lhe servissem. Estes dispositivos estão vinculados basicamente à mudança dos astros, sol e lua, na sua trajetória pelo firmamento. Os dias passam porque o sol nasce e se põe, num período de 24 horas, de um nascer do sol a outro. A cada 24 horas, portanto, convencionou-se que se passa um dia. A passagem dos dias gera a passagem dos meses e assim sucessivamente. Portanto, é a partir do movimento do sol que se concebe, basicamente, a passagem do tempo. Numa perspectiva popular, isso significa que o tempo está vinculado à percepção do movimento dos astros. É este movimento que imprime nos homens a sensação da passagem do que se chama tempo. Não é à toa que o primeiro livro da Bíblia, o Gênesis, no seu primeiro capítulo, vincula o tempo aos astros celestes. </font><i><font color="#000000" face="Times New Roman">O tempo, portanto, pode ser dito como sendo a presença de movimento de referenciais que aponta para uma transformação na aparência das coisas observáveis.</font></i><font color="#000000" face="Times New Roman"> Coisas observáveis podem ser entendidas como coisas objetivas; objetivas enquanto concretas, como o sol, a lua, um carro, um corpo, uma árvore, etc.</font></span></p> <p style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">Diz-se que o tempo passou quando um homem de 49 anos se vê no espelho e percebe a mudança em sua aparência porque se lembra de quando tinha 14 anos de idade ao ver uma foto daquela época. Em face de uma dieta que mude a aparência do corpo humano, pensa-se no antes, no agora e no depois de tal dieta. Com esta visão diz-se que o tempo passou. Por quê? Porque o "antes" refere-se ao dia no qual foi iniciada tal dieta; o "agora" pode estar duas semanas após o início da dieta e o "depois" está no projeto de como se pretende parecer após o término da dieta.</font></span></p> <p style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">O que é, pois, o tempo?</font></span></p> <p style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">De uma perspectiva subjetivista, </font><i><font color="#000000" face="Times New Roman">O tempo é também o transcurso entre a memória do "antes", a sensação do "agora" e a esperança do "depois".</font></i></span><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman"> Tempo é nada mais, nada menos que </font><i><font color="#000000" face="Times New Roman">a sensação de movimento acontecido no reino do observável.</font></i></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman"> Nesta compreensão de tempo envolve-se a subjetividade quanto à memória do passado e a esperança ou projeto de resultados, como também a sensação do presente que envolve tanto a subjetividade quanto a objetividade de quem observa o movimento dos acontecimentos.</font></span></p> <p style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">Pode-se então conjecturar sobre a eternidade como a ausência de movimento. Assim sendo se a eternidade for entendida como dimensão fora do tempo.</font></span></p> <p style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">Se a eternidade existe, como conceber nela objetos observáveis, referenciais que, a depender do observador, apontariam para o fato do movimento, desde que se pense no movimento como vinculado ao tempo, porque dependente de referenciais?</font></span></p> <p style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">E, como se não bastasse, se existe um ser na eternidade, não estaria sujeito a movimento ou a qualquer sombra de variação. Seria um ser estático, cuja natureza seria inconcebível por seres que estão no reino do movimento.</font></span></p> <p style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">Decorre deste raciocínio a impossibilidade de seres temporais ou do reino do movimento viverem de per si na eternidade, se esta for concebida como realidade à parte do tempo. A menos que estes seres entrem no estado de estaticidade, portanto de nenhum movimento. Assim, se há algum tipo de vida na eternidade, não seria de forma alguma parecida com esta do reino do movimento. A menos que se pense a eternidade como tempo sem fim e não como dimensão paralela ao reino do movimento, o que implicaria num tempo absoluto, sem necessidade de referenciais, contendo o próprio tempo que depende de referenciais percebidos pelos seres humanos.</font></span></p> <p style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">Outra forma de pensar o tempo é entendê-lo como vinculado ao movimento do pensamento, afinal o movimento implica num "antes" pensado e num "agora" também pensado. O que parece ser difícil é pensar situado num "depois", pois que o pensar estar sempre num presente. É possível a memória de se haver pensado ontem. Porém, um pensar amanhã é apenas um projeto não realizado, portanto, não existente como pensamento e sem garantia de que acontecerá. Assim sendo, o tempo, pela perspectiva do movimento do pensamento, só acontece, só é real (se assim pode ser dito) no presente. Dessa forma, duas dimensões, passado e futuro, são eliminadas; na verdade, ambas, de fato, não existem, pois que uma é só memória e a outra é só projeto.</font></span></p> <p style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">Partindo-se do pressuposto de que o tempo está na dimensão do movimento e se eternidade é o seu contrário, ou seja, é realidade estática, ou seja, nela não há movimento, até que ponto é possível conceber um ser eterno, ao mesmo tempo em relação com seres vinculados à dimensão do tempo, entendendo-se que toda relação entre seres interagentes implica movimento? Como entender que um ser alheio ao movimento, à mudança, não limitado por uma percepção vinculada a referenciais, pode, ao mesmo tempo, ser referencial para outros seres? Haveria possibilidade de existir um referencial que não tivesse referenciais? Ser referencial parece implicar em se vincular ao tempo. O que, por sua vez, é estar vinculado ao movimento e, portanto, à perecibilidade. Isto parece não se vincular a um ser eterno, desde que se pense a eternidade como realidade diversa do tempo. E se assim não o for? A menos que eternidade seja apenas um sinônimo de tempo absoluto, o qual conteria o tempo relativo. Neste caso, o que teria dado início a este movimento? Questionando-se desta forma, chega-se à pergunta pela possibilidade de um ser que extrapole o tempo e a eternidade. Assim, em que dimensão se enquadraria esta entidade? Parece que neste ponto a linguagem torna-se precária para apresentar termos que nomeiem tal ser. Admitir por outro lado que a eternidade é a dimensão da entidade criadora do tempo relativo é admitir que há algo não criado paralelo àquela entidade, o que vem a ser a própria eternidade ou tempo absoluto.</font></span></p> <p style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">Se o tempo for pensado pela perspectiva da Teoria da Relatividade de Einstein, parece ratificar-se mais ainda o fato de que o tempo é puro movimento sujeito à relatividade da velocidade de um objeto em movimento. A sua passagem ou o seu movimento não terá a mesma percepção, dependendo do observador e de como se processa a velocidade do movimento. Ora, se quanto mais velocidade houver, mais lentamente o tempo passará, que velocidade poderia haver na eternidade que levaria o tempo a praticamente parar? Mas como pensar num tempo estático, absoluto, se é dependente do movimento? Seria possível pensar em eternidade vinculada à velocidade, se isto vincularia aquela ao movimento? E uma vez havendo movimento na eternidade, existiria nela também perecibilidade necessariamente? A menos que, repita-se, eternidade seja tempo sem fim. E se assim o for, até que ponto o próprio ser eterno não perderia seu caráter de eternidade? O que se torna um paradoxo, para não dizer uma contradição. Parece que a questão mais fundamental passa a ser a natureza do ser vinculado ao tempo absoluto e dos seres vinculados ao tempo relativo e a possibilidade de estes participarem daquele.</font></span></p> <p style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="font-size:13.5pt"><font color="#000000" face="Times New Roman">Questione-se!!!!!</font></span></p> <p align="right" style="text-align:right"><em><font color="#000000" face="Times New Roman" size="3">Willians Moreira Damasceno</font></em></p> <font size="3"></font></div></div> Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-61179959522887138522013-03-17T11:41:00.000-03:002017-04-30T17:30:34.212-03:00HOMOFÓBICO OU MISÓHOMO?<div style="text-align: center;">
HOMOFÓBICO OU <i style="mso-bidi-font-style: normal;">MISÓHOMO</i>?</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Saltou ao meu juízo o questionamento sobre o porquê de se identificar como
homofóbico alguém que tem aversão a homossexual. Fiquei a considerar a etimologia
da palavra. Logo surgiu a pergunta: O que é fobia? Em grego<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[1]</span></span></span></span></span></a>,
o vocábulo é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">phobos</i>. Sua semântica
original aponta para temor, terror ou espanto (susto). Outro vocábulo é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">déos</i>, com o sentido de medo, respeito, reverência,
temor respeitoso. E mais outro, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">deima</i>,
também com o sentido de temor, espanto (susto)<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[2]</span></span></span></span></span></a>.
O sentido que a palavra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fobia</i> adquiriu
na língua portuguesa não tem, necessariamente vínculo semântico com o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">phobos</i> em seu sentido etimológico. Na
verdade, em português, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">phobos</i> adquiriu
um sentido técnico-científico, relacionado à psicologia e à psiquiatria. Nestas
ciências, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">phobos</i> identifica
enfermidade. Se alguém tem fobia precisa de tratamento. Que o digam os profissionais
das áreas referidas.</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O neologismo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">homofobia</i> foi
cunhado pelo psicoterapeuta norte-americano George Weinberg<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[3]</span></span></span></span></span></a>,
desde a década de 60, século XX, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>apresentado
no ano de 1972, com o livro “Society and the Healthy Homosexual”<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[4]</span></span></span></span></span></a>,<span class="MsoFootnoteReference"> <a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[5]</span></span></span></span></a>.</span>
Naquele momento, o senhor Weinberg usou o termo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">homofobia</i> para se referir a um estado irracional de mente,
literalmente: “suffering from a psychological malady”<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[6]</span></span></span></span></span></a>,
que seria manifestado por alguém que tem aversão a homossexual. Há muito tempo,
esse termo assumiu um significado que vai muito além daquele que o
psicoterapeuta norte-americano intencionou. Hoje o termo refere-se a atos de
discriminação contra homossexual. Significa dizer que uma conceituação de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">homofobia</i> ao pé da letra não faz jus ao
seu significado popular. Um conceito ao pé da letra também não faz jus ao
sentido que o psicoterapeuta deu, quando cunhou a palavra. Percebe-se, pois,
que o uso corrente encarregou-se de somar mais e mais sentidos ao termo, como é
comum no fenômeno linguístico.</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O dicionário de psicologia, a partir do Blog PSICOLOGIA ACADÊMICA,
conceitua <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fobia</i> como termo que vem<o:p></o:p></span></div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">(do gr. Fóbos, meter medo, espantar).
Medo irracional e obsessivo de certos objectos, seres vivos ou situações,
segundo a -> psicanálise, é um sintoma de ---> neurose ou de --->
angustia que tem origem num ---> conflito ---@ inconsciente. S. --->
Freud designou-se por histeria da angústia<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[7]</span></span></span></span></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">As palavras <i style="mso-bidi-font-style: normal;">irracional</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">obsessivo</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">neurose</i>
apontam para uma condição de enfermidade.<o:p></o:p></span></div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O glossário de
psiquiatria, contido no blog: <span style="text-transform: uppercase;">Psiquiatria
Geral</span><a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[8]</span></span></span></span></span></a>,
apresenta <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fobia</i> como <o:p></o:p></span></div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 106.35pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Medo
irracional e persistente de um objeto, atividade ou situação específicos (o
estímulo fóbico), ocasionando um intenso desejo de evitá-los. Isto frequentemente
leva o indivíduo a se esquivar do estímulo fóbico ou a enfrentá-lo com temor. A
Fobia é um medo específico intenso o qual, na maioria das vezes, é projetado
para o exterior através de manifestações próprias do organismo. Essas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">manifestações normalmente tocam ao sistema
neurovegetativo</i>, tais como: vertigens, pânico, palpitações, distúrbios
gastrintestinais, sudorese e perda da consciência por lipotimia. As manifestações
autossômicas externadas pela fobia têm lugar sempre que o paciente se depara
com o objeto (ou situação) fóbico.<o:p></o:p></span></div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Portanto, este conceito também aponta para uma situação
enfermiça. Fica mais patente que o indivíduo fóbico precisa de tratamento
especializado.</span><span lang="PT" style="line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Os humanos sofrem
de muitas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fobias</i>. Algumas podem ser
citadas:</span><span lang="PT"> </span>Acrofobia (medo de altura), agorafobia
(medo de multidão), aracnofobia (medo de aranha), hidrofobia (medo de água, e
no caso, águas profundas), hematofobia, claustrofobia, antrofobia, androfobia e
outras tantas.</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Neste passo, merece atenção um texto encontrado no site da ONU:</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Em última
análise, a homofobia e a transfobia não são diferentes do sexismo, da
misoginia, do racismo ou da xenofobia. Mas enquanto essas últimas formas de
preconceito são universalmente condenadas pelos governos, a homofobia e a
transfobia são muitas vezes negligenciadas<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[9]</span></span></span></span></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Nesta citação, a palavra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fobia</i>
está associada a outros termos para nivelá-los no sentido de serem reações
problemáticas que precisam de reação dos governos. O meu questionamento é: Como
os governos tratarão os fóbicos, citados no texto da ONU? Ou seja, desde que
fobia é enfermidade, como será tratado o trans<i style="mso-bidi-font-style: normal;">fóbico</i> (<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">discriminação
contra transexuais e transgêneros)</span>, o homo<i style="mso-bidi-font-style: normal;">fóbico</i> e o xenó<i style="mso-bidi-font-style: normal;">fobo</i> (do
grego, medo de estrangeiro, mas o sentido técnico usado é o de aversão a
estrangeiro). Prendê-los-á, como pode ser o caso de procedimento contra
ativistas racistas, sexista, e outros? Não seria melhor colocá-los num hospital
psiquiátrico? Afinal eles estão enfermos. Eles contraíram uma fobia. Alguém
dirá que o autor deste texto está errado, pois o sentido de fobia quando
aplicado ao sentimento de ódio a homossexual é outro. Como já foi visto, é
verdade. Mas o argumento em princípio é o de que o termo, no varejo, está mal
empregado. Desde que o seu criador era um psicoterapeuta, certamente o sentido
do termo era atinente à saúde mental. Porque se aquele psicoterapeuta houvesse dado
ao termo em questão o sentido que hoje campeia, teria sido muito infeliz na
criação do neologismo. Observem-se as outras palavras identificadoras de problemas
a serem tratados pelos governos: sexismo, misoginia, racismo e xenofobia. Parece
que os termos associados a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fobia</i> foram
“inventados”, a partir do grego, por alguém que não pensou melhor sobre o sentido
dos mesmos; ou não atentou para a existência de termos mais adequados ao que
eles queriam expressar. Ou, quem sabe, o uso social vai modelando os sentidos
destes termos com o passar do tempo, ocasionando um sentido bem diverso do que
idealmente deveria ter ocorrido.</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O que é sexismo, por exemplo? Quando se diz que alguém é sexista,
geralmente quer se dizer que o tal é machista. E, neste caso, até mulher pode
ser sexista. Neste sentido há um sentimento de menosprezo ao sexo feminino. Em sentido
restrito e devido, sexismo implica em procedimentos, concretos e teóricos, que
beneficiam a um determinado gênero ou orientação sexual.</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O que é misoginia? Este termo foi elaborado a partir das palavras
gregas, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mísos</i> (ódio) e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">gynê</i> (mulher), implicando no sentido de ódio,
desprezo à mulher. Um misógino é alguém que não gosta de mulher. E, neste caso,
a misoginia pode ser sentimento tanto de homem, como de mulher. <span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">o <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">sociólogo</span>
Allan G. Johnson disse: "a misoginia é uma atitude cultural de ódio às mulheres
porque elas são femininas"<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn10" name="_ftnref10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[10]</span></span></span></span></span></a>.
</span>Pode acontecer o fato de alguém que é misógino tornar-se sexista, com
possibilidade também do contrário acontecer.</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Agora, o que é racismo? Trata-se de ideologia que preconiza a
existência de raças humanas e da superioridade de uma sobre outra ou outras.
Essa ideologia pode envolver um pensamento mais ou menos elaborado, partindo
preconceituosamente de teorias biológicas. Racismo envolve um sentimento de
aversão a outros povos, etnias, etc. Estas três manifestações humanas são
evidentemente problemáticas e passíveis de reação política governamental.</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Ora, diante destas conceituações, pode-se depreender que os termos não
são escolhidos com o devido esmero linguístico. Escolhe-se tal palavra grega,
sabe-se lá como, e todo mundo passa a utilizá-la sem uma análise crítica da
mesma.</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Qual é o problema a enfrentar? Ora, se alguém padece dos sintomas
seguintes, como transpiração excessiva, taquicardia, náusea, vertigem,
calafrios, dor no peito, sensação de falta de ar e formigamento (sintomas de
fobia) quando se aproxima de uma pessoa homossexual, então é passível de ser
tratado por um profissional da saúde. Mas se o indivíduo apenas não gosta ou
tem aversão a homossexual, então podem entrar em campo os emissários do governo,
como propõe o texto da ONU. Qual é o mal do racista, por exemplo? É ter aversão
a alguém que não tem as suas mesmas características raciais<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn11" name="_ftnref11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[11]</span></span></span></span></span></a>.
Mas se o cidadão não tem aversão nenhuma, nem sofre dos sintomas citados, apenas
não concorda com a prática homossexual, que outro nome pode ser dado ao tal? Da
mesma forma que alguém não concorda com outras práticas consideradas por ele
como imorais e faz resistência às mesmas, pode também considerar a prática homossexual
como imoral e, por conta disso, ser contrário à mesma. Não devendo,
evidentemente, usar de termos agressivos contra os praticantes daquela suposta prática sexual. Assim, já não se trataria de aversão qualquer ou enfermidade, mas de
uma questão de princípios pessoais adotados por tal pessoa. Consequentemente
não cabe à mesma o termo homofóbico.</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Daí então a pergunta: Diante do conceito técnico-científico dado à
fobia, qual seria o melhor termo grego para expressar a aversão que alguém
sente pela homossexualidade, chegando mesmo a usar de agressividade?<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn12" name="_ftnref12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[12]</span></span></span></span></span></a>
Existe termo grego adequado ao caso. É o que se verá a seguir.</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Siga-se o raciocínio seguinte: A palavra homossexual foi forjada a
partir do grego, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">homós</i> <a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn13" name="_ftnref13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[13]</span></span></span></span></span></a>
(igual) e do latim, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sexus</i> (sexo).
Resultado: homossexual. Ou Seja, sexo igual, mais propriamente a ideia é: ter
atração sexual por alguém do mesmo sexo. Para se identificar a reação contrária
a este interesse sexual, pensou-se na palavra grega <i style="mso-bidi-font-style: normal;">phobia</i>, unindo-a a palavra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">homós</i>,
surgindo assim, homofobia. Por que o criador de tal proeza linguística não
atentou bem para o sentido de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">phobos</i>,
pelo fato de que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">seu </i>significado é
apenas medo? Será que o seu criador queria mesmo dizer que se alguém é
homofóbico está mesmo enfermo? Ou será que ele não gostou da palavra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mísos</i>?</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Como foi visto, do grego, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mísos</i>
(ódio, aversão) e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">gynê</i> (mulher). Partindo-se
do pressuposto de como a palavra homofobia foi forjada, pode-se fazer uma
mudança, colocando-se a palavra “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">mísos</i>”
no lugar de fobia. A palavra proposta apareceria assim: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">homómiso</i> ou “misóhomo”; literalmente: Ódio ao igual, aversão ao
semelhante, ou, como aconteceu com homofóbico, aversão a quem gosta de sexo com pessoa do mesmo sexo. Acredito que, desta forma, melhor estaria identificado o indivíduo
que tem aversão ao homossexual. Esse sim, estaria no mesmo pé de igualdade com o
racista, com o misógino, com o misantropo, com o xenófobo (e por que não misóxeno?). E assim os
governos poderiam agir devidamente em suas políticas antiperversidade.</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Agora não sendo mudada a palavra que identifica os que têm aversão ao
homossexual, há de se enfrentar a consideração de enfermidade atribuída aos
chamados homofóbicos por conta do peso técnico-científico de quem é
identificado como fóbico. É aí que mora outra problemática: os identificados
como homofóbicos pelos homossexuais poderão recorrer também à justiça para denunciar
o fato de que estão sendo discriminados como enfermos, quando, na realidade, não
o são. E se o são, por que não são tratados como tais? Poderiam requerer laudo médico diante do juiz, por parte de quem os
discrimina. Resolva-se o caso! Ora! O problema se agrava, de vez que os homossexuais
estão a rejeitar o termo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">homossexualismo</i>
como referência à pratica homossexual, alegando que o tal termo refere-se a
enfermidade, como é o caso de botulismo, raquitismo, etc. E homossexual não se
considera enfermo. Por que o indivíduo que tem aversão a homossexual aceitaria
ser colocado entre os fóbicos? Pior ainda, os cidadãos que não tem aversão a
homossexual, mais apenas rejeitam a prática como obscena, poderiam também
recorrer aos tribunais, pois que também não estão enfermos.</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">En passant</i>, alerto aos amigos
homossexuais, que precisam entender que a sociedade sempre faz resistência ao
que é “novo” para ela. Uma resistência semelhante aconteceu em relação a outras
aproximações de mudanças. O desquite e o divórcio receberam resistências
semelhantes. É sabido como os divorciados são vistos ainda em alguns setores da
sociedade; a segregação que sofrem e os vitupérios que são forçados a ouvir,
por conta de serem considerados adúlteros se contraem novas núpcias, por exemplo, por muitos religiosos.
Portanto, caros amigos homossexuais, tenham paciência. Paulatinamente, a sua
hora chegará. Lutem, mas não agridam! Se assim o fazem, igualam-se aos seus aversivos.
E se não seriam considerados fóbicos, sê-lo-iam, no mínimo, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mísos</i>, pois estariam também expressando
uma aversão aos seus contrários.</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Vale aqui o estribilho da Canção dos Tamoios, de Gonçalves Dias:</div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A vida é combate,</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Que os fracos abate,</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Que os fortes, os bravos</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Só pode exaltar.<o:p></o:p></span></div>
<br>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Willians Moreira Damasceno</span><o:p></o:p></i></div>
<hr align="left" size="1" width="33%">
<br>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt 7.1pt; text-indent: -7.1pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[1]</span></span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> Por conta de muitos
internautas não possuírem a fonte de letra grega que poderia ser usada pelo
autor, as palavras gregas serão transliteradas.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[2]</span></span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> A língua
grega ainda possui outras palavras que são associadas ao medo, como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">panikós</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tromára</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">phríkê</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">phikaleótêta</i>.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[3]</span></span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> Se interessar a leitura de
uma entrevista com o psicoterapeuta: http://www.pflagdetroit.org/george_weinberg.htm<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[4]</span></span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">
<a href="http://en.wikipedia.org/wiki/George_Weinberg_(psychologist)"><span style="color: blue;">http://en.wikipedia.org/wiki/George_Weinberg_(psychologist)</span></a>
– site visitado em 17 de março, às 05:40 h.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 7.1pt; text-indent: -7.1pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[5]</span></span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> <span lang="EN-US">“</span></span><span lang="EN-US" style="font-size: 8pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Comments on the psychological factors underlying hostile public
attitudes toward homosexuals and offers counseling to help individuals accept
their homosexuality”. <a href="http://us.macmillan.com/societyandthehealthyhomosexual/GeorgeWeinberg"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="color: blue;">http://us.macmillan.com/societyandthehealthyhomosexual/GeorgeWeinberg</span></span></a></span><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[6]</span></span></span></span></span></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> Idem</span></i><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">
– em 1</span><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">7 de
março, às 05:40 h.</span></div>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[7]</span></span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> </span><a href="http://psicologiacademica.blogspot.com/2010/05/dicionario-de-psicologiaf.html"><span lang="PT" style="font-size: 8pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><span style="color: blue;">http://psicologiacademica.blogspot.com/2010/05/dicionario-de-psicologiaf.html</span></span></a><span lang="PT" style="font-size: 8pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> - consultado em 14/03/2013, às </span><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">09:21 h.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[8]</span></span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> </span><a href="http://www.psiquiatriageral.com.br/glossario/f.htm"><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: blue;">http://www.psiquiatriageral.com.br/glossario/f.htm</span></span></a><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">. C</span><span lang="PT" style="font-size: 8pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">onsultado em 14/03/2013, às </span><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">09:21 h. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[9]</span></span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> </span><a href="http://www.onu.org.br/no-brasil-250-pessoas-foram-assassinadas-em-ataques-homofobicos-ou-transfobicos-em-2010-alerta-alta-comissaria-de-direitos-humanos-da-onu/"><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: blue;">http://www.onu.org.br/no-brasil-250-pessoas-foram-assassinadas-em-ataques-homofobicos-ou-transfobicos-em-2010-alerta-alta-comissaria-de-direitos-humanos-da-onu/</span></span></a><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">. Site visitado em 14 de
março de 2013, às 08:29 h).<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt 7.1pt; text-indent: -7.1pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[10]</span></span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> <a href="http://psicologiajuridicaecriminal.blogspot.com.br/2012/10/sindrome-misoginia-odio-ou-desprezo.html#!/2012/10/sindrome-misoginia-odio-ou-desprezo.html"><span style="color: blue;">http://psicologiajuridicaecriminal.blogspot.com.br/2012/10/sindrome-misoginia-odio-ou-desprezo.html#!/2012/10/sindrome-misoginia-odio-ou-desprezo.html</span></a>.
Consultado em 17/03/2013, às 09:53 h.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt 7.1pt; text-indent: -7.1pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[11]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size: x-small;">
</span><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">O conceito de raça perdura
apenas no âmbito social e político, embora cientificamente não seja mais adequado
esse conceito.</span></div>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt 7.1pt; text-align: justify; text-indent: -7.1pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[12]</span></span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt;"> O questionamento é pertinente, pois que os
homossexuais, já instruídos, preferem a palavra homossexualidade à palavra homossexualismo,
pois que ismo, neste caso, refere-se a doença. E homossexual não se como alguém
portador de enfermidade por conta de sua sexualidade.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt 7.1pt; text-align: justify; text-indent: -7.1pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="color: blue;">[13]</span></span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt;"> Esta palavra grega possui um sinal sobre a sua
primeira letra (omicrón), chamado aspiração áspera (um apóstrofo ao contrário –
‘ ) que tem o som do hagá inglês (house). A nossa palavra<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> hora</i> também vem do grego e tem o mesmo sinalzinho. Por isso que se
coloca um hagá antes de hora, homossexual, hospital, e outras palavras. Mas a
nossa palavra “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">rodo</i>via”, que vem
também do grego, hodós (pronúncia: rodós - caminho, estrada), é pronunciada
levando-se em consideração o som do hagá inglês, que resultou em som de erre.
De sorte que, em grego, a pronúncia de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hora</i>
é rôra; a de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">homós</i>, é romós.</span></div>
</div>
</div>
Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-79259537458040752222013-02-12T15:58:00.000-03:002013-03-09T08:02:16.970-03:00O PERFIL PSICOLÓGICO DO PROFETA JEREMIAS<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A PARTIR DE SUAS CONFISSÕES</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<strong>1ª CONFISSÃO</strong></div>
<div align="center" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; text-transform: uppercase;"><strong>Jeremias e seu desejo de
vingança</strong></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; text-transform: uppercase;"></span> </div>
<div style="text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">As confissões do profeta Jeremias
são encontradas nos capítulos 11: 18-23; 12: 1-6; 15: 10-21; 17: 12-18; 18: 18-23;
e 20: 7-18. Nestes textos há expressão considerável da subjetividade de Jeremias,
transmissora de um perfil psicológico capaz de desmontar um esteriótipo do
profeta, articulado por conta de uma tradição doutrinária, caracterizadamente
emocional e destituída de certo senso crítico. O esteriótipo aqui referido
reporta-se à imagem de um profeta modelo a ser seguido por qualquer um que
queira ser servo de Deus. No entanto, os textos bíblicos enfocados neste artigo
são atestados de uma imagem de Jeremias em muito destituída de atributos
recomendáveis a quem deseja uma existência psicologicamente equilibrada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Por outro prisma, as confissões de
Jeremias apresentam um conteúdo teológico, ou seja, uma palavra que se pode
interpretar como divina. E neste ponto a tese é a de que Deus, independentemente
das mazelas existenciais do ser humano, pode usar a quem lhe interessar, para a
missão que bem lhe aprouver. Assim aconteceu a Jeremias, a despeito de sua
subjetividade marcada por muitas amarguras.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A atuação do Profeta Jeremias deu-se
por um período de 50 anos (627 a. C. a, provavelmente, 580 a. C). Este período
abrangeu os governos de Josias (629 – 609 a. C), Joaquim (609 – 598 a. C),
Sedecias (597 – 586 a. C.) e Godolias / ida de uma parte do povo para o exílio
(586 – 580 a . C). Portanto, quatro períodos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Neste texto, estará em foco a existencialidade
do profeta. A revelação mediada pelo texto pode até ser comentada, mas será
enfocada prioritariamente a situação da subjetividade de Jeremias.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O objetivo
é mostrar que homens, mesmo aqueles considerados como de Deus, às vezes, enfrentam
desequilíbrio psicológico e, por conta disso, quedam-se a precisar de ajuda de
um profissional da saúde mental. Não se nega que muitos resistem à busca dessa
ajuda, mas esta necessidade, vez ou outra, bate-lhes à porta. Vale lembrar aqui
um pároco que, depois de passar por experiências que lhe revelaram suas marcas
emocionais a si mesmo desfavoráveis, disse: “Parece que eu tenho o dedo podre”.
Referia-se ao fato de que seus relacionamentos, se o entendi bem, sempre
entravam em colapso. O cúmulo da situação, após vários episódios de desenlaces
de relacionamentos, inclusive de entrave com a própria liderança de sua denominação,
foi querer abandonar a batina, com certa expressão de revolta. Como, pois,
negar que as relações sociais interferem nas relações profissionais e no
cumprimento da suposta missão dada por Deus? Esta é tese caduca, mas parece que
poucos estão atentos para isto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Como aquele que intentou desertar de
sua missão, o profeta Jeremias expressou o mesmo desejo de desertar do seu
compromisso com Iavéh, mas não conseguiu realizar tal feito. O registro desse
momento está em seu livro no capítulo 20: 9, nas palavras: “Então, disse eu:
Não me lembrarei dele (Iavéh) e não falarei mais no seu nome; mais isso foi no
meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; e estou fatigado de
sofrer e não posso”.<span class="MsoFootnoteReference"> <a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></span></span></a></span>
Percebe-se aqui a incapacidade de Jeremias de se afastar de sua missão.<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span></span></span></span></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Acrescente-se
ainda que a análise de cada confissão usará estratégia simples: Depois de breve
verificação dos aspectos culturais, Abordar-se-á o ponto principal aqui
proposto: a subjetividade de Jeremias. E ao final de cada análise, apresentar-se-á
a mensagem teológica veiculada pelo texto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O
pressuposto de que </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">todo
texto está circunstanciado por uma cultura é substrato na análise </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">do texto;</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> circunstanciado
em termos linguístico-gramaticais, em termos sociais, em termos históricos, e em
tantos outros aspectos mais que apresentem imagem cultural no texto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>De início,
será abordada a primeira confissão, encontrada no capítulo 11: 18-23. Uma
divisão deste texto é possível: a) Versos 18 – 19: Jeremias jurado de morte; b)
20 – 21: Desespero e desejo de vingança; e, c) 22 – 23: Iavéh anuncia desastre
sobre os anatotitas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Qualquer análise
superficial desta primeira confissão percebe a imagem de um tribunal, no qual
há juiz, réu e promotores. Num tribunal apresentam-se esses constituintes, sem
olvidar um júri e advogados. Neste texto, no entanto, não há alguém que se
identifique com advogado, nem há um júri. Neste texto há juiz, promotores e
réu. O réu tenta ser seu próprio advogado. Jeremias diz: “A ti expus a minha
causa”. O texto hebraico traz:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 72pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">“</span><span style="color: darkblue; font-family: Bwhebb; font-size: medium; mso-bidi-font-family: Bwhebb;">וַיהוָה צְבָאוֹת שֹׁפֵט צֶדֶק
בֹּחֵן כְּלָיוֹת וָלֵב אֶרְאֶה נִקְמָתְךָ מֵהֶם כִּי אֵלֶיךָ גִּלִּיתִי
אֶת-רִיבִי: ס</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">” (Jer. 11: 20).<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;">[3]</span></span></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A
palavra hebraica aponta para o sentido de uma apresentação de requerimento (</span><span style="font-family: Bwhebb; font-size: 15pt; mso-bidi-font-family: Bwhebb;">ybi(yrI</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">),
ou um recurso apresentado na corte, face a acusação contra o réu, Jeremias. Os
promotores não estão presentes. Mas são lembradas as suas palavras e ações.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O texto
hebraico da primeira confissão inicia (Jer. 11: 18), dizendo:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 72pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">“</span><span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: 18pt; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="color: darkblue; font-size: large;">וַיהוָה הוֹדִיעַנִי וָאֵדָעָה
אָז הִרְאִיתַנִי מַעַלְלֵיה</span></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Para a tradução, considere-se: 1) o verbo </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;"><em>Yada’</em>, conhecer, saber, no <span style="text-transform: uppercase;">hiphil</span> perfeito, 3ª pessoa do singular, com sufixo da 1ª
pessoa comum singular (</span><span style="color: darkblue; font-family: Bwhebb; font-size: large; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">הוֹדִיעַנִי</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;">
– hôdi‘ani). Gramaticamente, entende-se que o <span style="text-transform: uppercase;">hiphil</span>
tem o sentido de voz ativa causativa. Ou seja, o sujeito causa algo. No caso do
verso 18 do cap. 11, a ação de conhecer ou saber é causada. Tendo-se aqui o
sufixo pronominal da 1ª pessoa, singular, referindo-se a Jeremias, Iavéh fez
Jeremias tomar conhecimento de algo. Em seguida, tem-se </span><span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: 18pt; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="color: darkblue; font-size: large;">וָאֵדָעָה</span>)</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;">
(Va’êda‘ah): Tem-se a conjunção (</span><span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: 18pt; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">w</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;">) “vav”<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 8.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;">[5]</span></span></span></span></a> mais o
verbo </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;">no QAL
imperfeito, 1ª pessoa comum, singular, e no final tem-se um (</span><span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: 18pt; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">h</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;">)
Hê coortativo<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 8.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;">[6]</span></span></span></span></a>.
Neste caso, Jeremias não meramente soube, mas quis mesmo saber o que Iavéh lhe
deu a conhecer. Portanto, nesta primeira instância, pode-se traduzir: “E Iavéh
me fez saber, e eu o quis saber...” (11: 18). O verso completo: “E Iavéh me fez
saber, e eu o quis saber. Então tu me fizeste perceber as suas ações”.
Parafraseando: “Iavéh me fez tomar conhecimento das ações dos meus parentes
contra mim, e eu quis mesmo ficar a par de tudo”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Um primeiro ponto a enfocar
questiona sobre o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">como </i>do conhecimento
das ações<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>dos seus parentes chegarem
ao profeta. Essa questão instaura curiosidade: Jeremias ouviu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">uma voz externa</i> (supostamente de Iavéh) que
lhe revelou o que ele soube ou ele ouviu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">uma
“voz” interna?</i> Ou seja, Iavéh o fez saber de forma objetiva ou a
subjetividade do profeta entrou em cena para intuir o tal conhecimento? Pode-se
ainda pensar se a comunicação foi através da consciência do profeta. No caso de
uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“voz interna”</i> pode ser pensada <i style="mso-bidi-font-style: normal;">uma intuição</i>. Quem sabe um processo
psicológico em que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">um “insight”</i>
aflora do subconsciente para o consciente. Ou quem sabe um processo de
raciocínio mesmo, pelo qual seria também natural chegar ao conhecimento que
chegou. Há de se levar em consideração que os processos mentais pelos quais
percebemos uma suposta realidade não são nem de longe devidamente conhecidos
pelos humanos. Portanto, daqui a garantir qual destas possibilidades ou outra
qualquer foi a acontecida, leva-se tempo incomensurável; o que impossibilita o
alcance desta informação de forma absoluta. Em outras palavras, qualquer
apologia não passa de mera especulação. Pode-se pensar, por outro lado, que
Deus deu conhecimento ao profeta através de alguém que o abordou contando-lhe a
trama dos seus inimigos. Isso é comum acontecer com muitos, quando algo de que se
necessita saber; e a surpresa é tão grande quando se toma ciência que se exclama:
“Deus me fez saber”. No entanto, sabe-se que os meios foram naturais: Alguém
nos disse; ou ouvimos por algum meio de comunicação; ou ouvimos uma conversa
que não se dirigia a nós diretamente, ou raciocinamos e concluímos algo, etc.,
e dizemos que o Senhor nos fez saber. O problema de se esperar que a vontade de
Deus (na Bíblia) se manifeste sobrenaturalmente é tão grande que o homem se esquece
de que Deus pode manifestar-se por meios naturais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O fato é
que o profeta teve conhecimento de um complô armado contra ele.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Em face de
não ter tido antes conhecimento do que Iavéh deu-lhe a conhecer, o profeta se
sente como um animal indefeso, sem saber para onde estava sendo conduzido; ou
sem saber que estava a ser dirigido para a morte. A sensação é de que o profeta
pratica autocomiseração: sente-se um coitadinho.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> A figura de um cordeiro, indefeso, vem de</span><span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: 18pt; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><em>kéves</em>, que significa um animalzinho pronto para ser
sacrificado, e não meramente ser morto em um matadouro; um animalzinho que,
junto com outros, será imolado em sacrifício no templo. É curiosa a figura escolhida,
pois que lembra também um animal inocente, tomado para ser morto pelos pecados
de alguém. A figura argumenta a favor de Jeremias, apresentando-o como indefeso
e inocente. O argumento do profeta, diante de Iavéh, é: “eu sou inocente e
indefeso. Meus acusadores são maus”. É uma figura forte e triste usada pelo
profeta para se defender e, ao mesmo tempo, denunciar seus algozes. Ele parece mesmo
apelar para o fator emocional. Na verdade, nada impede de se pensar que ele
estava a querer conscientizar-se do que ele queria que fosse verdade sobre si
próprio. Esse fenômeno é comum entre pessoas que se sentem culpadas e tentam de
todos os modos possíveis desvencilharem-se de suas culpas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Parafraseando a primeira parte do
verso: “Eu me via como um cordeiro, inocente e indefeso, dirigido ao templo
para ser sacrificado”. Esta paráfrase parte do pressuposto de que Jeremias usa
a figura ovina para argumentar a seu favor, diante de Iavéh, ou mesmo para se
eximir de sua consciência de culpa. Mas qual seria a culpa do profeta?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A
continuação do verso 19 diz que Jeremias, antes de Iavéh o avisar, não sabia
que seus inimigos queriam matá-lo. As palavras hebraicas </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><em>hashvu mah<sup>a</sup>shavoth</em> significam
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">intentar, pensar planos</i> contra
Jeremias. A Septuaginta usa palavras sugestivas para expressar a ideia do texto
hebraico: “</span><span style="color: windowtext; font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Bwgrkl; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">enlogisanto logismos</span><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">”. O verbo está no aoristo indicativo médio, 3ª pessoa
plural de </span><span style="color: windowtext; font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Bwgrkl; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><em>logizomai</em></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">, que implica num pensamento, numa atividade de raciocínio.
O termo traz em si a ideia de ação racional. Em outras palavras, Jeremias quis
dizer que seus opositores eram calculistas nos planos para matá-lo. A tradução-paráfrase
continua:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 106.35pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;">Iavéh me fez tomar conhecimento das ações dos meus
parentes contra mim, e eu quis mesmo ficar a par de tudo. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Eu me via como um cordeiro, inocente
e indefeso, levado ao local de seu sacrifício. E eu não sabia que planejavam friamente
contra mim.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Vê-se claramente que o profeta procura reverter o quadro
contra os seus opositores. É como se Jeremias dissesse: “Meus opositores são
frios, calculistas, e se aproveitam de minha condição para me prejudicar diante
de ti, Iavéh”. Em seguida, o profeta coloca palavras nos lábios dos seus
perseguidores. Aquelas palavras podem ter sido proferidas pelos seus
acusadores, mas até que ponto elas não refletem o estado emocional alterado do
profeta?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Segundo Jeremias,
dizem os seus acusadores: “</span><span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: 18pt; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">ht'y“xiv.n:</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">”. Aqui se encontra o v</span><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">erbo </span><span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: 18pt; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">tx;v' </span><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">(shahath =
tornar-se corrupto) no Hiphil Imperfeito, 1ª pessoa comum, plural coortativo.
Como já foi dito, </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;">o Hiphil tem sentido de voz ativa
causativa. Assim, a ação do verbo neste contexto é de causar o tornar-se
corrupto. Como há também o detalhe do coortativo, há a implicação de uma ação
deliberada. Os opositores estão resolutos em querer prejudicar o profeta. “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Querem</i>” mesmo vê-lo prejudicado. A
tradução mais comum para este verbo, nesta passagem, tem sido: “destruamos”.
Pode-se dizer que no verso há a implicação de um processo: Primeiro, corrupção
e depois o corte (</span><span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: 18pt; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">‘WN“t,r>k.nIw></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;">).
Aqui se apresenta o verbo “</span><span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: 18pt; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">tr;k'</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;">” (cortar) no Qal
imperfeito, 1ª pessoa comum plural com sufixo da 3ª pessoa masculino singular,
com “nun” coortativo em sentido, mais uma forma do coortativo. A tradução: “Corrompemos
a árvore... e logo, logo, e o destruiremos”. O verso, pois, pode ser completado
como segue:</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 108pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;">Iavéh me fez tomar conhecimento das ações dos meus
parentes contra mim, e eu quis mesmo ficar a par de tudo.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Eu me vi como um cordeiro, inocente
e indefeso, levado ao local de seu sacrifício. E eu não sabia que planejavam
friamente contra mim. Dizem eles: nós já corrompemos a árvore com o seu fruto.
Logo, logo, nós o cortaremos da terra dos viventes, e não haverá mais memória
do seu nome.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;">Na
última instância do verso, Jeremias apresenta seus algozes com o desejo de
homicídio contra o profeta.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Diante de tal situação, o profeta
encontra-se desequilibrado em suas emoções. E nesta situação o seu temperamento
colérico apresenta-se vingativo. O seu rancor vem juntar-se a traços que pintam
uma personalidade enferma e depressiva, como ficará mais e mais patente à
medida que as confissões forem analisadas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Cá está o texto (Jer. 11: 20):<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 77.85pt 0pt 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="color: darkblue; font-family: Bwhebb; font-size: large; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">וַיהוָה צְבָאוֹת שֹׁפֵט צֶדֶק
בֹּחֵן כְּלָיוֹת וָלֵב אֶרְאֶה נִקְמָתְךָ מֵהֶם כִּי אֵלֶיךָ גִּלִּיתִי
אֶת-רִיבִי: ס</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 77.85pt 0pt 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O ponto culminante para o nosso objetivo neste verso está
nas palavras: “</span><span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: large; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">אֶרְאֶה נִקְמָתְךָ</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">" (’er’eh nikmathka). Primeiro, o verbo </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">ra’ah (ver) no Qal imperfeito, 1ª pessoa comum, singular,
tendo o significado de “vejo” ou “veja eu” (como trazem algumas traduções.
Parece melhor, por conta da presença do “</span><span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: 18pt; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">h</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">”
(He) coortativo, traduzir o verbo por “quero ver”, indicando assim, o desejo
decisivo do profeta de que uma vingança caísse sobre os seus opositores. É aqui
que se instaura uma problemática superlativamente séria. Qual o motivo da vingança
sobre os habitantes de Anatote? O motivo era a satisfação do desejo de Jeremias
ou o motivo era unicamente divino e o profeta apenas manifesta-se satisfeito
por conta de que Iavéh o fará? O texto é de Jeremias. E isto labora contra o próprio
profeta, pois que ele poderia escrever algo como se fosse a divindade a dizer o
que ele diz. Assim, Jeremias, na verdade, é vingativo e faz Iavéh compactuar
com o seu desejo de forma sutil. No texto, o profeta se refere a “</span><span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: large; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">נִקְמָתְךָ</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">" (nikmathka), tua vingança, e aqui, vingança de Iavéh. E o
profeta livra-se da imagem de vingativo. Mas é alguém que quer ver a vingança.
Seja como for, o profeta introduz, neste ponto, uma questão torturante para
muitas mentes: A divindade é vingativa? Qualquer pessoa que conheça a história
de Israel e saiba que houve realmente um massacre em Anatote, concluirá que foi
mesmo uma vingança. Mas a pergunta não cala: Iavéh satisfez o desejo do profeta
ou a vingança era apenas da divindade? Essa imagem de Iavéh era uma imagem
curtida por muitas gerações anteriores a Jeremias e, na verdade, era uma imagem
que os povos antigos atribuíam aos seus deuses. Israel não ficou fora daquela
tradição. Então Iavéh prometeu a vingança ou o profeta colocou palavras nos
lábios da divindade? Eis o problema? Deus se vinga, manda matar homens pela mão
de outros homens? A divindade apresentada por Jesus atenderia a um pedido de
vingança, quando o próprio Jesus disse: “Se te baterem numa face, dá-lhe também
a outra”? Se for dito que o motivo da vingança era apenas divino, então como
explicar o texto como resposta à oração do profeta? Exegeticamente tem-se um
problema: O texto é apenas uma confissão de Jeremias, que coloca palavras na
boca de Iavéh, e isto seria apenas um momento poético-literário, ou o texto é
palavra de Deus? Se Jeremias é, tipologicamente, alguém que aponta para o
Cristo, em que sentido o desejo de vingança seria compatível com o Cristo?<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[8]</span></span></span></span></a> Mas será dito, entretanto,
que a interpretação tipológica não deve ser levada absolutamente às ultimas
consequências. Vê-se nisso tudo que fazer exegese não é uma tarefa simples.
Fazer perguntas ao texto em função daquilo que o mesmo possibilita não é algo
tão fácil de ser enfrentado. O que é dito pelo texto apresenta possibilidade de
reflexão que precisa ser resolvida. Na verdade, aqui se tem um texto no qual
está um homem avariado existencialmente e que, em função disso, toma o seu
desejo e o atribui à sua divindade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O texto em
sua tradução apresenta-se:<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 108pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-size: 8.0pt;">E Iavéh me fez saber, e eu o quis saber. Então tu me
fizeste perceber as suas ações. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Eu me via como um cordeiro, inocente e indefeso, levado ao
local de seu sacrifício. E eu não sabia que planejavam friamente contra mim.
Dizem eles: nós já corrompemos a árvore com o seu fruto. Logo, logo, nós o cortaremos
da terra dos viventes, e não haverá mais memória do seu nome.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 108pt; text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Iavéh dos Exércitos, justo Juiz, que
provas os rins e o coração, veja eu a tua vingança sobre eles; pois a ti
descobri a minha causa.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A Septuaginta, no lugar de “</span><span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: large; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">וַיהוָה צְבָאוֹת</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">” (Iavéh Ts<sup>e</sup>va’oth), “Iavéh dos exércitos”, ou
mesmo “Iavéh da guerra”, ou ainda “Iavéh do poderes”, apresenta apenas “</span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 11.5pt;">ku,rie</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">” (kírie), o vocativo de “</span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 11.5pt;">ku,rioj</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">”
(senhor). Há a omissão da tradução de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ts<sup>e</sup>va’oth</i>.
O que não deixa de ser curioso. O verso seguinte (11: 21) traz:<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 99.1pt 0pt 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: right;">
<span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: 18pt; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="color: darkblue; font-size: large;">לָכֵן כֹּה-אָמַר יְהוָה
עַל-אַנְשֵׁי עֲנָתוֹת הַמְבַקְשִׁים אֶת-נַפְשְׁךָ לֵאמֹר לֹא תִנָּבֵא בְּשֵׁם
יְהוָה וְלֹא תָמוּת בְּיָדֵנוּ: ס </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A
referência aos homens de Anatote (</span><span style="color: darkblue; font-family: Bwhebb; font-size: large; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">אַנְשֵׁי עֲנָתוֹת</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">) é uma referência aos parentes do profeta. É uma referência
aparentemente absoluta. Todos os homens daquela cidade seriam incorridos na punição
de Iavéh, segundo o profeta.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Neste ponto (</span><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Jer. 11: 22)</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">, Iavéh apresenta a sua promessa de punição.<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[9]</span></span></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 42.4pt 0pt 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="color: darkblue; font-family: Bwhebb; font-size: large; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">לָכֵן כֹּה אָמַר יְהוָה
צְבָאוֹת הִנְנִי פֹקֵד עֲלֵיהֶם הַבַּחוּרִים יָמֻתוּ בַחֶרֶב בְּנֵיהֶם
וּבְנוֹתֵיהֶם יָמֻתוּ בָּרָעָב</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A ideia em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">poked</i> (</span><span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: large; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">פֹקֵד</span><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">) é a de visitar a alguém não para,
necessariamente, congratular-se. E neste caso, a ideia de castigo ou vingança
que algumas traduções atribuem a este verbo, neste ponto, deve-se ao restante
do verso que fala da morte dos jovens pela espada e pela fome. A tradução de
uma palavra pode dar-se, assim, pelo seu contexto mais do que pelo seu sentido
lexical.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O
último verso (Jer. 11: 23),<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 21.15pt 0pt 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: 18pt; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="color: darkblue; font-size: large;">וּשְׁאֵרִית לֹא תִהְיֶה לָהֶם
כִּי-אָבִיא רָעָה אֶל-אַנְשֵׁי עֲנָתוֹת שְׁנַת פְּקֻדָּתָם: ס </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 21.15pt 0pt 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 21.15pt 0pt 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">enfatiza mais ainda a punição, o castigo.
Algumas traduções trazem o substantivo visitação e outras trazem punição ou
vingança para traduzir <i style="mso-bidi-font-style: normal;">p<sup>e</sup>kudatham</i>
(</span><span style="color: darkblue; font-family: Bwhebb; font-size: large; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">פְּקֻדָּתָם</span><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">). Substrato
deste substantivo é o verbo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pakad </i></span><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn11" name="_ftnref11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[11]</span></span></span></span></a>,
já referido no verso anterior como Qal particípio masculino singular com o
sentido de visitação. A Septuaginta neste passo traduz <i style="mso-bidi-font-style: normal;">p<sup>e</sup>kudatham</i> (</span><span style="color: darkblue; font-family: Bwhebb; font-size: large; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">פְּקֻדָּתָם</span><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">) por <i style="mso-bidi-font-style: normal;">episképseos</i></span><span style="color: windowtext; font-size: 10pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="font-family: Arial;">,</span></span><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> que se
traduz por visitação. Assim, a tradução desta palavra por punição ou castigo
trata-se de adaptação do sentido do contexto a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">p<sup>e</sup>kudatham</i>. Literalmente a palavra não quer dizer
punição, castigo ou vingança. Pode-se traduzir o verso como segue:<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 108pt; text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">E não haverá deles resto nenhum, porque
farei vir o mal sobre os homens de Anatote, no ano da sua visitação.</span><b><span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Apesar da subjetividade de Jeremias extremamente
estampada no texto, há uma mensagem que se entende teológica. Deus está acima
das condições e limitações humanas a tal ponto de usar um homem como Jeremias,
avariado, com limitações emocionais consideráveis, para atender a seu propósito.
Deus não procura homem perfeito para servi-lo, mas usa mesmo um que tem debilidades,
como Jeremias ou semelhante.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: right;">
<em>Willians Moreira Damasceno</em></div>
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: X-NONE; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: X-NONE;">[1]</span></span></span></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">ALMEIDA, João Ferreira, Bíblia revista e corrigida,
Rio de Janeiro – Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: X-NONE; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: X-NONE;">[2]</span></span></span></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-family: Arial;">
</span></span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Não é bom entrar aqui no mérito da questão: Se o ministro
anglicano aqui referido era de fato ou não chamado por Deus. Esta questão é um
tanto melindrosa e não é cabível emitir juízo de valor sobre a mesma no
momento. Mesmo porque é sempre precipitado falar sobre esse assunto</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">,</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">pois</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">um</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">
parecer sobre o mesmo seria resultado de </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">um</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">
conhecimento superlativamente limitado.</span><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: X-NONE; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: X-NONE;">[3]</span></span></span></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%;">
</span><span lang="X-NONE" style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">BHS
[or WTT] - Biblia Hebraica Stuttgartensia (Hebrew Bible, Masoretic Text or
Hebrew Old Testament), edited by K. Elliger and W. Rudolph of the Deutsche
Bibelgesellschaft, Stuttgart, Fourth Corrected Edition</span><span lang="EN-US" style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">. </span><span lang="X-NONE" style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Copyright © 1966, 1977, 1983, 1990 by the Deutsche
Bibelgesellschaft (German Bible Society), Stuttgart. Used by permission</span><span lang="EN-US" style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> (BibleWorks for Windows – Versão 7.0.018x. 14).</span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: X-NONE; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: X-NONE;">[4]</span></span></span></span></span></a><span lang="X-NONE"><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"> </span></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Idem.</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: X-NONE; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: X-NONE;">[5]</span></span></span></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%;">
</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR;">U</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%;">m </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR;">“</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%;">vav</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR;">”</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%;"> consecutivo,</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR;"> usado para expressar o passado narrativo. Neste caso
o “vav” <i style="mso-bidi-font-style: normal;">converte</i> as formas do
imperfeito em formas do perfeito.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: X-NONE; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: X-NONE;">[6]</span></span></span></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%;">
o coortativo é usado para exp</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR;">ressar
desejo, intenção, autoencorajamento ou determinação do sujeito<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de realizar certa ação. Um verbo auxiliar
pode ser usado para esclarecer melhor o sentido do verbo, como, por ex. o verbo
“querer”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 2.85pt; mso-layout-grid-align: none; text-indent: -2.85pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;">[7]</span></span></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; mso-ansi-language: EN-US;"> </span><span lang="EN-US" style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">BHS [or WTT] - Biblia Hebraica Stuttgartensia (Hebrew Bible, Masoretic
Text or Hebrew Old Testament), edited by K. Elliger and W. Rudolph of the
Deutsche Bibelgesellschaft, Stuttgart, Fourth Corrected Edition. Copyright ©
1966, 1977, 1983, 1990 by the Deutsche Bibelgesellschaft (German Bible
Society), Stuttgart. Used by permission.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><o:p> </o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt 7.1pt; text-indent: -7.1pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 6pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 6pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: X-NONE; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: X-NONE;">[8]</span></span></span></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-size: 6pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-family: Arial;">
</span></span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Deve ser lembrado aqui que, quando soldados buscaram prender
Jesus no Getsêmani e Pedro desembainhou um espada, Jesus mandou que a
guardasse.</span></div>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: X-NONE; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: X-NONE;">[9]</span></span></span></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> </span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">ou </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">est</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">a palavra é colocada em sua boca</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT-BR;">[10]</span></span></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Verbo </span><span style="color: windowtext; font-family: Bwhebb; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: Bwhebb; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">dq;P'</span><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 6pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> </span><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">no Qal particípio masculino
singular absoluto. A tradução pode ser: “</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">D</span><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">iz Yavéh dos
Exércitos: Eis que eu os visitarei...”<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt 7.1pt; text-indent: -7.1pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: X-NONE; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: X-NONE;">[11]</span></span></span></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%;">
</span><span lang="X-NONE" style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Comparecer,
convocar, numerar, calcular, visitar, punir, nomear, cuidar de, tomar conta.
DICIONÁRIO BÍBLICO STRONG, Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong,
Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002.</span></div>
</div>
Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-91305062003547750922013-01-01T11:27:00.001-03:002013-01-01T11:34:05.473-03:00PREGADOR E ORADOR<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Via de
regra, aos domingos, ouço uma prédica diferente; outras vezes, praticamente a
mesma por pessoas diferentes. Prédicas iguais no que se trata de ideologia
teológica e homilética. Neste último aspecto, diga-se de passagem, geralmente
as prédicas são exemplos claros de que o usuário do púlpito é mesmo desabilitado
ou inexperiente: Não há mesmo nenhuma perspectiva de que o tal tenha aprendido
a lição mais rudimentar da disciplina da pregação. Isso sem falar sobre o
aspecto da oratória.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Uma vez ou
outra, e isto superlativamente raro, presencio pregador que demonstra certa
absorção de lições fundamentais sobre o uso do púlpito. Ultimamente, compareci
a uma cerimônia, na qual um dos usuários do púlpito atuou relativamente melhor
do que a grande maioria que presencio. O seu conteúdo estava meio denso,
carregado de pesquisas, que, na verdade, serviram mais para preencher o seu tempo
e impressionar ao público; menos para embasar o seu argumento. A plateia (Jo.
7:49) gostou; afinal, a retórica do paroleiro recebeu mais projeção do que o assunto
tratado. Houve mesmo uma tentativa do pregador de se parecer com um grande
orador. Lembrei-me, na ocasião, de Saul e Davi. Embora Davi tenha sido sábio o
bastante para não usar a armadura de Saul, a ele oferecida pelo rei israelita. Final
das contas: pregador ovacionado; e eu estupefato. Face a essas ocorrências, tenho
procurado conscientizar-me de que a multidão, por conta de sua ignorância, contenta-se
mesmo com o mínimo, mesmo que o pregador se apresente com a retórica da “armadura
de Saul”.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Pessoalmente,
faço distinção entre ser pregador e ser orador. Desde que o<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-weight: bold;">ratória</span><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"> é uma arte, penso que a prioridade de quem
vai ao púlpito não é ser artista. Antes o púlpito é lugar de transmissão do
conteúdo interpretado da revelação bíblica; não é lugar para apresentação
artística. Usar o púlpito com este objetivo é desvirtuar a finalidade da
pregação evangélica. Evidente que a oratória envolve mais do que o fator
artístico; ela não apenas promove diversão e satisfação de gosto estético. Sua
jurisdição também abrange o aspecto da intenção de informar e influenciar os
ouvintes. Porém, estes fatores estão subjugados ao fator principal, que é satisfazer
aos expectadores. Como toda arte, a oratória observa regras e técnicas. Na
oratória, a observância destas realidades busca mesmo apurar as qualidades
pessoais do orador, pois que, enquanto artista, busca mesmo a autosatisfação
enquanto se apresenta.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ser pregador é ser transmissor do
conteúdo bíblico. Neste particular, aquele que assim age, não deve priorizar o como
se apresenta. Mas, acima de qualquer consideração, a preocupação do pregador
deve voltar-se para o conteúdo do que transmite. O pregador esquece-se de si. A
prioridade é o conteúdo bíblico. Se a prioridade for burilar a si próprio para se
apresentar ao público passa a ser expressão de desejo de glória. E isto não
cabe ao pregador. O objetivo deste é colocar os holofotes na revelação; não em
si mesmo. Decorre disto que não se preocupa em se apresentar, mas antes em
transmitir o melhor possível a mensagem da revelação. Seu objetivo não é entreter
o ouvinte; antes, e acima de qualquer outro fator, busca levar o homem a se aproximar
mais da divindade. A pregação direciona o homem à fé; a oratória em si direciona
o homem ao próprio orador. A pregação faz brilhar a divindade; a oratória faz
brilhar o orador. Quando vejo um pregador sendo ovacionado, preocupo-me
bastante com o destino da pregação e o destino dos ouvintes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Deve ficar evidente aqui que não sou
contrário à oratória. Sou contrário, sim, à ênfase esmerada que se dá à uma
retórica, em detrimento do objetivo principal da pregação, que é o de levar vidas
à mudança conforme os ditames bíblicos. Quando presencio um pregador, com certa
entonação de voz, com certos movimentos do corpo, das mãos, do quadril, com gesticulação
facial desconforme com o seu natural, buscando com isso causar no público um
efeito a si favorável, percebo nisso o desejo humano de querer para si a
glória. E quando se trata de pregador iniciante ou inexperiente, as extravagâncias
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>retóricas laboram contra ele próprio.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ao pregador permite-se-lhe o uso da
retórica, sem jamais se permirtir ofuscar a sua missão de conduzir o ouvinte ao
conhecimento da divindade. <o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Willians Moreira Damasceno<o:p></o:p></span></i></div>
Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-59145762217869171422012-07-10T14:39:00.001-03:002013-02-12T16:13:03.557-03:00PLATÃO X ARISTÓTELES<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> </span><br />
<div class="MsoTitle" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><strong><span style="font-size: medium;">PLATÃO X ARISTÓTELES</span></strong></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: medium;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O CONHECIMENTO E O PAPEL DA POESIA</span></span></span> </div>
<div>
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> </span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="font-size: small;"> Platão concebia o conhecimento basicamente em duas dimensões: a dimensão do sensível e a dimensão do inteligível. A primeira dimensão refere-se às realidades do mundo captadas pelos nossos sentidos e a segunda refere-se ao mundo das ideias. A relação era existente em virtude de as realidades do mundo sensível serem apenas imagens do mundo das ideias, do mundo inteligível. Estabelecidas estas dimensões, Platão argumentou que a poesia habitava o reino das imagens, mero fruto da imaginação humana. Para Platão, tudo o que se baseava no imaginário degenerava, desvirtuava a realidade do modelo. Por esta perspectiva, o resultado da poesia seria a sua exclusão da cidade ideal.</span></span></div>
<div>
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="font-size: small;"> Em contrapartida, Aristóteles resgatou o mundo sensível. Ele entendeu que o nosso conhecimento só conta com o mundo sensível. A realidade é apenas o mundo sensível. Esta premissa abriu a porta para a aceitação da poética, como realidade que possibilita à natureza alcançar o seu objetivo, a sua finalidade. Na verdade, Aristóteles abriu espaço para que a poesia se tornasse autônoma, possibilitando ao homem uma realização que a natureza, por si, não era capaz de lhe proporcionar.</span></span></div>
<div>
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="font-size: small;"> Diante destas abordagens, são percebidas as diferenças entre os dois pensadores.</span></span></div>
<div>
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="font-size: small;"> Na Poética de Aristóteles são encontradas a Poesia e a Filosofia como disciplinas que tratam do fato universal, enquanto a História trata do fato particular. Detém-se a história no indivíduo, enquanto a Filosofia e a Poesia tratam das realidades que se aplicam a todos os indivíduos. Enquanto a história narra um fato particular, situado no tempo e no espaço, a Poesia procura imitar a realidade de modo a podermos identificar na sua imitação uma referência ao fato universal, do qual o fato narrado pela História é apenas um exemplo. A Filosofia, por sua vez, não narra o fato como também não o imita, antes procura explicá-lo logicamente, de modo que esta explicação sirva para toda e qualquer manisfestação do fato narrado ou imitado.</span></span></div>
<div>
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="font-size: small;"> A expressão de Aristóteles: "A arte imita a natureza" cabe bem para sintetizar a Poética. Partindo desta expressão, com a ideia de mímese em mente, a Poética pode ser conceituada como a arte que, através da imitação criativa, visando a purificação do homem, completa o trabalho da natureza, tornando o homem um ser melhor em face do trabalho inacabado da natureza.</span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: small;"> </span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt;">Willians Moreira Damasceno</span></span> </div>
Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-24497801801829534262012-07-10T14:28:00.001-03:002013-02-12T16:11:46.390-03:00PLATÃO E O PROBLEMA DO CONHECIMENTO<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"> <span style="color: #2a2a2a;">Platão considerou-se habilitado a resolver os problemas filosóficos quando elaborou a teoria das ideias. A intuição fundamental de Platão foi que as imagens existem porque existem as ideias; tudo quanto experimentamos no <span style="font-variant: small-caps;">mundo do sensível</span> é <span style="font-variant: small-caps;">reflexo</span> de uma <span style="font-variant: small-caps;">dimensão superior</span>. Uma coisa é bela porque participa da Beleza; é verdadeira porque participa da Verdade; é boa porque participa da Bondade; é humana porque participa da Humanidade, considerando-se que as realidades do mundo sensível (as imagens) não esgotam a natureza de suas ideias. O <span style="font-variant: small-caps;">mundo sensível </span>é causado por sua participação no <span style="font-variant: small-caps;">mundo intelectual</span>. Existindo o mundo sensível, entende-se que existe, por sua vez, o mundo intelectual.</span></span></span><br />
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; margin: 1em 0px 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="color: #2a2a2a;">Um aspecto do mundo sensível, merecedor de consideração, é a sua relatividade. Os objetos deste mundo chegam ao nosso conhecimento condicionados ao nosso estado de relação com as imagens. A <span style="font-variant: small-caps;">Alegoria da Caverna</span> expressa bem esse ponto. A visão que as pessoas alcançam é relativa ao seu posicionamento em relação à parte da caverna. Em outras palavras, neste mundo os homens em geral são reféns do seu ponto de observação; ou seja, todo olhar sempre acontece a partir de uma posição já estabelecida, um pressuposto.</span></span></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; margin: 1em 0px 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="color: #2a2a2a;">De acordo com a teoria platônica, o conhecimento passa por quatro etapas, níveis ou graus em sua realidade de apreensão por parte do homem.</span></span></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; margin: 1em 0px 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="color: #2a2a2a;">A <u>primeira etapa</u> é chamada de <span style="font-variant: small-caps;">imaginação</span>. O objeto de conhecimento é <span style="font-variant: small-caps;">uma sombra</span>, o reflexo da coisa sensível. Na <u>segunda etapa</u>, o modo de <u>conhecer pela crença</u> busca coisas sensíveis, percebidas, que farão parte das opiniões; na <u>terceira etapa</u> o <u>raciocínio dedutivo</u> tem por objeto a idealidade e carece de representação. No <u>último grau</u> temos a <u>Intuição Intelectual</u>, tendo a <u>ideia pura</u> como objeto.</span></span></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; margin: 1em 0px 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="color: #2a2a2a;">A correspondência elaborada por Platão tanto passa pela relação entre os objetos de conhecimento e os modos de conhecer, como também pela relação correspondente entre os mundos do intelecto e do sensível. A correspondência entre os modos e os objetos do conhecimento dá-nos um direcionamento na reflexão. O questionamento surge no momento em que se configura a absolutização da correspondência. O questionamento se firma em face de se entender que o reino da opinião e da crença ultrapassa os limites do conhecimento sensível ou experimentável, chegando até ao âmbito da intuição, visto que a própria alma é fruto de uma concepção que não faz parte da reflexão de muitos outros filósofos. A questão se estende quando se leva em consideração a própria física quântica que quebra muito do conhecimento dedutivo, abrindo espaço para compreensões que extrapolam os conceitos antes estabelecidos.</span></span></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; margin: 1em 0px 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;">Na verdade, Platão foi sui generis enquanto sintetizador de Parmênides e Heráclito e, talvez, nada mais do que isso.</span></span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times New Roman;"><span style="color: #2a2a2a; font-size: 10pt;"><em>Willians Moreira Damasceno</em></span><span style="color: #2a2a2a;"></span></span></div>
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> </span> Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-49182927969069465762012-06-19T02:23:00.001-03:002012-06-19T02:23:20.540-03:00A NECESSIDADE DE ESTUDAR PORTUGUÊS<font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt" class="MsoTitle"><font size="3" face="Times New Roman"> </font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-indent:35.4pt" class="MsoBodyText"><font size="3"><font face="Times New Roman">O suposto acontecimento da Torre de Babel, relatado no livro bíblico de Gênesis, capítulo 11, segundo o relato bíblico: momento em que o ser humano deixou de falar uma mesma língua, originando-se, naquela instância, uma diversidade linguística que acompanha o homem até hoje, atende, como explicação da origem das línguas, somente ao interesse religioso ortodoxo, que reflete a visão limitada do escritor bíblico, devido ao seu escasso conhecimento do fenômeno linguístico. A confusão babélica dificultou a comunicação entre os homens e, neste sentido, tem fundamento, pois a existência das diversas línguas força o estudo linguístico para que seja possibilitada a compreensão de outras formas de expressão linguística.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify;text-indent:35.4pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">Entre os que falam a mesma língua, e aqui reside o paradoxo, existe, em muitas circunstâncias, confusão, uma verdadeira "babel". Se os falantes de um mesmo idioma não se desentendem no plano formal de sua língua, ou seja, em tese quem fala português no norte do país será entendido também no sul do Brasil, por outro lado, fato é que existem nuances no plano da expressão (seja na fonética, na morfologia, na sintaxe) e no plano do conteúdo que possibilitam os desencontros linguísticos não só entre falantes de uma mesma região, como também de regiões diferentes. É justamente para eliminar os desencontros linguísticos que se faz necessário o estudo não só do idioma materno, como também de outros idiomas, se necessário.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify;text-indent:35.4pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">De início, o estudo da própria língua faz-se necessário para habilitar o falante a uma melhor comunicação oral. Sendo a comunicação o motivo básico da língua, a oralidade vem como prioridade de aprendizagem. Dá-se dessa forma em virtude de que o maior tempo de nossa vida transcorre-se em diálogo com nossos circunstantes. Em casa, na escola, no trabalho, no trânsito, no supermercado, onde quer que seja quase tudo é oralidade. Ora, o estudo da língua habilita o falante a uma melhor convivência, não somente nos aspectos gramaticais, mas também e especialmente quanto aos condicionamentos linguísticos que possibilitam uma melhor argumentação.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify;text-indent:35.4pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">Além deste importantíssimo fator, habilitar a uma melhor oralidade, acrescente-se um fator que é marcante na contemporaneidade. Se no passado a comunicação escrita tinha uma exigência considerável, hoje, muito mais, em virtude do desenvolvimento intelectual da humanidade e da necessidade de domínio de relativa habilitação para o uso de documentos formais. Acrescente-se ainda o fato de que cada vez mais as profissões exigem conhecimento da norma culta para uma melhor comunicação formal.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style> </span>Em última instância, o estudo da própria língua, além de possibilitar ao falante uma melhor compreensão por parte de seus circunstantes, habilita-o a poder entendê-los melhor. É bem verdade que nem todos levam a sério este estudo. Mas é também verdade que o estudo da própria língua, tanto científica como gramaticalmente, condiciona-o a entender os seus interlocutores, quer usem a norma culta, ou façam uso de variantes, muitas vezes exóticas.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify;text-indent:35.4pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">Por que estudar a própria língua? Nada mais, nada menos, porque é com este estudo que a nossa comunicação será bem sucedida e poderemos alcançar nossos objetivos, o que, de outro modo, seria praticamente impossível.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:right" class="MsoNormal" align="right"><font size="3"><font face="Times New Roman">19 de junho de 2012</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:right" class="MsoNormal" align="right"><font size="3"><font face="Times New Roman">Willians Moreira Damasceno</font></font></p> Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-10354476835472174712012-06-11T23:21:00.000-03:002012-06-11T23:22:33.933-03:00A ONISCIÊNCIA DIVINA E O PROBLEMA DO MAL EM LEIBNIZ<span style="font-variant: small-caps;">O
Problema da Onisciência Divina – resposta aos socinianos<o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O
pensamento sociniano sobre a onisciência de Deus <span style="letter-spacing: 1pt;">não pode ser</span> aceito pelo sistema de Leibniz. Como mencionado, tal
pensamento assevera uma limitação em Deus que não pode ser concebível na
teologia tradicional, nem no sistema de Leibniz. Os socinianos ensinaram que
Deus não é onisciente. Assim sendo, que ele não conhece absolutamente o futuro.
Como poderia prever os acontecimentos? Ora, se Deus conheceu o futuro, conheceu
também o mal. Se Deus sabia que o mal existiria em tais e tais circunstâncias,
e uma vez sabendo, permitiu-o, está necessariamente comprometido com o mal.
Este era o pensamento sociniano. Socino não conseguia conceber a ideia de que
Deus determinasse os acontecimentos do mal, visto que, criando Deus o melhor
dos mundos possíveis, e contendo este o mal, estaria Deus <span style="letter-spacing: 1pt;">determinando a</span> existência do próprio mal.
Acrescenta-se ainda que, sendo Deus Santo e Bom não pode ser onisciente, visto
que o mal existe. Este pensamento é um tanto simplório para Leibniz que o
questionará cabalmente.<o:p></o:p></div>
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Na
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Teodicéia</i>, § 364, Leibniz diz:<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 106.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Assim, os socinianos não
podem ser excusados de negar a Deus o conhecimento exato de eventos futuros, e,
sobretudo de decisões futuras de uma criatura livre. Pois mesmo que tenham
suposto que há uma liberdade de indiferença completa, então aquilo que eles
poderiam escolher sem causa, e que isto efetuado não poderia ser visto neles causa
(o que é um absurdo grande), eles devem sempre levar em conta que Deus foi capaz
de prever estes eventos na ideia do mundo possível que ele resolveu criar. Mas
a ideia que eles têm de Deus é indigna do Autor das coisas, e não é
comensurável com a habilidade e inteligência que os escritores deste grupo
frequentemente mostram em certas discussões particulares. O autor de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Reflexões sobre a descrição do socinianismo</i>
não tinha no geral<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>errado em dizer
que o Deus dos socinianos seria ignorante e impotente, como o Deus de Epicuro,
todo dia confundido por eventos e pela vida de um dia para o outro, se ele
somente conhece por conjectura o que a vontade dos homens pode ser.</span><a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-bidi-language: HE;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;">[1]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 10pt; mso-bidi-language: HE;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O deus sociniano é considerado
por Leibniz como “<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE;">ignorant” e “impuissant”. Ora, Leibniz é teologicamente tradicionalista.
Ele não admitiria que o Deus cristão comportasse em si tais limitações. As
mesmas contradiriam parte considerável do teor teológico de muitos concílios
eclesiásticos, como também os ditames da razão leibniziana. Para Leibniz, razão
e fé estão em perfeito acordo e o que têm alcançado não admite o deus
sociniano, “ignorant” e “impuissant” quanto aos atos futuros dos seres humanos.<o:p></o:p></span></div>
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Na
verdade, Leibniz tem uma resposta inteligente para o problema levantado pelos
socinianos. Na Teodicéia, Leibniz diz:<o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 106.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Assim os platônicos, Santo
Agostinho e os escolásticos tiveram razão em dizer que <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Deus é a causa do (elemento) material do mal, que consiste na (parte)
positiva, e não da (parte) formal, que consiste na privação.<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;">[2]</span></b></span></span></span></a></b>
Como se pode dizer que a corrente é a causa do (elemento) material da
diminuição de velocidade, sem ser do (elemento) formal, isto é, ela é a causa
da velocidade do barco sem ser a causa do limite desta velocidade. E Deus não é
mais a causa do pecado do que a corrente do rio é a causa da limitação de
velocidade do barco. A força é assim em relação à matéria como o espírito é em
relação ao corpo; o espírito está pronto, mas o corpo é fraco, e o espírito estimula
ação...<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>_quantum non noxia corpora
tardant.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE;">A sutileza de Leibniz está em repetir que Deus é
causa apenas do “[elemento] material do mal” e não do seu elemento formal. Para
Leibniz, ser causa do elemento material do mal é positivo. Ao homem fica a
criação do elemento formal; o que é negativo. Isso se aplicaria também ao bem?
O elemento formal quanto ao bem seria também negativo? Ora, que “material”, se
o mal está desontologizado, pois que é apenas uma privação do bem? Leibniz
expressa ainda sutileza em seu argumento com a analogia da “corrente” de um
rio. Mas uma vez a retórica leibniziana atua, esquecendo das consequências do
seu argumento do encadeamento dos acontecimentos-causas deste as origens. Onde
está a causa do limite da velocidade do barco? Não estaria no início, quando da
harmonia preestabelecida? E quem a estabeleceu? No ponto nº 07 de seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Discurso de Metafísica</i>, Leibniz admit</span>e
que o mal é fruto da concorrência causada pelas leis naturais que Deus
estabeleceu. Como fica então o seu argumento da “corrente” do rio? <span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE;">Não parece que Leibniz
respondeu satisfatoriamente à questão.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 31.35pt; text-align: justify; text-indent: -31.35pt;">
<span style="font-variant: small-caps; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE;">Distinção entre <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vontade
decretatória</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vontade permissiva</i>
em Deus.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A
onisciência divina está em coerência com uma distinção entre vontade <i style="mso-bidi-font-style: normal;">decretatória</i> e vontade <i style="mso-bidi-font-style: normal;">permissiva</i> feita por Leibniz. </span><span style="letter-spacing: 1pt; mso-bidi-language: HE;">Vontade <i style="mso-bidi-font-style: normal;">decretatória</i></span><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE;"> atém-se ao bem do mundo; vontade <i style="mso-bidi-font-style: normal;">permissiva</i> atém-se ao mal que acontece no mundo. Desde que a
vontade <i style="mso-bidi-font-style: normal;">permissiva</i> segue naturalmente
sua razão, Deus tem lá os seus motivos racionais para permitir que o mal
estivesse no mundo. Deus não foi surpreendido pelo acontecimento do mal, pois
que o mesmo só acontece em virtude do seu decreto. Sua vontade decretatória
agiu dirigida pelo seu entendimento. Permitiu-o antes por saber que o mesmo é
necessário ao melhor de todos os mundos. Afinal, como as criaturas saberiam que
seu Criador é tudo que diz ser, se não experimentassem o seu contrário? Como
uma criatura saberia o que é a bondade, se não conhecesse a maldade? O que
levaria a razão divina a dirigir a sua vontade a decretar o mal metafísico que,
por sua vez, ocasionaria os outros males? Dizer que a vontade decretatória atém-se
ao bem do mundo é dizer que Deus sabe que o melhor dos mundos, para Leibniz,
precisa do mal metafísico. Sua vontade permissiva poderia não abrir espaço para
o mal moral e o mal físico. Mas só o permitiu porque o seu entendimento o
prescreveu. Desse modo, fica complicado isentar Deus da responsabilidade sobre
o mal. A não ser que se raciocine como Leibniz que pensa o mal como uma
aparência, e isso é bem coerente com a tese do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mal-nada</i>. Se o mal está desontologizado, ele não passa de uma
aparência. É o que Leibniz diz na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Monadologia</i>:<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 106.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt;">Assim não há nada inculto, estéril ou morto no
universo; nem há caos, ou confusão, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">senão
em aparência</b>;<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;">[3]</span></span></span></span></a>
seria como num lago onde, à distância, se veria um movimento confuso, um
bulício de peixes do lago, sem que se discernissem os próprios peixes (§ 69).<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;">O que é chamado de mal, na verdade não passa de um fenômeno mal
entendido pelo intelecto humano. Se o intelecto divino entendeu que essa tal
aparência era necessária, é um bem. Como resolver então o problema do mal
moral? Leibniz não quis ir às últimas consequências.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<span style="font-variant: small-caps; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE;">A onisciência de Deus
funda-se em sua onipotência em decretar<o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Leibniz,
em seu </span><i><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">De
Libertate</span></i>, diz:<span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt 106.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Na verdade, não há porção de matéria tão diminuta
que não contenha um tipo de mundo de criaturas, infinitas em número, e não há
substância individual criada tão imperfeita que não atue sobre todas as outras
e que não sofra suas ações, nenhuma substância tão imperfeita que não contenha
o universo inteiro, e o que quer que seja, foi ou será, em sua noção completa
(tal como existe na mente divina), <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">nem
há qualquer verdade de fato ou qualquer verdade relativa às coisas individuais
que não dependa da infinita série de razões;<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;">[4]</span></b></span></span></span></a></b>
o que quer que esteja nessa série pode ser visto apenas por Deus. Essa também é
a razão pela qual apenas Deus conhece as verdades contingentes a priori e vê
sua infalibilidade de outro modo que não através da experiência (Leibniz, 2006.
Pág. 01).<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;">[5]</span></span></span></span></a></span><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O
detalhe está em “</span>nem há qualquer verdade de fato ou qualquer verdade
relativa às coisas individuais que não dependa da infinita série de razões”. O
mal visto em sua individualidade, depende da “infinita série de razões”. Razões
divinas, claro. Portanto, razões que levam ao decreto da vontade permissiva.
Decreto este determinado pelo entendimento divino e, portanto, sujeito à sua
onisciência.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-language: HE;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O argumento leibniziano
(da interligação dos acontecimentos deste o passado remoto ou desde a
antiguidade – <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Monadologia</i>, § 36 e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Teodicéia</i>, parte I, § 9) leva às consequências
de que Deus é onisciente não porque meramente prevê o futuro, mas porque sua
onipotência determinou todo o futuro, desde que escolheu este mundo. Deus
conhece <span style="letter-spacing: 1pt;">o </span>que determinou acontecer,
portanto, ele conhece todas as coisas. Inclusive sabe por que <span style="letter-spacing: 1pt;">e para que</span> existe a imperfeição da
natureza. Neste ponto, pode-se dizer que Leibniz foi genial em sua resposta aos
socinianos quanto à questão da presciência divina, submetendo-a a sua
onipotência: Deus conhece o futuro porque teve (e tem) o poder de decretar tudo
quanto acontece e acontecerá. Assim o fez por saber que era o melhor. Mesmo que
a razão sociniana não alcance tal sabedoria.</span><o:p></o:p></div>
<div style="text-align: right;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Willians Moreira Damasceno<o:p></o:p></i></div>
<br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<br />
<div style="mso-element: footnote-list;">
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="Estilo" style="margin: 0cm 0cm 0pt 5.7pt; text-align: justify; text-indent: -4.55pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;">[1]</span></span></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="font-size: 8pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> Texto original: </span><span lang="EN-US" style="font-size: 8pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE;">Ainsi
les Sociniens ne sauroient être excusables de refuser à Dieu la science
certaine des choses futures, et sur tout des resolutions futures d’une creature
libre. Car quand même ils se seroient imaginés qu’il y a une liberté de pleine
indifference, en sorte que la volonté puisse choisir sans sujet, et qu’ainsi
cet effect ne pourroit point être vu dans sa cause (ce qui est une grande
absurdité), ils devoient tousjours cinsiderer que Dieu<span style="mso-font-width: 122%;"> </span>avoit pu prevoir cet evenement dans l’idée du monde possible
qu’il a resolu de créer. </span><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE;">Mais l’idée qu’ils ont de Dieu, est indigne de
l’auteur des choses, et repond peu à l’habileté et à l’esprit que les Ecrivains
de ce parti font souvent paroitre en quelques discussions particulieres.
L'Auteur du Tableau du Socinianisme n’a pas tout à fait tort de dire que le
Dieu des Sociniens seroit <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ignorant,
impuissant</i>,<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;">[1]</span></span></span></span>
comme le Dieu d’Epicure, demonté chaque jour par les evenemens, vivant au jour
la journée, s’il ne sait que par conjecture ce que les hommes voudront (</span><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">GERHARDT</span><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: HE;">, Vol 7.
Pág. 108 - 109).</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;">[2]</span></span></span></span></a><span style="font-size: x-small;"> </span><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Destaque nosso.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;">[3]</span></span></span></span></a><span style="font-size: x-small;"> </span><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Destaque nosso.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;">[4]</span></span></span></span></a><span style="font-size: x-small;"> </span><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Destaque nosso.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 8.55pt; text-align: justify; text-indent: -8.55pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;">[5]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt;"> LEIBNIZ, G. W. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sobre
a liberdade (De Libertate)</i>. (1689?).
http://www.leibnizbrasil.pro.br/delibertate.htm. Acesso em 08/03/2006.</span></div>
</div>
</div>Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-64440996299875360542012-03-14T09:16:00.001-03:002012-03-25T07:42:39.011-03:00CONCLUSÃO PARCIAL SOBRE O PROBLEMA DO MAL EM LEIBNIZ<p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3" face="Times New Roman"> </font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;TEXT-INDENT:35.4pt;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">Após as abordagens sobre "<i style><a href="http://teo-filo-lit-wm.blogspot.com/2012/03/o-problema-do-mal-em-leibniz.html"><font color="#0000ff">O<span style="FONT-STYLE:normal"> </span>Problema do Mal em Leibniz</font></a>"</i>, chega-se à conclusão de que Leibniz não resolveu o problema do mal, antes, de certa maneira, deixa-o agravado. Leibniz repetiu o que séculos anteriores testemunharam ante a tentativa de responder a questões atinentes ao fenômeno do mal, mas não sem dar sua contribuição criativa em muitas considerações. Embora as contribuições de Leibniz para a solução do problema, via de regra, sejam mais uma tentativa de acomodação ao entendimento da cristandade do que irrefutáveis respostas filosóficas, o filósofo conseguiu atiçar a reflexão, pois suas conclusões são, sem dúvida, muito instigantes. Leibniz sustentou a teologia tradicional com uma filosofia que se ajoelhava ante as opiniões dominantes, respaldadas pelos governantes políticos e religiosos. Assim, o problema do mal quedou, mais uma vez, sem resposta definitiva. O que não é de se estranhar. Em todo o sistema leibniziano, patenteia-se a tentativa de acomodar a sua filosofia à sua teologia. Ou, como era seu desejo, compatibilizar fé e razão. Sua teologia e sua filosofia, fundadas em pressupostos cristãos e em pressupostos filosóficos antigos, não se prestam suficientemente a uma fundamentação filosófica para à questão do mal, pois que se apresentam apenas "recitando" a revelação com um filosofês arremedante de uma teologia tradicional.</font></font></p> <div style="TEXT-ALIGN:right;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><b style><font size="3" face="Times New Roman"></font></b> <em>Willians Moreira Damasceno</em></div> <div style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><b style></b> </div> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><b style>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (</b>A bibliografia aqui apresentadas refere-se a todas as postagens sobre "<i style><a href="http://teo-filo-lit-wm.blogspot.com/2012/03/o-problema-do-mal-em-leibniz.html"><font color="#0000ff">O<span style="FONT-STYLE:normal"> </span>Problema do Mal em Leibniz</font></a>")</i></font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3" face="Times New Roman"> </font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">ABBAGNANO, Nicola. <i style>Dicionário de filosofia.</i> São Paulo: Martins Fontes, 2000.</font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">AGOSTINHO. <i style>O livre-arbítrio</i>. São Paulo: Paulus, 1995.</font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">AQUINO, São Tomás. <i style>Suma teológica</i>. I Tomo. São Paulo: Faculdade de Filosofia "Sedes Sapientiae", 1954.</font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><span style><font size="3"><font face="Times New Roman">CAIRNS, Earle E. <i style>O cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã.</i> 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1995.</font></font></span></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">ESTRADA, Juan Antônio. <i style>A impossível teodicéia: </i>a crise da fé em Deus e o problema do mal. <span style lang="EN-US">São Paulo: Paulinas, 2004.</span></font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><span style lang="EN-US"><font size="3"><font face="Times New Roman">GERHARDT, C.I. (org.) <i>Die Philosophischen Schriften von Leibniz</i>. 7 vols. Hildesheim: Olms. 1996</font></font></span></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style lang="EN-US">JOLLEY, Nicholas. <i style>The Cambridge Companion to Leibniz</i>. New York/USA: Cambrigde University Press,1998.</span><span style lang="EN-US"></span></font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">LAÉRCIO, Diógenes. <i style><span style>Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres</span></i><span style>. 2.ed. - Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1977. 357p.</span></font></font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">LEIBNIZ, Gottfried Wilhelm <i>. Discurso de metafísica</i>. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 127-129; p. 144-146.</font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">LEIBNIZ, Gottfried Wilhelm<i>. Novos ensaios sobre o entendimento humano</i>. São Paulo: Abril Cultural, 1984.</font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">LEIBNIZ, G. W. <i style>Sobre a liberdade (De Libertate)</i>. (1689?). <a href="http://www.leibnizbrasil.pro.br/de_libertate.htm">http://www.leibnizbrasil.pro.br/de_libertate.htm</a>. Acesso em 08/03/2006.</font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style>LEIBNIZ, </span>Gottfried Wilhelm. <i style>Monadologia</i>; <i style>discurso de metafísica e outros textos</i>. 2ª ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983.</font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">LEIBNIZ, Gottfried Wilhelm. <i style>Novos ensaios sobre o entendimento humano</i>. In. OS PENSADORES. São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda, 1996.</font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">LEIBNIZ, G. Wilhelm. <i style><span style lang="EN-US">Theodicy: essays on the goodness of God, the freedom of man, and the origin of evil.</span></i><span style lang="EN-US"> LIBRARY OF CONGRESS CATALOGING-IN-PUBLICATION DATA - PROJECT GUTENBERG. </span></font></font><a href="http://www.gutenberg.net/"><font color="#0000ff" size="3" face="Times New Roman">http://www.gutenberg.net</font></a><font size="3"><font face="Times New Roman"> – acesso em 05 de abril de 2006.</font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">LUCIEN, Jerphagnon. <i style>História das grandes filosofias.</i> São Paulo: Martins Fontes, 1992.</font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style>MARQUES, Edgar. <i style>Necessidade e contingência em Leibniz e Arnauld</i>. </span><i style><span style lang="EN-US">In </span></i><span style lang="EN-US">Kriterior, nº. 98, Jan/98 a Jun/98, p. 212-226. Belo Horizonte, 1998.</span><span style="FONT-SIZE:16pt" lang="EN-US"></span></font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><span style lang="EN-US"><font size="3" face="Times New Roman">MURRAY, Michael. <i style>Leibniz on the problem of evil</i>. In. Stanford Encyclopedia of Philosophy. </font></span><a href="http://www.plato.stanford.edu/entries/leibniz-evil/"><font color="#0000ff" size="3" face="Times New Roman">http://www.plato.stanford.edu/entries/leibniz-evil/</font></a><font size="3"><font face="Times New Roman"> – Copyright © 2005 (cópia da Internet em 10/04/2006).</font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">PLOTINO. <i style>Enneadas</i>. Milano: edizione Bompiani Il Pensiero Occidentale, aprile 2000.</font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">RICOEUR, Paul. <i style>O mal: um desafio à filosofia e à teologia.</i> <span style lang="EN-US">Campinhas, SP: Papirus, 1988. 53 págs.</span></font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style lang="EN-US">RUSSEL, Bertrand Arthur William. </span><i style>A filosofia de Leibniz: uma exposição crítica.</i> <span style lang="EN-US">São Paulo: Editora Nacional, 1968.</span></font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style lang="EN-US">RUTHERFORD, Donald. <i style>Leibniz and the rational order of nature</i>.</span><span style lang="EN-US"> New York/USA: Cambrigde University Press,1998.</span></font></font><span style lang="EN-US"></span></p> Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-10535559922039133712012-03-13T23:34:00.001-03:002012-03-13T23:50:33.425-03:00O MAL AGRAVADO PELO PROBLEMA DO LIVRE ARBÍTRIO<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<div style="text-align: left;">
</div>
<h3 class="post-title entry-title">
<a href="http://teo-filo-lit-wm.blogspot.com/2012/03/continuacao-do-titulo-o-problema-do-mal.html">CONTINUAÇÃO DO TÍTULO " O PROBLEMA DO MAL EM LEIBNIZ"</a></h3>
<br />
<b>O MAL AGRAVADO PELO PROBLEMA DO LIVRE ARBÍTRIO</b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i>Os Princípios da Filosofia ditos a Monadologia</i> estabelecem que as mônadas, mesmo qualitativamente diferentes, estão submetidas a uma hierarquia entre si. As mônadas aperceptivas,<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/PUBLICADO%20NO%20BLOG/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20-%20agravado%20pelo%20problema%20do%20livre%20arbitrio%20-%20Leibniz%20-.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><i><span class="MsoFootnoteReference"><b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">[1]</span></b></span></i></span></a> dotadas de inteligência (almas humanas) (§ 63, 66, 82), estão acima das Mônadas que têm apenas sensibilidade (alma dos animais - § 63, 66) (LEIBNIZ, 1983). Mesmo não havendo contato entre as mônadas (§ 7º da <i>Monadologia</i>), existe entre as mesmas uma <i>harmonia preestabelecida.</i> Esta harmonia é sustentada pelo fato de que Deus regula as mônadas (§ 51) "desde o começo das coisas". No § 22, Leibniz diz que "todo estado presente de uma substância simples é uma continuação natural do seu estado passado, assim também o presente está prenhe do futuro". Este § e os §§ 26, 27, 28, 36 e 37 possibilitam considerações que complicam a compreensão de Leibniz sobre o livre-arbítrio e, consequentemente, a sua explicação para o problema do mal. O § 22 assevera que o futuro já está no presente. Os §§ 26, 27 e 28 trazem a ideia da <i>consecução</i>. Este fenômeno <span style="letter-spacing: 1pt;">ocasiona</span> atos, tantos nos irracionais como nos racionais, que são ditos por Leibniz como atos do "papel de um velho hábito ou o de muitas percepções fracas e repetidas". O que pode ser identificado com o fenômeno do condicionamento. Este fenômeno indica que muitas das ações são puros reflexos do passado. Leibniz diz: "Em três quartas partes das nossas ações somos exclusivamente empíricos". Logo, apenas uma quarta parte de nossas ações ficaria na dependência da razão, segundo Leibniz. Aquelas três quartas partes podem ser enquadradas facilmente no encadeamento que um presente já prenhe de um futuro tem estabelecido. Restaria uma quarta parte de nossas ações para serem explicadas quanto à harmonia preestabelecida. Leibniz no § 28 apresenta o procedimento do astrônomo, que é segundo a razão. O fato estabelecido é que mesmo os procedimentos segundo a razão, pelo conhecimento das verdades necessárias, estão sujeitos ao encadeamento da harmonia preestabelecida. De outra forma, aqueles procedimentos fugiriam ao controle do Ser necessário. Leibniz refere-se a uma causa eficiente do seu ato de escrever (Mon. § 36) que engloba "uma infinidade de figuras e movimentos presentes e passados", como também "uma infinidade de pequenas inclinações e disposições de minha alma presentes e passadas que entram na sua causa final". Assim, o todo dos procedimentos, por consecução ou por razão, está controlado pelo encadeamento estabelecido na harmonia universal. Isto posto, fragiliza-se a compreensão de livre-arbítrio que Leibniz tenta estabelecer, pois que toda ação humana atual encontra-se já gestada no passado recente e/ou remoto, visto ter sua causa eficiente em uma instância <span style="letter-spacing: 1pt;">que não o</span> agente humano que a pratica na atualidade. Mesmo que se diga que há uma participação sua na ação atual, não se anula o problema do livre-arbítrio, pois permanece a determinação inicial do Ser necessário de todo o encadeamento de "figuras", "movimentos", "inclinações" e "disposições" que agiram através dos tempos para se chegar à tal participação atual.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-variant: small-caps;">O livre-arbítrio de Leibniz e o livre-arbítrio Spinozista</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Considerando ainda que o preestabelecido encontra-se em contingência devido às limitações das mônadas, não se faculta a liberdade aos Espíritos como se pretende no sistema leibniziano, segundo o qual serão prestadas contas dos atos da "Cidade de Deus": "Enfim, sob este governo perfeito não haverá boa ação sem recompensa, nem má sem castigo" (§ 90). Ora, se tudo está relacionado e uma ação presente é decorrente de uma sequência de momentos anteriores, <span style="letter-spacing: 1pt;">nada acontecendo </span>sem uma causa, de onde viria uma boa ou má ação, assumida por uma alma humana em determinado instante, desde que se considere uma série de acontecimentos anteriores (ao infinito?) que explicariam a escolha presente? Aqui não acontece meramente o fato de Deus saber que ação será praticada, boa ou má, pela alma humana. Deus só o sabe por que o futuro foi determinado por ele. O fato de a alma humana ignorar o futuro já a exime de responsabilidade de muitas ações más involuntárias, muitas das quais acontecem em funções de suas limitações de conhecimento. Considere-se ainda que a responsabilidade pelo que se pratica está mais em função das relações sociais. Dentro do próprio raciocínio de Leibniz, Deus não seria tão tolo para não levar em consideração que os atos de sua "Cidade" (Mon. § 90) devem-se aos procedimentos por "consecução" ou por "razão", encadeados no processo da "harmonia preestabelecida", decretada por Deus mesmo. Que responsabilidade tem a alma humana diante do Ser necessário, se suas ações estão determinadas por "figuras", "movimentos", "inclinações" e "disposições" que agiram através dos tempos, para operarem ações presentes?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Na sua compreensão de uma harmonia preestabelecida, Leibniz parece, de certo modo, concordar com Spinoza, mesmo que este não fale de tal harmonia. Comparando-se o pensamento de ambos, parece que Leibniz perde força no seu argumento em defesa do livre-arbítrio.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O raciocínio de Spinoza, considerando a "ligação infinita de causas", parece mais coerente quando pensa sobre a questão da liberdade. Para ele, a ação de Deus procede de Deus mesmo de maneira necessária. Só se pode falar de liberdade divina entendendo-se por isso a ausência de toda coação exterior, tudo procedendo da simples "necessidade de sua natureza" (LUCIEM, 1992. Pág. 164). Portanto, falar de liberdade humana é inviável. O homem é uma "coisa natural" que, como todas as coisas, "segue as leis ordinárias da natureza". Dizer-se o homem livre, é ignorar causas que operam a sua vontade. Observe-se que, em Leibniz, o próprio Ser necessário tem sua vontade submetida às leis do seu entendimento. Pode-se entender que Deus é impotente para agir à revelia de seu entendimento. É da natureza do Ser necessário agir como age e não diferente. Portanto, Deus não pode escapar de Deus, assim como a alma humana não pode escapar de si mesma.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Spinoza entende que o homem, alma e corpo, são dois modos finitos em correspondência no seio da totalidade infinita das ideias e dos corpos, dois modos finitos que são determinados a existir e agir pelos outros modos de mesmo atributo no seio da "ligação infinita das causas", tal como o mecanismo, no mundo dos corpos (LUCIEN, 1992. Pág. 165). Observe-se aqui a expressão "ligação infinita das causas". Parece compatível com as palavras de Leibniz na <i>Teodiceia</i>. Como também parece corroborado pelas palavras de <i>De Libertate</i>:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt;">não há substância<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/PUBLICADO%20NO%20BLOG/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20-%20agravado%20pelo%20problema%20do%20livre%20arbitrio%20-%20Leibniz%20-.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;">[2]</span></span></span></a> individual criada tão imperfeita que não atue sobre todas as outras e que não sofra suas ações; [...] nem há qualquer verdade de fato ou qualquer verdade relativa às coisas individuais que não dependa da infinita série de razões (Leibniz, 2006. Pág. 01).<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/PUBLICADO%20NO%20BLOG/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20-%20agravado%20pelo%20problema%20do%20livre%20arbitrio%20-%20Leibniz%20-.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;">[3]</span></span></span></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Portanto, estabelecida esta comparação entre o livre-arbítrio Leibniziano e o livre-arbítrio Spinozista, apresenta-se mais uma incompatibilidade entre o livre arbítrio e a harmonia preestabelecida no sistema de Leibniz.<b></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 28.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-variant: small-caps;">Livre-arbítrio, futuros contingentes e o impedimento divino da prática do mal</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-autospace: none;">
O ponto nº 13 do <i>Discurso de Metafísica</i> diz: "Toda a gente concordará estarem assegurados os futuros contingentes, visto Deus os prever, mas daqui não se segue a sua necessidade". Difícil provar que não. Para Leibniz, <i>Futuros contingentes</i><span style="font-size: 11.5pt;">,</span> como hábitos, disposições e inclinações compreendidos virtualmente na noção individual de cada homem, seriam como,</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="font-size: 10pt;">[...] veios na pedra [de mármore], que assinalassem <i>a priori </i>a figura de Hércules de preferência a outras, esta pedra seria mais determinada, e Hércules estaria como que inato nela de alguma forma, embora não se possa esquecer que se necessitaria de trabalho para descobrir tais veios, para limpá-los, eliminando o que os impede de aparecer. (LEIBNIZ, 1984, p.10).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-autospace: none;">
Tais virtualidades, portanto, inclinam o homem a agir de um modo de preferência a outro. <span style="font-size: 11.5pt;">A respeito da distinção entre o certo e o necessário acerca da realização dos futuros contingentes, Leibniz diz:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="font-size: 10pt;">[...] que é certo, mas não necessário o que sucede em conformidade a estas antecipações, e que se alguém fizesse o contrário não faria coisa em si impossível, embora fosse impossível (<i>ex hypothesi</i>) que tal acontecesse (LEIBNIZ, 1979,p.128).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify; text-autospace: none; text-justify: distribute-all-lines;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ora, a necessidade dos futuros está estabelecida, pois que Deus não meramente os prevê, mas, antes, decreta-os. Por isso são previsíveis e Leibniz mesmo assevera: "embora fosse impossível que tal acontecesse". A possibilidade de acontecer é puramente teórica. Na prática, não há como escapar. <span style="font-size: 11.5pt;">Os futuros contingentes do sujeito "César" não possuem realidade a não ser no entendimento de Deus, mas se realizarão visto Deus os decretar e incutir na natureza de César. "Poderia dizer-se não ser devido a esta noção ou ideia que César praticará tal ação, pois ela só lhe convém porque Deus sabe tudo" (LEIBNIZ, 1979, p.128), mas se da noção de um sujeito é possível extrair tudo o que lhe seja devido, <b>faz-se necessário tornar real o que até então era virtual</b>. Se for previsto por Deus que César se tornará ditador, <b>será inevitável esta ação acontecer</b>; caso contrário, a noção individual mostrar-se-ia falha e imperfeita.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A revelação cristã que tanto Leibniz quis harmonizar <span style="letter-spacing: 1pt;">com a razão,</span> apresenta um Deus que age sempre para sua conveniência. O que não é de se estranhar, pois sua vontade é soberana, embora subjugada à sua razão. Assim, Leibniz esquece que a mesma Bíblia que ele cita em seu apoio quando argumenta sobre as regras de bondade às quais Deus se submete, no ponto nº 02 (<i>Discurso de Metafísica</i>), apresenta um deus que, quando lhe convém, impede indivíduos de pecarem. O testemunho das Sagradas Escrituras, como Leibniz gosta de usar, apresenta os casos de Faraó e Abimeleque que, quando prestes a tomarem a mulher de Abraão, Sara, para os seus leitos, em situações diferentes, Deus se encarregou de impedi-los de cometerem tal erro (Gênesis 12: 14 – 20; 20: 1–17). Decorre disto que, se Deus impede a uns, porque não faz o mesmo com outros? Ora, se o "poder" de agir livremente de alguns é dominado por Deus, por que outros são deixados a agir de forma a "contrariar" o bem? Estes episódios bíblicos podem ser interpretados filosoficamente, de modo a expressarem no tempo o que o Ser necessário decretou em face do seu entendimento a respeito de Faraó e de Abimeleque. O <i>futuro contingente</i>, no "tempo bíblico", foi visto e decretado na mente divina de antemão. Ora, está determinado que a natureza das criaturas não tenha a perfeição do criador. Mas há nelas uma perfeição como criatura, visto o criador não fazer coisa alguma que seja imperfeita (diz Leibniz).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Com respeito ao questionamento de Arnauld sobre o pensamento de Leibniz sobre o livre-arbítrio divino, a análise de Marques é bem sugestiva quando afirma que, segundo Leibniz,</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt;">A liberdade de Deus fica preservada na medida em que cabe a ele estabelecer quais conexões dentre as infinitas possíveis devem se realizar na efetividade. O intelecto divino concebe, assim, as infinitas possibilidades de combinações de eventos, cabendo à vontade divina a escolha dentre as infinitas possibilidades apresentadas (MARQUES, 1998).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Assim, Deus é livre para impedir o que bem determinar e, da mesma forma, deixar acontecer.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Marques conclui, dizendo que "com essa teoria Leibniz aparentemente apresenta uma resposta coerente ao desafio lançado por Arnauld de compatibilização da tese da liberdade divina com a tese de que são intrínsecas as relações entre uma substância individual e as suas determinações" (MARQUES, 1998). No entanto, com essa teoria que possibilita tal liberdade ao Ser necessário, fundamenta-se, sem que Leibniz perceba, o contraditório à sua tese do livre-arbítrio humano. Ou seja, sua fuga do determinismo absoluto quanto à natureza humana torna-se inconsistente pois, como atrás foi dito, Deus interfere quando quer e bem deseja nas decisões humanas, impedindo os homens de praticar o mal, segundo as mesmas fontes que Leibniz chama ao seu favor. Ora, no princípio do <i>Discurso de Metafísica</i>, ponto nº 02, Leibniz chama o testemunho das Escrituras (Gênesis, cap. 01) para respaldá-lo quanto à bondade de Deus. Mas, sabe-se lá porque, <span style="letter-spacing: 1pt;">Leibniz não</span> apresenta o texto do mesmo livro de Gênesis que mostra Deus não deixando Faraó e Abimeleque pecarem contra Abraão. Se filosofando, Leibniz usa a autoridade da Bíblia para se fundamentar, por que não a usa em sua inteireza, quando a mesma o contradiz quanto à ação de Deus, interferindo no suposto livre-arbítrio humano?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-variant: small-caps;">O Livre-arbítrio e a limitação de conhecimento humano</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
De onde viria a limitação de conhecimento ocasionada ao ser humano? Na <i>Monadologia</i>, § 42, Leibniz:</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt;">Segue-se, também, que as criaturas devem suas perfeições à influência divina, e as imperfeições à sua própria natureza, incapaz de ser ilimitada. É por isso que se distinguem de Deus. Essa </span><i><span style="font-size: 10pt;">imperfeição original</span></i><span style="font-size: 10pt;"> das criaturas manifesta-se na </span><i><span style="font-size: 10pt;">inércia natural</span></i><span style="font-size: 10pt;"> dos corpos (LEIBNIZ, 1983).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É o próprio Leibniz quem vai dizer o que é essa "imperfeição original":</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt;">O mal pode ser considerado metafísica, física e moralmente. O mal metafísico consiste numa simples imperfeição, o físico consiste no sofrer, e o moral é o pecado. Embora o mal físico e moral não sejam necessários, é suficiente que, em virtude das verdades eternas, sejam possíveis </span><span style="font-size: 10pt;">(</span><span style="font-size: 10pt;">GERHARDT</span><span style="font-size: 10pt;">, Vol. VI. Pág. 115).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Considere-se que as duas citações acima apontam para o fato que leva a entender o mal metafísico como causador dos outros males. Ora, quem senão o Ser necessário criou o mal metafísico? A tal "inércia natural dos corpos" foi decretada pelo Criador. É esta imperfeição, um mal, que ocasiona as limitações nas mônadas. Estas limitações ocasionam o problema das escolhas erradas. Leibniz ainda diz:</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt;">Os antigos atribuíram a causa do mal à matéria, que acreditavam incriada e independente de Deus, mas nós, que tudo derivamos de Deus, onde encontraremos a fonte do mal? <b>A resposta é que ele deve ser procurado na natureza ideal da criatura, na medida em que sua natureza está contida entre as verdades eternas, que estão no entendimento de Deus independentemente de Sua vontade.</b><a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/PUBLICADO%20NO%20BLOG/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20-%20agravado%20pelo%20problema%20do%20livre%20arbitrio%20-%20Leibniz%20-.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;">[4]</span></span></span></a> Pois temos de considerar que existe uma <i>imperfeição original na criatura</i>, anterior ao pecado, porque a criatura não pode conhecer tudo e pode enganar-se e cometer outras faltas </span><span style="font-size: 10pt;">(</span><span style="font-size: 10pt;">GERHARDT</span><span style="font-size: 10pt;">, Vol. VI. Pág. 114-115).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O mal, <i>a imperfeição original na criatura</i>, aparece aqui como contido "entre as verdades eternas, que estão no entendimento de Deus independentemente de Sua vontade". <span lang="EN-US">David Blumenfeld diz que "issues of good and evil rest on God's intellect rather than his will" (JOLLEY, 1998. </span>Pág. 383). Leibniz consegue libertar o Ser necessário de haver desejado o mal para a sua criação. Mas isso não elimina o problema de Deus ser responsabilizado pelo mal. De uma forma ou de outra, seja da vontade ou do entendimento divino, o mal vem de Deus. Não foi a criatura que o escolheu ou desejou.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Segundo Russell, foi por isso que Leibniz rejeitou "o princípio cartesiano segundo o qual os erros dependem mais da vontade do que do intelecto" (RUSSEL, 1968). A conclusão é que o Ser necessário foi obrigado a seguir o seu entendimento quanto a permitir o fenômeno do mal na sua criação.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Dito isto, a limitação do conhecimento humano não poderá jamais alcançar a perfeição quanto a agir sem praticar o mal. Mesmo que sua vontade queira o melhor, seguindo o seu entendimento, está fadada a errar de vez em quando. A imperfeição da natureza condiciona o livre-arbítrio humano a ser relativo à sua limitação de conhecimento. A imperfeição se apresenta no momento em que se faz necessária a escolha. <span lang="EN-US">Como Leibniz diz: "Every act of will implies some reasons for willing and ... this reason naturally precedes the act of will itself" (JOLLEY,</span><span lang="EN-US">1998. </span>Pág. 383). Ora, a análise de razões para uma determinada escolha é ocasionada segundo o conhecimento que se tem da mesma e do que a envolve, conhecimento este que estabelece os critérios de escolha. Uma vez limitado o conhecimento é passível de erro. Consequentemente a prática do mal em face da limitação de conhecimento não é da responsabilidade do agente. A falha deve ser atribuída ao intelecto e não à vontade, visto que está no homem como no Ser necessário, segue o princípio do melhor segundo o intelecto. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Há um decreto sobre a natureza humana que a torna imperfeita em relação ao Criador. Sendo assim, não poderá agir fora deste decreto. Se o homem age sempre dirigido pelo que entende ser o melhor, nisto imita a Deus. Neste caso, a imperfeição em relação ao Criador impede o homem de sempre fazer o bem. Sua limitação de conhecimento, de entendimento, leva-o ao erro. Mas quem é responsável por sua limitação de origem? Poderia o Criador reclamar de sua criatura? Mas o Criador pode, sim, destruí-la para empreender uma nova criação. Como o deus de Leibniz sempre faz o perfeito, e foi assim que quis o que aí está, não há nada a reparar ou recriar. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div>
<div style="text-align: right;">
Willians Moreira Damasceno</div>
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/PUBLICADO%20NO%20BLOG/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20-%20agravado%20pelo%20problema%20do%20livre%20arbitrio%20-%20Leibniz%20-.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 8pt;">[1]</span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt;"> Ou conscientes.</span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/PUBLICADO%20NO%20BLOG/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20-%20agravado%20pelo%20problema%20do%20livre%20arbitrio%20-%20Leibniz%20-.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;">[2]</span></span></span></a> <span style="font-size: 8pt;">Guarde-se aqui as diferenças entre Leibniz e Spinoza quanto ao conceito de substância.</span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 8.55pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/PUBLICADO%20NO%20BLOG/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20-%20agravado%20pelo%20problema%20do%20livre%20arbitrio%20-%20Leibniz%20-.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 8pt;">[3]</span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt;"> LEIBNIZ, G. W. <i>Sobre a liberdade (De Libertate)</i>. (1689?). <a href="http://www.leibnizbrasil.pro.br/delibertate.htm">http://www.leibnizbrasil.pro.br/delibertate.htm</a>. Acesso em 08/03/2006.</span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/PUBLICADO%20NO%20BLOG/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20-%20agravado%20pelo%20problema%20do%20livre%20arbitrio%20-%20Leibniz%20-.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;">[4]</span></span></span></a> Destaque nosso.</div>
</div>
</div>Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-5006942558131677872012-03-11T22:30:00.001-03:002012-03-13T23:47:08.812-03:00A HARMONIA PREESTABELECIDA<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="text-transform: uppercase;">Continua</span><span style="text-transform: uppercase;">ção</span><span style="text-transform: uppercase;"> da abordagem sobre <a href="http://teo-filo-lit-wm.blogspot.com/2012/03/o-problema-do-mal-em-leibniz.html#links">o problema do mal em leibniz</a></span></div>
<div style="text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<b><span style="text-transform: uppercase;">tentativa de resposta ao
problema do mal</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="text-transform: uppercase;"> </span></b><span style="text-transform: uppercase;">L</span>eibniz parece ter sido um buscador de
harmonia em vários sentidos. Tanto “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os
Princípios da Filosofia ditos a Monadologia</i>” como no “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Discurso de Metafísica”</i> e na “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Teodicéia</i>”,
há uma elaboração teórica voltada para uma harmonização de contrários. Esta
tendência de Leibniz à harmonização estampa-se em sua vida pública, em sua
teologia e em sua filosofia. Leibniz buscava mesmo uma conciliação entre pontos
os mais diversos e muitas vezes irreconciliáveis. Os pressupostos de Leibniz
apontam para uma vida que se define pela pluralidade que busca uma unidade. Na
política, na teologia e na filosofia, Leibniz viveu a construção de uma
harmonia. A harmonia era tão importante para ele que no seu título “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Novos ensaios sobre o Entendimento Humano</i>”
Leibniz apresenta-se como “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Autor do
Sistema da Harmonia Preestabelecida</i>” (LEIBNIZ, 1996). Leibniz queria
harmonia em todos os níveis da existência e procurou explicá-la na filosofia da
Mônadas. Politicamente, procurou harmonizar os povos; como também o
protestantismo com o catolicismo. Tal é a sua luta e sofrimento face às
divergências religiosas. Tratava-se de um reconhecimento da necessidade de
unidade na pluralidade.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sua
doutrina da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">harmonia universal</i> é, sem
dúvida, um marco em todo o seu sistema. É um dos pontos que dá sentido
fundamental para que se entenda o fenômeno do mal.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-variant: small-caps;">O
mal visto da perspectiva do todo adquire outro sentido.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Dizendo
Leibniz que Deus é a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">harmonia máxima
rerum,</i> sem perceber talvez, acaba por implicar que o mal faz parte desta
harmonia. É como falar de notas dissonantes executadas por uma orquestra que só
serão desagradáveis aos ouvidos quando tocadas isoladamente. No conjunto, tudo
são harmonia e beleza. Do ponto de vista de uma bordadeira, o bordado só é
“feio” se percebido pelo lado errado. Só existe um lado pelo qual o bordado tem
o sentido estético devido, o qual a bordadeira quer lhe dar. Sob o prisma
leibniziano, este mundo é o melhor possível e está em harmonia com o plano do
seu criador. Encontrar o mal é olhar o “bordado” pelo lado errado; é escutar as
notas dissonantes isoladamente. E notas isoladas não têm sentido.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A
compreensão do mal estaria para Leibniz situada na questão da percepção humana?
O mal percebido isoladamente estaria fora do contexto maior que lhe dá outro
sentido. Dessa forma, o bem, visto isoladamente, estaria também fora de um
contexto maior e teria um sentido diferente do isolado. A compreensão do mal e
do bem tem dependido de percepções isoladas e, portanto, sem o sentido do todo,
consequentemente sem o sentido que a divindade tem do universo. E isto tem sido
o motivo para equívocos de compreensão do fenômeno do mal. Para Leibniz, o
problema está, na verdade, no homem que não consegue compreender devidamente a
realidade da criação. O § 213 da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Teodicéia</i>
deixa claro que há um erro em se supor que parte do todo, tomada isoladamente,
deve ser tão perfeita quanto o todo em si mesmo (RUTHERFORD, 1998. Pág. 08). A
perfeição está no todo. O homem só vê partes isoladas. Isto leva-nos a uma
visão relativista do mal. Como diz Rutherford, “embora uma circunstância
isolada pareça oferecer <span style="letter-spacing: 1pt;">um contra</span>
exemplo para a perfeição superior do universo, quando retornado a seu contexto
apropriado pode ser vista como a contribuir de uma maneira essencial para essa
perfeição (do todo do universo)” (RUTHERFORD, 1998. Pág. 09). E qual é o
contexto apropriado de uma circunstância? <span style="color: black;">É
justamente aquele em que a variedade dos seres diferentes participam em sua
constituição e no grau de relação ou ordem que os une. Aqui se dá a harmonia;
aqui o todo é absoluto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Teodicéia</i>, primeira parte, § 9º, vem
fundamentar mais ainda esta visão sobre o pensamento de Leibniz:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt;">todas as coisas estão
ligadas em cada um dos mundos </span><span style="font-size: 10pt; letter-spacing: 1pt;">possíveis: o</span><span style="font-size: 10pt;"> universo, qualquer que seja, é todo da mesma espécie, como um oceano:
o menor movimento estende seus efeitos a qualquer distância, muito embora esses
efeitos se tornem menos perceptíveis na proporção da distância. Nisto Deus
ordenou, de uma vez por todas, a totalidade das coisas de antemão, tendo
previsto os rezadores, as boas e as más ações e todo o resto; e cada coisa
enquanto uma ideia contribuiu, antes de sua existência, para a resolução que
foi tomada sobre a existência de todas as coisas; de modo que nada pode ser
alterado no universo (ainda que em número) exceto sua essência ou, se tu
desejares, exceto sua individualidade numérica. Assim, se o menor dos males que
ocorre no mundo não ocorresse, não mais teríamos este mundo; que, nada se
omitindo e tudo se considerando, foi tido o melhor pelo Criador que o escolheu.<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;">[1]</span></span></span></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Aqui há uma ideia do todo com
suas partes interligadas. Uma observação das partes isoladas não permite a
compreensão necessária à visão da perfeição do todo. Por este prisma, as partes
são perfeitas, pois é o todo que tem o significado do ser perfeito. Existe
neste todo a harmonia do melhor de todos os mundos possíveis, fundada na
determinação divina. “Assim, se o menor dos males que ocorre no mundo não
ocorresse, não mais teríamos este mundo; que, nada se omitindo e tudo se
considerando, foi tido o melhor pelo Criador que o escolheu” (GERHARDT, Vol. 7.
Pág. 108). No § 59 da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Monadologia</i>, fala-se de uma “‘harmonia universal’ que faz
toda a substância exprimir exatamente todas as outras devido às relações nela
contidas”. É a relação de interligação harmônica que possibilita a perfeição.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-variant: small-caps;">O mal como resultado do encadeamento de
acontecimentos-causas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Da perspectiva de Leibniz
conclui-se que aquilo que é chamado mal pode ser ocasionado por uma cadeia de
acontecimentos-causas iniciada desde o momento da criação. Leibniz diz na
Monadologia:</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt;">Há uma infinidade de figuras e
movimentos presentes e passados entrando na causa eficiente deste meu ato
presente de escrever, e uma infinidade de pequenas inclinações e disposições da
minha alma presentes e passadas que entram na sua causa final (LEIBNIZ, 1983).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um ato considerado bom ou mau, realizado no presente, tem sua causa eficiente
num conjunto de “figuras e movimentos presentes e passados...”, e que o tal ato
enquadra-se na realidade de que não há verdade de fato ou qualquer
verdade relativa que não dependa da infinita série de razões. Leibniz diz: “Assim, se o menor dos males
que ocorre no mundo não ocorresse, não mais teríamos este mundo; que, nada se
omitindo e tudo se considerando, foi tido o melhor pelo Criador que o escolheu”
(GERHARDT, Vol. 7. Pág. 108). Esta interligação
entre os males que ocorrem no mundo complica
a compreensão do livre-arbítrio que responsabiliza o ser humano por seus atos
morais. Como pode ser responsável a alma humana por algo que extrapola o poder
de controle sobre os seus atos? Afinal, atos presentes estão na sequência entre
atos passados e futuros que acontecerão necessariamente. Sobre isto será dito
mais ao se comentar os “futuros contingentes”.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 28.5pt; text-align: justify; text-indent: -28.5pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-variant: small-caps;">A compreensão do melhor dos mundos possíveis cria uma
desarmonização entre a filosofia e a teologia leibnizianas</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quase
todo o trabalho de Leibniz buscou uma harmonia entre filosofia e teologia. Esta
busca dava-se tanto pelo fato de o filósofo ser cristão, quanto pelo fato de
estar politicamente envolvido com magistrados. Por isto, fé e razão tornaram-se
pontos importantes de consideração na filosofia de Leibniz de modo a merecer
aqui uma análise.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O
pensamento de Leibniz sobre a harmonia preestabelecida no que respeita ao
melhor dos mundos possíveis traz em si um problema que Leibniz, parece, não
pensou que ocasionaria. Ora, Leibniz, em sua <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Teodicéia</i>, tratando sobre a “questão da
conformidade entre fé e razão, e o uso da filosofia na teologia”, diz: “O
objeto da fé é a verdade que Deus tem revelado de maneira extraordinária, e que
a razão é o encadeamento de verdades, porém particularmente (quando é comparada
com a fé) daquelas que o espírito humano não pode alcançar naturalmente, sem o
auxílio das luzes da fé” (LEIBNIZ, 2006. Pág. 73). Vê-se claramente a intenção
de harmonizar a fé com a razão. É nesse afã que Leibniz não atentou para qual
era de fato o melhor de todos os mundos possíveis para Deus. Como cristão
conservador e como quem cita várias vezes a própria Bíblia para se respaldar,
Leibniz esqueceu “da verdade da revelação”, a verdade da fé. Se os dogmas da
revelação estão mesmo em conformidade com a razão, Leibniz deveria admitir que
este não é o melhor mundo possível, senão provisoriamente, pois que a “verdade
revelada” do cristianismo prega um novo céu e uma nova terra, nos quais “não
haverá choro, nem ranger de dentes”; o que, Leibniz há de convir, existe muito
neste mundo. A harmonia universal preestabelecida pode até existir, mas este
mundo, para a teologia tradicional não é o melhor. Este mundo comporta males
que só serão erradicados no próximo mundo que, segundo a “verdade revelada”,
será mesmo o melhor. Como será que Leibniz relacionava o mundo da perspectiva
cristã e o seu mundo que era o melhor dos mundos possíveis? O problema do mal
que Leibniz procurava resolver referia-se ao fenômeno que acontece no mundo
tratado pela perspectiva cristã. Está lá o problema do sofrimento humano e o
problema do livre-arbítrio que são tratados por Leibniz. Em que mundo estes
problemas acontecem? Claro, neste que é melhor de todos os mundos. Mundo aqui é
o todo da natureza. Desde que todos os acontecimentos estão interligados, o
sofrimento humano, de uma forma ou de outra, tem abrangência universal. Não há
aqui que setorizar o mundo, pensando em terra, céu, inferno ou purgatório.
Estas categorias, talvez existentes na mente de Leibniz, por ser cristão, fazem
parte do todo. Portanto, visto haver para a teologia um inevitável futuro mundo
melhor, no qual não haverá o mal, Leibniz falhou em tentar uma conformidade
entre fé e razão. Sua filosofia solapou sua teologia. </div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
Willians Moreira
Damasceno</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Esta abordagem continuará no texto "<b style="text-align: center;"><a href="http://teo-filo-lit-wm.blogspot.com/2012/03/o-problema-do-mal.html#links">O MAL AGRAVADO PELO PROBLEMA DO LIVRE ARBÍTRIO</a>".</b></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-left: 11.4pt; text-align: justify; text-indent: -11.4pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 8pt;">[1]</span></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="font-size: 8pt;"> Texto original: </span><span lang="EN-US" style="font-size: 8pt;">Car il
faut savoir que tout est lié dans chacun dos Mondes possibles: l’univers, quel
qu’il puisse être, est tout d’une pièce, comme un Ocean; le moindre mouvement y
etend son effect à quelque distance que ce soit, quoyque cet effect devienne
moins sensible à proportion de la distance: de sorte que Dieu y a tout reglé
par avance une fois, pour toutes, ayant prevu les prieres, les bonnes et les
mauvaises actions, et tout le reste; et chaque chose a contribué idealement
avant son existence à la resolution qui a été prise sur l’existence de toutes
les choses. De sorte que rien ne peut être changé dans l’univers (non plus que
dans un nombre) sauf son essence, ou si vous voulés, sauf son individualité
numerique. Ainsi, si le moindre mal qui arrive dans le monde y manquoit, ce ne
seroit plus ce monde, qui tout compté, tout rabattu, a été trouvé le meilleur
par le Createur qui l’a choisi (</span><span lang="EN-US" style="font-size: 8pt;">GERHARDT</span><span lang="EN-US" style="font-size: 8pt;">, Vol 7. Págs. 107 e 108).</span><span lang="EN-US"></span></div>
</div>
</div>Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-41859641467843204232012-03-10T22:43:00.001-03:002012-03-11T22:37:07.486-03:00CONTINUAÇÃO DO TÍTULO " O PROBLEMA DO MAL EM LEIBNIZ"<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="text-transform: uppercase;"><span style="font-size: medium;"><a href="http://teo-filo-lit-wm.blogspot.com/2012/03/o-problema-do-mal-em-leibniz.html#links"><b>O problema do mal na época de Leibniz</b></a><a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/EM%20REVIS%C3%83O/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20NA%20%C3%89POCA%20DE%20LEIBNIZ%20-%20CONTINUA%C3%87%C3%83O%20-%20II.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman',serif;">[1]</span></span></span></a></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: medium;">Na modernidade, aparece o problema do mal também contraposto ao problema da onisciência divina. É significativo o pensamento do socinianismo<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/EM%20REVIS%C3%83O/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20NA%20%C3%89POCA%20DE%20LEIBNIZ%20-%20CONTINUA%C3%87%C3%83O%20-%20II.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman',serif;">[2]</span></span></span></a> quanto a este atributo divino em relação ao problema do mal. Para os socinianos, o mal é incompatível apenas com a existência de um Deus onisciente. Referindo-se ao socinianismo, Leibniz diz textualmente: "Assim, os socinianos não podem ser excusados de negar a Deus o conhecimento exato de eventos (escolhas) futuros, e sobre tudo, de decisões futuras de uma criatura livre".<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/EM%20REVIS%C3%83O/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20NA%20%C3%89POCA%20DE%20LEIBNIZ%20-%20CONTINUA%C3%87%C3%83O%20-%20II.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman',serif;">[3]</span></span></span></a> Os socinianos ensinavam ainda que a misericórdia e a justiça em Deus se opõem; a justiça não seria um atributo imanente de Deus; seria apenas um efeito de Sua livre escolha. Essa teologia abre espaço para certa arbitrariedade da parte de Deus quanto a governar a sua criação. Tal pensamento causou impacto no próprio Leibniz, uma vez que uma mente cristã não desfalca a natureza divina do atributo da justiça.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: medium;">Para os modernos, o <i>status quaestionis</i> do problema do mal parece implicar em um problema face à bondade divina, bem como face à onisciência, à vontade e à justiça divinas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: medium;">Rutherford diz que Leibniz, cedo em sua carreira filosófica, chegou a uma resposta à questão de Epicuro sobre o mal.<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/EM%20REVIS%C3%83O/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20NA%20%C3%89POCA%20DE%20LEIBNIZ%20-%20CONTINUA%C3%87%C3%83O%20-%20II.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman',serif;">[4]</span></span></span></a> Mas o problema do mal não o abandona, de sorte que Leibniz reflete sobre o mesmo até os seus últimos dias (RUTHERFORD, 1998. Pág. 07).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: medium;"> Portanto, com estes pressupostos, apontam-se diretrizes para um estudo do que Leibniz escreve sobre Deus e sua natureza; sobre a relação entre a vontade de Deus e sua razão; sobre a harmonia universal preestabelecida e sobre a justiça divina em julgar os espíritos (temas sobre os quais discorre também na <i>Monadologia</i>). A <i>Teodicéia</i> pode ser lida mesmo como uma resposta aos socinianos, que pensavam o inverso de Leibniz. Mas também como uma resposta a Arnauld, seu correspondente. Entende-se sua justificativa da bondade e justiça divinas: é uma tentativa de responder à questão deixada pelos medievais. O sofrimento, aparentemente injusto, recebe um tratamento leibniziano para assim justificar Deus em face dos questionamentos humanos (RUTHERFORD, 1998. Pág. 07).</span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: medium;">Natal/RN, 10 de março de 2012.</span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: medium;">Willians Moreira Damasceno</span></div>
<div>
<br />
Continua em <a href="http://teo-filo-lit-wm.blogspot.com/2012/03/harmonia-preestabelecida.html#links">"A HARMONIA PREESTABELECIDA"</a><br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/EM%20REVIS%C3%83O/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20NA%20%C3%89POCA%20DE%20LEIBNIZ%20-%20CONTINUA%C3%87%C3%83O%20-%20II.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt;">[1]</span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt;"> Continuação de "O PROBLEMA DO MAL EM LEIBNIZ".</span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-left: 5.7pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/EM%20REVIS%C3%83O/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20NA%20%C3%89POCA%20DE%20LEIBNIZ%20-%20CONTINUA%C3%87%C3%83O%20-%20II.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt;">[2]</span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt;"> Teologia racionalista antitrinitariana difundida no</span> <span style="font-size: 8pt;">século XVII. Seus iniciadores foram Lelio Sozzini e Fausto Sozzini, ambos do século XVI. A influência do antitrinitariano Miguel de Servetus faz-se presente nas doutrinas dos socinianos. Os Jesuítas suprimiram esse movimento na Polônia, mas as idéias socinianas espalharam-se para a Holanda e Inglaterra, e daí para a América. A moderna igreja Unitariana é um descendente direto dos socinianos da Polônia (CAIRNS, 2003, pág. 250 e 251).</span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 5.7pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/EM%20REVIS%C3%83O/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20NA%20%C3%89POCA%20DE%20LEIBNIZ%20-%20CONTINUA%C3%87%C3%83O%20-%20II.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt;">[3]</span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt;"> Original: "</span><span style="font-size: 8pt;">Ainsi les Sociniens ne sauroient être excusables de refuser à Dieu la science certaine dês choses futures, et sur tout des resolutions futures d'une creature libre" (</span><span style="font-size: 8pt;">GERHARDT, Vol. 7. </span><span lang="EN-US" style="font-size: 8pt;">Pág. 108).</span><span lang="EN-US" style="font-size: 8pt;"></span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/EM%20REVIS%C3%83O/O%20PROBLEMA%20DO%20MAL%20NA%20%C3%89POCA%20DE%20LEIBNIZ%20-%20CONTINUA%C3%87%C3%83O%20-%20II.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt;">[4]</span></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="font-size: 8pt;"> "God either wishes to take away evils and is unable; or he is able, and is unwilling; or he is neither willing nor able; or he is both willing and able. If he is willing and unable, he is feeble, which does not agree with the character of God; if he is able and unwilling, he is malicious, which is equally at odds with God; if he is neither willing nor able, he is both malicious and feeble and therefore not God; if he is both willing and able, which is alone suitable to God, form what source then come evils? Or why does he not remove them?"</span><span lang="EN-US"></span></div>
</div>
</div>Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-28081498433247828122012-03-09T08:55:00.001-03:002012-03-11T21:35:34.341-03:00O PROBLEMA DO MAL EM LEIBNIZ<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">O PROBLEMA DO MAL EM LEIBNIZ</span><a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><b><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt;">[1]</span></b></span></span></a></b></div>
<div style="margin-left: 3cm; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiB8nvP_UDy3DFTFXzL3hy1N3UizuwPbtQ5pX1qHf9TBNBRfBAO52oBnD5a0PHu_8CDjkIX_cF-iE_qPyhHJgt9TP16H1Gw4lsu5AOspqqzfiGu7OW0EqrnPK05ZYYrEEnDyhJUiu1VXcFf/s1600/Leibniz.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiB8nvP_UDy3DFTFXzL3hy1N3UizuwPbtQ5pX1qHf9TBNBRfBAO52oBnD5a0PHu_8CDjkIX_cF-iE_qPyhHJgt9TP16H1Gw4lsu5AOspqqzfiGu7OW0EqrnPK05ZYYrEEnDyhJUiu1VXcFf/s1600/Leibniz.jpg" /></a><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"><b>Gottfried Wilhelm Leibniz</b> – (1646- 1716) 01 de julho, na cidade alemã de Leipzig. Leu os autores antigos e escolásticos. Tomou contato com Platão e Aristóteles. Com quinze anos começou a ler os filósofos modernos. Bacon, Descartes, Hobbes e Galileu. Leibniz foi de um espírito universal, muito inteligente. Cursou filosofia na cidade natal, matemática em Jena, com vinte anos. Cursou também jurisprudência em Altdorf. Os últimos anos da vida de Leibniz foram tristes e solitários.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"> Leibniz foi um homem afeito às questões científicas, políticas, religiosas e filosóficas de sua época. Por conta destas, ele enfrentou problemas que foram objeto de sua reflexão filosófica. Segundo Murray, o problema do mal preocupou Leibniz mais do que qualquer outro problema filosófico. Mesmo escrevendo sobre tantos outros temas, o problema do mal aparece na juventude e antes de sua morte. Tanto <i>"Confissão do Filósofo"</i> (1672) como <i>"Ensaios de Teodicéia"</i> (1709/10) foram obras dedicadas ao problema do mal (MURRAY, 2005. Pág. 01).</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"> A filosofia de Leibniz será pensada nestas linhas de modo a buscar suas respostas para o problema do mal. Isto não significa que se chegará a um resultado em que o tema será esgotado, mas que se terá uma noção do pensamento de Leibniz sobre ao problema do mal.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"> O objetivo é mostrar que a abordagem de Leibniz sobre o problema do mal não alcançou resposta satisfatória, embora tenha feito algumas contribuições importantes para a reflexão. Para isto, serão abordados tópicos sobre a relação entre a "harmonia preestabelecida" e o mal; sobre a "harmonia preestabelecida" e o livre-arbítrio humano; sobre o livre-arbítrio divino; sobre a onipotência divina e os "futuros contingentes".</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"> Ficará provado que a filosofia de Leibniz reproduziu em muito a abordagem dos seus antecessores quanto ao assunto problematizado.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 22.8pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-variant: small-caps;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;">O contexto histórico do problema do mal conhecido por Leibniz</span></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;">O fato de que texto e contexto constituem uma estrutura, na verdade uma unidade hermenêutica, obriga o pesquisador a uma contextualização histórica do assunto por ele pesquisado. Com isto, ratifica-se o fato de que a historicidade do contexto e sua integração com o texto não se contradizem, porém se requerem necessariamente.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;">A partir deste pressuposto, buscar uma simples, porém significativa reconstrução do contexto histórico do problema do mal anterior a Leibniz, e mesmo na modernidade, é imprescindível para a compreensão da resposta leibniziana a tal problema. Entende-se assim que uma hermenêutica significativa carece da visão histórica. Na verdade, exigem-se uma à outra e se completam.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;">O Problema do Mal antes de Leibniz</span></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"> O problema do mal já havia sido abordado por outros filósofos da antiguidade e do medievo. As soluções apresentadas para a questão não foram de todo convincentes. Na antiguidade, de um modo geral, os estóicos entenderam o mal como necessário à ordem e à economia do universo. O bem estóico é aquilo de que advém alguma utilidade, e com maior propriedade pode-se dizer que "é idêntico ao útil ou não se distingue dele"</span></span><a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt;">[2]</span></span></span></a><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"> (LAÉRCIO, 1977. Pág. 203). O mal, mesmo sendo a contrapartida do bem, ou o inútil, ainda assim é necessário ao universo.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"> Um parecer neoplatônico sobre o problema do mal é dado por Plotino (205-270) em <i>Eneadas</i>: "Se tais são os entes e se tal é o que está além dos entes [isto é, Deus], então o mal não existe nem naqueles nem neste, já que tanto um quanto o outro são bem. Conclui-se, portanto, que, se existir, existe no que não é, e que é uma espécie de não-ser, encontrando-se, pois, nas coisas mescladas de não-ser ou partícipes do não-ser" (<i>Enn.</i>, I, 8, 3)</span></span><a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt;">[3]</span></span></span></a><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"> (PLOTINO, 2000). Neste ponto: "o mal <i>existe no que não é, e que é uma espécie de não-ser</i>", está a ontologia do mal, ou mesmo a sua desontologização, a qual é seguida por Santo Agostinho (354-430), neoplatônico, em seu livro sobre o<i> Livro-Arbítrio.</i> Santo Agostinho reflete sobre a liberdade humana e a origem do mal moral, problema que pensa resolver com a tese de que o pecado está no mau uso da liberdade. Por outras palavras, o mal moral procede do livre-arbítrio (AGOSTINHO, 1995. Págs. 30-35, 147-151). Esta postura agostiniana de desontologização do mal cria, por sua vez, uma antropologização do mesmo, responsabilizando o homem pela prática do mal (ESTRADA, 2004. Pág. 35). Para Ricoeur, a resposta de Agostinho nega substancialidade ao mal, reputando-o como procedente da finitude da criatura. Esta deficiência instala-se face à "distância ôntica entre o criador e a criatura" (<span style="text-transform: uppercase;">RicoeUr</span>, 1988, pág. 32) e delimita o mal como um problema apenas moral. "Criaturas dotadas de livre escolha possam 'declinar-se' longe de Deus e 'inclinar-se' em direção ao que tem menos ser, em direção ao nada" (<span style="text-transform: uppercase;">RicoeUr</span>, 1988, pág. 32). Desse modo, apresenta-se um <i>mal-nada </i></span></span><a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt;">[4]</span></span></span></a><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"> que tem sua origem na má <span style="letter-spacing: 1pt;">vontade</span>. O bispo de Hipona constrói uma resposta que se vincula muito bem ao mal praticado por decisão voluntária. Visto que o problema do sofrimento injusto não se resolve tão facilmente pelo fato de que o mesmo, em muitos casos, deve-se ao mau uso do livre-arbítrio por parte do sofredor ou de outro agente. Agostinho deixa em aberto a questão deste tipo de sofrimento, para que os pósteros tenham a oportunidade de resolver o problema.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"> Fato é que na antiguidade cristãos e pagãos neoplatônicos aderiram à tese do mal como não-ser.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"> A reflexão da Idade Média sobre o problema do mal não seria mudada. Escolásticos aristotélicos, platônicos e neoplatônicos, trilharam o mesmo caminho da reflexão antiga. A teologia natural resolvera o problema da existência divina, apresentando-se o problema do mal apenas quando filósofos e teólogos refletiam sobre a bondade e a santidade de Deus (MURRAY, 2005. Pág. 02). É neste caminho de pensar Deus e o mal que a abordagem refletia a mesma luz do período anterior. Tomás de Aquino (1224-1274) diz: "Uma vez que bem é tudo o que é apetecível e uma vez que a cada natureza apetece seu ser e sua perfeição, cumpre dizer que o ser e a perfeição de qualquer natureza são essencialmente bem.</span></span><a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt;">[5]</span></span></span></a><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> Portanto, não pode acontecer que mal signifique algum ser, alguma forma ou natureza;</span><a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt;">[6]</span></span></span></a><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> conclui-se, pois, que significa apenas a ausência do bem" (AQUINO, 1954. Pág. 48). Esta ausência de ser, implica justamente um <i>mal-nada</i>. Percebe-se aqui uma correspondência entre Tomás e Plotino.</span><a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt;">[7]</span></span></span></a><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"> A forma do raciocínio tomista é silogística. Tomás de Aquino parte de uma afirmação universal, um princípio filosófico previamente estabelecido: "o ser e a perfeição de qualquer natureza são essencialmente bem" (premissa maior). Em seguida, Tomás de Aquino estabelece uma afirmação de natureza filosófica (menor). Nesse caso, Tomás de Aquino estabeleceu duas premissas menores: a) "bem é tudo o que é apetecível"; e b) "a cada natureza apetece seu ser e sua perfeição", para concluir com "portanto, não pode acontecer que mal signifique algum ser, alguma forma ou natureza". O que Tomás de Aquino queria com o argumento já estava estabelecido na premissa maior: a conclusão, "mal [...] significa apenas a ausência do bem", é apenas decorrência. A finalidade não é provar o princípio universal, mas o que dele decorre. Assim procedeu Tomás de Aquino, usualmente, em toda a sua <i>Suma Teológica</i>. Muito engenhoso para fundamentar a não substancialidade do mal.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"> Em linhas gerais, essa parece ser uma concepção do mal com a qual Leibniz comunga em sua carreira filosófica. Russel, comentando sobre a Ética de Leibniz, diz:</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 106.2pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 106.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">A doutrina dos juízos analíticos deve ter contribuído para a concepção de que <b>o mal é uma simples negação</b>. Pois é óbvio que bom e mau são predicados incompatíveis, e se ambos são positivos, teremos um juízo sintético. Donde <b>o mal é considerado como mera negação do bem</b>... (RUSSEL, 1968. Pág. 198).</span><a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 10pt;">[8]</span></span></span></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;">Rutherford diz que a resposta de Leibniz ao problema do mal segue mesmo a resposta agostiniana de que o mal é falta ou privação do ser (RUTHERFORD, 1998. Pág. 07). Este mesmo autor falando sobre a <i>Teodicéia</i>, diz que Leibniz revela um endividamento ao platonismo (RUTHERFORD, 1998. Pág. 08).</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;"> A concepção que considera o <i>Mal</i> como um conflito interno do ser, como uma batalha entre dois princípios antagônicos,</span></span><a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt;">[9]</span></span></span></a><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> não parece transitar na reflexão leibniziana. Talvez, Leibniz, em sua filosofia, esteja também direcionando uma resposta a Spinoza</span><a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt;">[10]</span></span></span></a><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;">, uma vez que este admitia, com Hobbes e Locke, a teoria subjetivista do mal como objeto negativo do desejo. Mas não parece que uma consideração sobre isto receba atenção de Leibniz em sua filosofia (ABBAGNANO, 2000. Pág. 640).</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;">Esta abordagem continua com <a href="http://teo-filo-lit-wm.blogspot.com/2012/03/continuacao-do-titulo-o-problema-do-mal.html#links">"O problema do mal na época de Leibniz"</a>.</span></span></i></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;">Natal/RN, 09-03-2012</span></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;">Willians Moreira Damasceno</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div>
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> </span><br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> </span> <br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 8pt;">[1]</span></span></span></span></a><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: 8pt;"> Esta abordagem terá continuidade em outras postagens.</span></span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 8pt;">[2]</span></span></span></span></a><span style="font-family: Times New Roman;"> <span style="font-size: 8pt;">Art. 94 do Livro VII.</span></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 8pt;">[3]</span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"> "</span></span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 8pt;">Eiv dh. tau/ta evsti. ta. o;nta kai. to. evpe,keina tw/n o;ntwn( ouvk avn evn toi/j ou=si to. kako.n evnei,h( ouvd</span><span style="font-size: 8pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">'</span></span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 8pt;"> evn tw|/ evpe,keina tw/n o;ntwn\ avgaqa. ga.r tau.ta) Lei,petai toi,nun( ei;per e;stin( evn toi/j mh. ou=sin ei=nai oi-on ei=doj ti tou/ mh. o;ntoj o'n kai. peri. ti tw/n memigme,nwn tw|/ mh. o;nti h'"' o`pwsou/n koinwnou,ntwn tw|/ mh. o;nti</span><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: 8pt;">"<span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 8pt;">[3]</span></span></span> (PLOTINO, 2000).</span></span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 8pt;">[4]</span></span></span></span></a><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: 8pt;"> Um mal sem substância. Posição neoplatônica.</span></span></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 8pt;">[5]</span></span></span></span></a><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: 8pt;"> Esta é a premissa maior; é a base do raciocínio dedutivo. </span></span></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt 5.7pt;">
<a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 8pt;">[6]</span></span></span></span></a><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: 8pt;"> Corolário das três premissas ou do argumento silogístico: decorrente do princípio filosófico previamente estabelecido – premissa maior.</span></span></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 8pt;">[7]</span></span></span></span></a><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: 8pt;"> Citação das <i>Enéadas</i> feita anteriormente.</span></span></div>
</div>
<div id="ftn8">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 8pt;">[8]</span></span></span></span></a><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: 8pt;"> Destaque nosso.</span></span></div>
</div>
<div id="ftn9">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt 5.7pt;">
<a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref9" name="_ftn9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 8pt;">[9]</span></span></span></span></a><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: 8pt;"> A religião persa do profeta Zarathrustra; concepção também da seita dos maniqueus, contra os quais Agostinho combate filosófica e teologicamente.</span></span></div>
</div>
<div id="ftn10">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref10" name="_ftn10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 8pt;">[10]</span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"> Russel diz que a ética para a qual Leibniz tendia era muito semelhante à de Spinoza (RUSSEL, 1968. Pág. 199).</span></span></div>
</div>
</div>Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-38589126535913762772012-03-08T07:31:00.001-03:002017-10-03T20:08:06.344-03:00UMA TRADUÇÃO DA BÍBLIA É A PALAVRA INSPIRADA DE DEUS?<p style="TEXT-ALIGN:center;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal" align="center"><font size="3" face="Times New Roman"> </font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style> </span>O Cristianismo é um depósito de muitas dificuldades para os que se dizem crédulos em suas supostas verdades. Dogmas como o nascimento virginal de Jesus de Nazaré e sua ressurreição; as duas naturezas de Jesus e sua segunda vinda a este mundo e, na verdade, outros tantos são passíveis de dificuldades ante uma análise crítica. Como se não bastasse, o Cristianismo ainda enfrenta dificuldades ante as sustentadas verdades de outras religiões. Cada religião possui o seu depósito de dogmas; dogmas estes contrários aos dogmas de outras religiões. Se quisermos condescender com as religiões, o único dogma que é pertinente a todas é a crença na existência de uma divindade. O que decorrer desta crença teológica é passível de contestação entre as religiões. Ou seja, cada dito sobre a própria divindade passa por controvérsias intermináveis entre os religiosos.</font></font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style> </span>De per si, o Cristianismo, entre as suas facções ou ramos, também enfrenta controvérsias sem fim, embora existam muitos adeptos seus buscando um elo que propicie união entre todos os cristãos num ecumenismo, mesmo que não seja possível uma unidade teológico-doutrinária.</font></font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style> </span>Além desses problemas, existem outros que não são tratados nos redis cristãos; ou por deficiência epistemológica de seus mentores teológicos ou por desinteresses sobre tais assuntos; ou ainda por medo de que, uma vez tratados tais assuntos, o Cristianismo venha a perder influência na humanidade. E este último motivo revelaria a covardia de alguns que se escondem atrás da máscara de uma chamada prudência jesuológica que se traduz pela expressão: "tenho muito que vos dizer, mas vós não podeis suportar agora". Admita-se que seja usada esta prudência nos ambientes de culto; porém, nos ambientes de ensino teológico faz-se necessário o tratamento de muitos assuntos tabus e esse tratamento deve acontecer mesmo de forma crítica. Esse tratamento levaria os estudantes a buscarem respostas menos infantis para os seus questionamentos mais recônditos.</font></font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style> </span>Um dos assuntos carente de tratamento sem disfarces refere-se à própria Bíblia. Existem muitas considerações bibliológicas que são negligenciadas aos estudantes de teologia. Em face desta situação, este artigo refere-se a problemas bibliológicos relativos à tradução do texto bíblico e aos manuscritos nas línguas originais, grego e hebraico.</font></font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3" face="Times New Roman"> </font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><i style><font size="3"><font face="Times New Roman">As traduções</font></font></i></p> <p style="TEXT-INDENT:35.4pt;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3" face="Times New Roman"> </font></p> <p style="TEXT-INDENT:35.4pt;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3" face="Times New Roman">Do ponto de vista da tradução, a Bíblia é um texto inacabado; é um texto que está sempre em revisão e mudanças face às novas descobertas lingüísticas, literárias, arqueológicas e de quaisquer ordens que se refiram a qualquer texto traduzido. O texto bíblico traduzido que temos hoje, em qualquer língua, não é o texto original; não é o autógrafo dos profetas e apóstolos, escritores originais. O texto traduzido que temos hoje, em qualquer língua, é apenas uma tradução dos manuscritos nas línguas originais, cópias de cópias de cópias do texto original supostamente inspirado, que já não existe e, por sinal, há muito tempo desaparecido. Portanto, em que sentido as traduções são a palavra de Deus? Esta é uma pergunta pertinente para que os teólogos a respondam. Parta-se do pressuposto de que a suposta inspiração divina foi atuante apenas sobre os primeiros escritores. A não ser que se desenvolva uma doutrina da inspiração a la Filo de Alexandria, o qual sustentava que a Septuaginta, tradução da Bíblia hebraica para o grego, foi feita "não por tradutores, mas por hierofantes e profetas"</font><a style title="" href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn1" name="_ftnref1"><span class="MsoFootnoteReference"><span style><span class="MsoFootnoteReference"><span style="FONT-FAMILY:'Times New Roman','serif';FONT-SIZE:12pt">[1]</span></span></span></span></a><font size="3"><font face="Times New Roman">, portanto, também inspirada por Deus.</font></font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style> </span>Não se pode negar que todo tradutor tem uma formação lingüística necessária para que o seu trabalho possua pertinência à confiança dos seus leitores. Aplique-se este pressuposto às sociedades bíblicas que fazem tradução. Um tradutor que se preza conhece as teorias de tradução e, necessariamente, adota uma delas no seu labor. Uma sociedade de tradução, por sua vez, está para uma teoria linguística assim como uma denominação religiosa, um partido político, etc. estão para uma doutrina pelos tais adotada. Aquela sensação que um religioso protestante fundamentalista ou conservador sente ao ser informado de que tal tradução da Bíblia foi realizada por tradutores católicos ou espíritas, ou de qualquer outro ramo religioso, é bem reveladora do que subjaz ao problema das traduções; em outras palavras, suas diferenças.</font></font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3" face="Times New Roman"> </font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><i style><font size="3"><font face="Times New Roman">Mudanças ideológicas</font></font></i></p> <p style="TEXT-INDENT:35.4pt;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3" face="Times New Roman"> </font></p> <p style="TEXT-INDENT:35.4pt;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">As mudanças nas traduções explicam-se por diversos fatores: a) Concepções teóricas surgidas através dos tempos. Essas mudanças teóricas ocasionam correções, subtrações, como também acréscimos às traduções já realizadas; b) As mudanças filosóficas e teológico-doutrinárias ocorridas nas escolas ou sociedades de tradução. A análise de diversas traduções revela diferenças que refletem concepções teóricas linguístico-teológico-doutrinárias diversas, sem contar que influências filosófico-hermenêuticas subjazem às concepções lingüístico-teológicas pertinentes a cada tradução: desde concepções fundamentalistas a compreensões liberais expressas nas traduções. Não só as perspectivas linguísticas são passíveis de mudanças. As concepções teológicas e filosóficas de uma sociedade de tradução também mudam conforme os seus tradutores são remanejados, substituídos, etc., sem contar que as sociedades de tradução também acompanham as mudanças doutrinárias do ramo religioso com o qual se comprometem; resultado disto são as diferenças gritantes entre as traduções. Comparem-se traduções de sociedades bíblicas diferentes; de sociedades de ramos religiosos diferentes entre si; c) deve-se acrescentar ainda o fator das descobertas científicas. Este fator lança novas luzes sobre o conhecimento humano e este passa a ter novos pressupostos que levam a mudanças de visão quanto às traduções. A mudança é, na verdade, um fenômeno natural na cultura humana. Tradução também é cultura.</font></font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3" face="Times New Roman"> </font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><i style><font size="3"><font face="Times New Roman">Mudanças existenciais</font></font></i></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><i style><font size="3" face="Times New Roman"> </font></i></p> <p style="TEXT-INDENT:35.4pt;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">Como, portanto, livrar-se do pressuposto de que toda tradução é também interpretação? O parágrafo anterior é a prova de que toda interpretação leva consigo a marca de uma subjetividade do tradutor. Além disto, acrescente-se o fato circular e dinâmico de que a tradução faz o tradutor e o tradutor faz a tradução. A tradução como atividade e como resultado do trabalho cria novas impressões na subjetividade do tradutor no decorrer e à medida que cada trabalho tradutório se encerra. Afinal, lidar com um texto escrito não é meramente lidar com algo morto. É antes lidar com a vida das idéias. E estas sempre tocam a subjetividade do tradutor. Todo texto ganha vida quando entra em contato com o tradutor. Afinal, todo texto quando ganha voz transmite sempre uma idéia.</font></font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3" face="Times New Roman"> </font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><i style><font size="3"><font face="Times New Roman">Os manuscritos nas línguas originais</font></font></i></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><i style><font size="3" face="Times New Roman"> </font></i></p> <p style="TEXT-INDENT:35.4pt;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">Os manuscritos bíblicos nas línguas originais, conhecidos, são também cópias de cópias de cópias do texto original e não são também inspirados; repita-se: são meramente cópias.</font></font></p> <p style="TEXT-INDENT:35.4pt;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">Para o exercício da tradução, os tradutores exercem atividades, cujos métodos e técnicas podem diferir de sociedade para sociedade de tradução. Além do mais, a passividade de diferenças vai também interferir nos resultados da tradução. Podem ser referidas aqui duas atividades do tradutor: A Crítica Textual e a Análise Literária. Ambas são devedoras a pressupostos que condicionam o resultado do trabalho. <span style>A Crítica Textual consiste em determinar com a maior exatidão possível o texto que será usado para a tradução. A </span><span style>necessidade<i> </i></span><span style>da Crítica Textual, no caso do texto bíblico, advém do fato de que os manuscritos foram escritos em línguas que não a do tradutor e estes manuscritos são cópias de originais desaparecidos. Esses manuscritos foram sucessivamente copiados através dos séculos, de modo que existem milhares desses manuscritos cópias na atualidade. A comparação dessas cópias entre si revela que o texto reproduzido nem sempre é igual. A Crítica Textual busca o conhecimento dessas diferenças existentes entre esses manuscritos cópias para que o tradutor possa escolher que cópia ou cópias usar para a sua tradução<a style title="" href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn2" name="_ftnref2"><span class="MsoFootnoteReference"><span style><span class="MsoFootnoteReference"><span style="FONT-FAMILY:'Times New Roman','serif';FONT-SIZE:12pt">[2]</span></span></span></span></a>. Além da Crítica Textual, o tradutor ainda pratica a</span><span style> Análise Literária, ou </span><span style>crítica literária. O</span><span style>s textos contidos nos manuscritos, como unidades literariamente formuladas e acabadas são analisados com a finalidade de se definir</span></font></font></p> <p style="TEXT-INDENT:35.4pt;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><span style><font size="3" face="Times New Roman"> </font></span></p> <p style="TEXT-INDENT:35.4pt;MARGIN:0cm 0cm 0pt 106.2pt" class="MsoNormal"><span style="FONT-SIZE:10pt"><font face="Times New Roman">a sua exata extensão como unidades literárias autônomas; a estrutura literária dos textos, ou seja, as partes diferenciáveis que os compõem; o grau de integridade literária dos textos, ou seja, determinar se o conteúdo dos textos forma um todo orgânico e coerente, ou se são perceptíveis quebras e rupturas no desenvolvimento do assunto. O uso de fontes literárias alheias ao conteúdo formulado pelo próprio autor</font><a style title="" href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn3" name="_ftnref3"><span class="MsoFootnoteReference"><span style><span class="MsoFootnoteReference"><span style="FONT-FAMILY:'Times New Roman','serif';FONT-SIZE:10pt">[3]</span></span></span></span></a><font face="Times New Roman">.</font></span></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><span style><font size="3" face="Times New Roman"> </font></span></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">Percebe-se, nitidamente, que o tradutor exerce uma influência profunda e considerável na escolha dos manuscritos que ele entende mais confiáveis para o seu trabalho. Esse trabalho de seleção não escapa à subjetividade do tradutor e, consequentemente, não escapa de falhas, por mais que se abuse de procedimentos científicos no exercício da tradução. Devido aos fatores ditos, é comum e natural que tradutores de sociedades de tradução diferentes apontem falhas nos trabalhos de seus colegas de outras sociedades.</font></font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3" face="Times New Roman"> </font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style> </span>Assim sendo, diante das contingências do material usado para a tradução da Bíblia, diante das contingências das traduções e diante das próprias limitações epistemológicas dos tradutores, sem contar com outras limitações, como humanos que são, releva-se um problema: EM QUE SENTIDO UMA TRADUÇÃO É A PALAVRA INSPIRADA DE DEUS? Este problema considera o questionamento: Que diferença faz se o texto é ou não inspirado? Não estaria a pertinência do texto em sua influência na vida humana? Quando os religiosos de Jerusalém disseram ao homem curado por Jesus que o Mestre era pecador, o homem respondeu: "Se é pecador, eu não sei; uma coisa sei: eu era cego e agora vejo" (Jo. 9:25)</font></font><a style title="" href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn4" name="_ftnref4"><span class="MsoFootnoteReference"><span style><span class="MsoFootnoteReference"><span style="FONT-FAMILY:'Times New Roman','serif';FONT-SIZE:12pt">[4]</span></span></span></span></a><font size="3"><font face="Times New Roman">. O homem curado revelou o âmago da questão quando a direcionou para o fato de uma relação com o Mestre e não para uma questão de saber ou não saber de algo, uma questão epistemológica.</font></font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style> </span>Portanto, a questão suprema é: qual a influência do texto bíblico na vida humana? De que adianta a lei de Deus escrita em pedras, se no coração está escrita a concupiscência? As palavras da Lei só fazem diferença se estiverem escritas no coração. Essa é a inspiração que conta.</font></font></p> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3" face="Times New Roman"> </font></p> <p style="TEXT-ALIGN:right;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal" align="right"><font size="3"><font face="Times New Roman">Revisado em Natal/RN, março de 2012</font></font></p> <p style="TEXT-ALIGN:right;MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal" align="right"><font size="3"><font face="Times New Roman">Willians Moreira Damasceno</font></font></p> <div style><br clear="all"><font size="3" face="Times New Roman"> <hr align="left" size="1" width="33%"> </font> <div style id="ftn1"> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoFootnoteText"><a style title="" href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref1" name="_ftn1"><span class="MsoFootnoteReference"><span style><span class="MsoFootnoteReference"><span style="FONT-FAMILY:'Times New Roman','serif';FONT-SIZE:10pt">[1]</span></span></span></span></a><font face="Times New Roman"> BARRERA, Julio Trebolle. A bíblia judaica e a bíblia cristã. Uma introdução à história da bíblia. 2ª Ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 1995. Pág. 149: citação do texto apócrifo <i style>Vida de Moisés 11:40</i>.</font></p> </div> <div style id="ftn2"> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoFootnoteText"><a style title="" href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref2" name="_ftn2"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="FONT-SIZE:8pt"><span style><span class="MsoFootnoteReference"><span style="FONT-FAMILY:'Times New Roman','serif';FONT-SIZE:8pt">[2]</span></span></span></span></span></a><span style="FONT-SIZE:8pt"><font face="Times New Roman"> WEGNER, Uwe. <i style>Exegese do novo testamento – Manual de metodologia.</i> 3ª edição. São Paulo. Sinodal – Paulus, 2002. Pág. ___</font></span></p> </div> <div style id="ftn3"> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoFootnoteText"><a style title="" href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref3" name="_ftn3"><span class="MsoFootnoteReference"><span style><span class="MsoFootnoteReference"><span style="FONT-FAMILY:'Times New Roman','serif';FONT-SIZE:10pt">[3]</span></span></span></span></a><font face="Times New Roman"> <i style><span style="FONT-SIZE:8pt">Idem.</span></i></font></p> </div> <div style id="ftn4"> <p style="MARGIN:0cm 0cm 0pt" class="MsoFootnoteText"><a style title="" href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref4" name="_ftn4"><span class="MsoFootnoteReference"><span style><span class="MsoFootnoteReference"><span style="FONT-FAMILY:'Times New Roman','serif';FONT-SIZE:10pt">[4]</span></span></span></span></a><font face="Times New Roman"> BÍBLIA SHEDD. Antigo e novo testamentos. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. 2ª edição, rev. e atual. São Paulo: Edições Vida Nova/Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.</font></p> </div></div> Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-90377467205706389132012-02-28T07:38:00.001-03:002012-03-11T21:34:12.986-03:00QUANDO TUDO PARECE DESMORANAR<p style="TEXT-ALIGN:center;MARGIN-TOP:0pt;MARGIN-BOTTOM:0pt" dir="ltr" id="internal-source-marker_0.98463868291466"> </p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN-TOP:0pt;TEXT-INDENT:35.4pt;MARGIN-BOTTOM:0pt" dir="ltr"><span style="BACKGROUND-COLOR:transparent;FONT-VARIANT:normal;FONT-STYLE:normal;FONT-FAMILY:Times New Roman;COLOR:#000000;FONT-SIZE:16px;VERTICAL-ALIGN:baseline;FONT-WEIGHT:normal;TEXT-DECORATION:none">Quando tudo parece ir para o fundo do poço, é preciso parar para organizar os pensamentos, o raciocínio, as sensações. Estas, na verdade, organizam-se ou se destrambelham, conforme o estado daqueles. Quando é que tudo parece estar a desabar? Uma percepção assim parece estar associada ao quadro que pintamos de nossa situação. Da forma como o mundo é visto, os acontecimentos, a própria situação, pode-se ter sensações ruins ou boas. Se você se vê caindo, sua sensação não será boa. Mas se você vê sua situação em bom estado, como é desejada, sua sensação é de satisfação. </span></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN-TOP:0pt;TEXT-INDENT:35.4pt;MARGIN-BOTTOM:0pt" dir="ltr"><span style="BACKGROUND-COLOR:transparent;FONT-VARIANT:normal;FONT-STYLE:normal;FONT-FAMILY:Times New Roman;COLOR:#000000;FONT-SIZE:16px;VERTICAL-ALIGN:baseline;FONT-WEIGHT:normal;TEXT-DECORATION:none">Por este prisma, estaria eu a dizer que as sensações sempre acontecem em decorrência dos pensamentos? Talvez, mas não necessariamente. O fato básico é que uma visão de uma suposta realidade pode apresentar uma ilusão que, depois de certa reflexão e rearranjo dos pensamentos e raciocínios, pode ser desfeita ou mudada, sem dúvida.</span></p> <p style="TEXT-ALIGN:justify;MARGIN-TOP:0pt;TEXT-INDENT:35.4pt;MARGIN-BOTTOM:0pt" dir="ltr"><span style="BACKGROUND-COLOR:transparent;FONT-VARIANT:normal;FONT-STYLE:normal;FONT-FAMILY:Times New Roman;COLOR:#000000;FONT-SIZE:16px;VERTICAL-ALIGN:baseline;FONT-WEIGHT:normal;TEXT-DECORATION:none">No mais das vezes, estamos tão absorvidos pelos acontecimentos do dia-a-dia, que não percebemos em que estado emocional estamos a adentrar. São tantas "vozes" em nossa mente (você tem que pagar... tem que vender... tem que ir... tem que vir... tem que fazer isso, aquilo ou aquiloutro...) que esquecemos de nos afastar deste vozerio, criar um distanciamento desta situação para que possamos orientar os nossos pensamentos e reflexões. Daí a concepção da grande necessidade da meditação ou de um momento de silencio, de isolamento, para que possamos ouvir-nos e entender que há ainda condições de uma reorientação para a nossa vida. O desespero é sempre uma alternativa desprezível. Esta era a concepção do escritor bíblico quando refletiu: "Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei" (Salmo 42:11). Na ausência de alguém que lhe desperte de uma condição malfazeja, na qual você se encontra, faz-se necessário que você mesmo se alerte contra o perigo de se entregar às possibilidades de uma depressão. Para isso, comece procurando acalmar-se, buscando reorientar os seus pensamentos. Aprenda a meditar. Se ainda não aprendeu como realizar este autobenefício, busque ajuda. Ainda há tempo.</span></p> <p style="TEXT-ALIGN:right;MARGIN-TOP:0pt;TEXT-INDENT:35.4pt;MARGIN-BOTTOM:0pt" dir="ltr"><span style="BACKGROUND-COLOR:transparent;FONT-VARIANT:normal;FONT-STYLE:italic;FONT-FAMILY:Times New Roman;COLOR:#000000;FONT-SIZE:16px;VERTICAL-ALIGN:baseline;FONT-WEIGHT:normal;TEXT-DECORATION:none">Willians Moreira Damasceno</span></p> Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-39884501606834489152012-02-26T15:57:00.001-03:002012-02-26T16:00:18.665-03:00FRIEDRICH SCHLEIERMACHER E A HERMENÊUTICA<font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt" class="MsoTitle"><font size="3" face="Times New Roman"> </font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style> </span>Do entendimento de todas as teologias podemos concluir que a questão hermenêutica é consideravelmente decisiva. Toda teologia possui em seus bastidores uma maneira peculiar de se compreender a realidade. Essa maneira, ao teólogo peculiar, condiciona a teologia.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style> </span>A palavra hermenêutica é de origem grega, significando interpretação. Seu significado está vinculado ao deus Hermes, mensageiro dos deuses, intérprete das mensagens divinas. Na verdade, o termo aponta para a arte ou técnica de interpretar. Essa arte possui regras que guiam a interpretação dos textos.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style> </span>Faz-se distinção entre hermenêutica e exegese. <b style>Hermenêutica</b> é a <b style><i style>teoria</i></b> da interpretação e <b style>exegese</b> atém-se à <b style><i style>prática</i></b> da interpretação. <i style>A exegese é a aplicação da hermenêutica</i> no estudo do texto, buscando a compreensão do que o autor quis transmitir aos receptores da sua mensagem.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style> </span>Segundo estudiosos do assunto, cinquenta anos antes de Nietzsche, o filósofo e teólogo protestante Friedrich Schleiermacher (1768-1834) iniciou uma reflexão sobre hermenêutica que o tornou conhecido como fundador da hermenêutica moderna.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style> </span>Àquela época, não existia ainda algo como uma hermenêutica geral que fosse uma arte do compreender; existiam diversas hermenêuticas especiais. Schleiermacher fará a hermenêutica independer-se de suas especialidades, tornando-a a teoria geral do compreender. Segundo Gibelline</font></font><a style title="" href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn1" name="_ftnref1"><span class="MsoFootnoteReference"><span style><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";font-size:12pt">[1]</span></span></span></span></a><font size="3"><font face="Times New Roman">, torna-se instrumento geral das ciências do espírito.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify;text-indent:35.4pt" class="MsoNormal"><font size="3" face="Times New Roman">Schleiermacher descobriu que a Bíblia não possui tratados teológicos sistemáticos e, sim, é o produto de homens dando respostas a situações concretas. Daí a necessidade de se conhecer a vida do escritor e o que está por trás das suas palavras</font><a style title="" href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftn2" name="_ftnref2"><span class="MsoFootnoteReference"><span style><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";font-size:12pt">[2]</span></span></span></span></a><font size="3"><font face="Times New Roman">. Sendo assim, é fácil entender que <i style>muito da atividade exegética</i> (estudar o contexto cultural de um texto bíblico para podermos conhecer a sua mensagem para a época em que foi escrito) é, a princípio, <i style>uma atividade fundada na perspectiva de Schleiermacher</i>.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify;text-indent:35.4pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">Schleiermacher fez distinção entre interpretação gramatical e interpretação psicológica. A <b>interpretação gramatical</b> passa por uma atividade linguística-lexical; enquanto que a <b>interpretação psicológica</b> é a atividade de se procurar compreender a mente do autor expressa pelo texto escrito. A necessidade de uma <b>análise filosófica</b> das condições que tornam possível o entendimento do texto é fundamental no método de Schleiermacher. O caminho de elaboração do texto percorrido pelo Criador original é fruto da perspectiva e da vida pessoal do autor numa situação social que abrange a situação particular na qual o texto é criado.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify;text-indent:35.4pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">Alguns críticos dizem que Schleiermacher foi influenciado pelo movimento romantista quando entende como possível um intérprete chegar a uma habilidade de recriar a mente do autor de um texto. Certamente isso é questionável.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify;text-indent:35.4pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">Segundo o teólogo Bernard Ramm, citado no livro T<span style="font-variant:small-caps">eologia Contemporânea</span> de Stanley Gundry, Friedrich Schleiermacher foi o pioneiro na reconstrução da teologia mediante o uso de uma base filosófica. Trabalhou este filósofo e teólogo fundado no idealismo alemão de Immanuel Kant (1724-1804), um dos fundadores teoréticos do liberalismo teológico.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span style> </span>Os estudos hermenêuticos têm passado por várias transformações desde Schleiermacher até os nossos dias. Principalmente para as mentes influenciadas pela pós-modernidade, a realidade hermenêutica está vinculada não somente àquelas considerações feitas por Schleiermacher, mas a uma série de outras considerações que abrem um leque de interpretação extremamente sugestivo.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:justify" class="MsoBodyTextIndent"><font size="3"><font face="Times New Roman">O teólogo precisa, pois, ter uma noção adequada da realidade hermenêutica do seu trabalho para não se enredar em situações de desconforto exegético, precisando refazer todo o seu trabalho, muitas vezes sem necessidade de que isto aconteça.</font></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt;text-align:right;text-indent:0cm" class="MsoBodyTextIndent" align="right"><i><font face="Times New Roman"><span style="font-size:10pt">Willians Moreira Damasceno</span></font></i></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font><div style><font size="3" face="Times New Roman"> <hr align="left" size="1" width="33%"> </font><div style id="ftn1"><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt" class="MsoFootnoteText"><a style title="" href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref1" name="_ftn1"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size:8pt"><span style><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";font-size:8pt">[1]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size:8pt"><font face="Times New Roman"> GIBELLINI, Rosino. A teologia do século XX. São Paulo: Edições Loyola, 1998. 591 págs.</font></span></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font></div><font size="3" face="Times New Roman"> </font><div style id="ftn2"><font size="3" face="Times New Roman"> </font><p style="margin:0cm 0cm 0pt" class="MsoFootnoteText"><a style title="" href="https://mail.google.com/mail/html/compose/static_files/blank_quirks.html#_ftnref2" name="_ftn2"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size:8pt"><span style><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";font-size:8pt">[2]</span></span></span></span></span></a><font face="Times New Roman"><span style="font-size:8pt"> Compreensão que a pós-modernidade não adota.</span></font></p><font size="3" face="Times New Roman"> </font></div><font size="3" face="Times New Roman"> </font></div><font size="3" face="Times New Roman"> </font> Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-83464221209532175212012-01-25T15:44:00.000-03:002012-01-25T15:44:04.200-03:00CONTINUAÇÃO DO TEMA: A CONSCIÊNCIA RELIGIOSA DE SÓCRATES<br />
<div class="MsoBodyTextIndent">
</div>
<div class="MsoBodyTextIndent">
<span style="text-transform: uppercase;">A obediência de Sócrates e a
obediência de Jesus</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent">
<span style="text-transform: uppercase;"><br /></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Levando-se em consideração o
texto sobre a consciência religiosa de Sócrates, a comparação entre aquele
filósofo e Jesus é viável em face de que a mesma vem ratificar a imagem
socrática, ou seja, um homem religioso. Aliás, comparações entre esses dois
homens são encontradas em outras publicações, tanto entre filósofos como também
entre teólogos. </div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Gaarder intitula uma passagem
do seu comentário sobre Sócrates de “Uma
Voz Divina”. A certa altura do texto Gaarder diz:</div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 70.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 4.0cm;">
<span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Ao traçar esses paralelos entre Jesus Cristo e
Sócrates, não estou querendo colocar um sinal de igualdade entre os dois. Quero
dizer apenas que ambos tinham uma mensagem a transmitir e que esta mensagem
estava indissoluvelmente associada à sua coragem pessoal.</span> <span style="font-size: 10.0pt;">(<span style="text-transform: uppercase;">GAADER</span>,
1996, págs. 81 e 82).</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Mais razoável seria dizer que a
mensagem de ambos estava associada a uma consciência religiosa de missão que
gerava neles coragem. Mas não é de estranhar este modo de pensar de Gaarder. O
autor faz essa comparação entre os dois mestres, reconhecendo o valor de ambos
para a humanidade. No contexto desta citação, Gaarder afirma que ambos
acreditavam falar em nome de uma coisa que era maior do que eles mesmos. O
problema de Gaarder é que não identifica objetivamente esta “coisa” que era
maior do que eles. Por que razão este autor se furta a uma possível
identificação desta “coisa”? Fica a interrogação. Saliente-se que para os dois
mestres não era uma “coisa” que fundamentava a missão e a ação de ambos. Era,
na verdade, alguém. E, pelo que se pode interpretar, era alguém bastante
pessoal com quem podia se falar, como também alguém a quem se obedecia.</div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 1.0cm; text-indent: -1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 1.0cm; text-indent: -1.0cm;">
<b><span style="font-variant: small-caps;">Mestres
diferentes – Ensinos diferentes<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Releva-se aqui um
questionamento pertinente à discussão proposta: sendo a missão de Sócrates
religiosa, o que impediu aos seus discípulos de darem direcionamento a sua mensagem
semelhante àquele que foi dado pelos discípulos de Jesus à mensagem do mestre
judeu? Algumas hipóteses que explicam os caminhos diferentes assumidos pelos ensinamentos
de ambos os mestres são possíveis. Basta que se leve em consideração alguns
contextos de ambas as partes. </div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
De imediato, entende-se que
natureza da religião judaica diferia da natureza da religião grega. Um dos
aspectos da natureza da religião judaica era o profetismo. Este detinha em suas
linhas a proclamação de um messias salvador de Israel. Por sua vez, na religião
grega não consta nenhuma referência ao fenômeno profético-messiânico nos moldes
judaicos. Partindo-se desta premissa, a diferença de natureza entre as
religiões grega e judaica, entende-se perfeitamente o encaminhamento religioso
dado ao ensino de Jesus por seus discípulos, de vez que o próprio mestre judeu
entendeu-se como cumprimento profético das previsões sobre o messias salvador. Por
sua vez, Sócrates, em nenhum momento atribuiu-se profecia pretérita, no sentido
vaticinatório, para fundamentar a sua atividade. O máximo que ele fez foi
anunciar que falava por ordem do deus. Neste sentido, ele era profeta tanto
quanto Jesus, embora não aplique a si mesmo a prerrogativa de salvador no
sentido jesuítico. De sorte que, pelo dado particular da natureza de ambas as
religiões, judaica e grega, já se dispõe de uma via plausível de solução para o
questionamento aqui proposto.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Concomitantemente, as mensagens
socrática e jesuítica são de naturezas opostas entre si. A mensagem socrática é
predominantemente humanística, mesmo que ordenada pelo deus. A mensagem de
Jesus é teísta. Os próprios contemporâneos de Jesus compreenderam quando o
mestre nazareno fez-se a si mesmo “Deus”. (BÍBLIA – NT, 1982, pág. 111 – João
5: 18; 21:28) Pelo menos é esta indução que o texto traz e que os demais
escritos do Novo Testamento atestam. Se bem que há controvérsias. Sócrates não
teve a mesma pretensão, mesmo tendo sido interpretado como pregando novos
deuses. Enquanto a ação de Jesus conclamava os ouvintes para um envolvimento
com a dimensão do “espiritual”, celestial (não sem envolvimento com o humano),
a ação de Sócrates conclamava os seus ouvintes para uma reflexão dimensionalmente
terrena. O máximo que Sócrates disse foi que ele era um homem dado a Atenas
pelo deus. Releva-se a esta altura a abordagem de Marilena Chauí:</div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 70.9pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 4.0cm;">
<span style="font-size: 10.0pt;">[...]
a imagem de santo não é muito adequada à figura de Sócrates, ainda que, pelo <i>daímon</i> (e Cristo pelo Pai e Espírito
Santo), se considerasse investido de uma missão divina e que, segundo alguns
relatos, levasse vida ascética, simples e frugal, como a que os Evangelhos
atribuem a Jesus [...], e atormentasse as pessoas com perguntas que as faziam
duvidar de valores e idéias que haviam tido como certos e verdadeiros.</span> <span style="font-size: 10.0pt;">(CHAUÍ, 1994, pág.136 – Grifo nosso).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 70.9pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Realmente, acompanhando
Sócrates por todos os testemunhos dos seus discípulos, não se forma a imagem de
um santo, mesmo a sua vida sendo de uma simplicidade e frugalidade
superlativas. Observe-se, no entanto, que a própria Chauí admite que o mestre
ateniense entendia que a sua missão era divina, portanto, religiosa. Ou será
que a análise da vida de Sócrates está tão condicionada por fatores da visão
filosófica que não se permite vê-lo daquela outra forma? Para uma mente livre,
não há objeções a tal. Daí encontrar-se um Erasmo de Rotterdam<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/EM%20REVIS%C3%83O/A%20OBEDI%C3%8ANCIA%20DE%20S%C3%93CRATES%20E%20A%20OBEDI%C3%8ANCIA%20DE%20JESUS.doc#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
referenciando Sócrates como santo, embora se extrapolando para um ponto inadmissível.
</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
As diferenças entre os contextos
históricos da Palestina e da Grécia socrática também são patentes e ratificam
esta abordagem. O contexto histórico da Palestina contribuiu também para um
direcionamento religioso da mensagem do mestre judeu, como também, em alguns
momentos, para o campo político. A Palestina estava sob o domínio romano e
ansiava por libertar-se daquele império. Nada impedia que Jesus fosse visto
como mais um “libertador” ante a opressão romana. Muitos se levantaram naqueles
dias incitando as massas a uma insurreição contra a dominação romana. Tanto que
alguns dos seus discípulos o entenderam como alguém destinado a comandar uma
revolução política. Para muitos intérpretes, o próprio Judas o traiu,
objetivando levá-lo a uma reação revolucionária. Decorre-se que a libertação
proclamada por Jesus, mal entendida pelos discípulos ao princípio, era
libertação que extrapolava a dimensão política. Poderia até atingir esta
dimensão humana, mas seria como decorrência de uma transformação da existência
no aspecto da subjetividade.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
O contexto histórico da Grécia
socrática não era pintado pelas mesmas cores políticas da Palestina de Jesus.
Mais especificamente, a Atenas socrática encontrava-se ainda<span style="color: red;"> </span>dona de si mesma. Segundo os historiadores,
transcorria ainda o período Clássico da filosofia (séc. V a. C. ao IV a. C.).
As reformas de Clístenes e, em seguida o governo de Péricles colocaram Atenas à
frente de todas as outras cidades gregas. A democracia desenvolveu-se consideravelmente
e o império marítimo ateniense adquiriu vulto espantoso. Justamente o Pireu,
para onde Sócrates se encaminhava objetivando fazer suas orações, era o centro
convergente de toda uma cultura riquíssima que influenciou um desenvolvimento
urbano, intelectual e artístico. Nada, pois, levava Sócrates a se proclamar
como libertador político. Tratava-se antes de um homem questionador de uma
cultura tão rica, porém, na visão do filósofo, comprometida com certos vícios.
Tinha ele seguidores? Sem dúvida! Mas jamais se lê de discípulo seu entendo-o
como chefe de movimento de libertação política. Sua ação foi ordenada pelo
deus, como assim entendia, mas não havia no seu ensinamento indução de
movimento político-libertador caracterizado. O seu deus estava mesmo era
interessado em reformas que mudassem a compreensão de fatores que condicionam a
existência em seu aspecto interior, do que Jesus não se distancia também. Com
esta reforma Sócrates concordava, visto prescrever a “cura da alma”. Vale
lembrar as palavras de Marilena Chauí sobre Sócrates: “[...] e atormentasse as pessoas
com perguntas que as faziam duvidar de valores e idéias que haviam tido como
certos e verdadeiros.” (CHAUÍ, 1994, pág.136)<span style="font-size: 16.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> </span>Era uma cura da alma em relação a si mesma,
numa dimensão horizontal, humana. Jesus por sua vez, encaminhava o seu ensino
não só na dimensão horizontal, mas também na dimensão vertical, e este
caracterizamente foi o seu caminho de ação: uma cura da alma, para alinhar os homens
com Deus.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
De acréscimo, considere-se que os
discípulos de cada mestre deram interpretação à mensagem do seu mestre
totalmente aplicada aos seus momentos histórico-culturais, condicionados que
foram por fatores que já não eram do próprio contexto do mestre. Toda uma
bagagem existencial também é acrescida depois de algum tempo que os discípulos
não estão mais com os seus mestres. Isso é comum acontecer na história, e não
seria diferente com os discípulos de Sócrates e os de Jesus. Considere-se ainda
que de discípulo para discípulo também há um “separador de águas”, nos termos
acima colocados, que vai direcionar a apresentação do depoimento sobre o
mestre. Sem falar de estilo literário, de enfoques principais para cada um, de
realidades inconscientes e de outras tantas realidades que vão interagir, formando-se,
em muitos casos, imagens do mestre que vão suscitar os chamados “Problemas
históricos”. Pode-se acreditar que estes tipos de problemas resultam desta
interpretação condicionada da imagem do mestre em foco.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
De um modo ou de outro, o fato
é que os ensinamentos de Sócrates e os de Jesus se prestam a orientar a vida
dos humanos. A realidade agravante é que, dos dois mestres, o que mais se tem
prestado ao controle e exploração dos humanos é “Jesus”, reinterpretado como
vem sendo através dos séculos. Dificilmente Sócrates foi ou é usado para
“dominar” as massas. Jesus já o foi inúmeras vezes. Embora, em si mesmos, de
modo integral, estes homens estejam isentos de qualquer repulsa ao seu caráter.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Pode-se concluir que ambos os
mestres entendiam a sua missão como religiosa. No entanto, em termos de ação,
foram por caminhos diferentes: Jesus teve uma ação religiosa; enquanto Sócrates
teve uma ação filosófica. Frise-se, no entanto, que esta diferença não é um
mero detalhe. Trata-se antes de um “divisor de águas”. Na verdade é o que
explica decisivamente os caminhos diversos seguidos pelos ensinamentos de
ambos.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Em face desta abordagem, e aqui
relevando Sócrates e Jesus, sugere-se a lembrança das palavras de Nietzsche
quando comenta a realidade de pessoas que se consideram investidas de
imperativo divino:</div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 4.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 4.0cm;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Quando
alguém tem deveres sagrados, como por exemplo tornar os homens melhores,
salvá-los, redimi-los, quando se traz a divindade no peito, quando se é o
porta-voz dos imperativos supraterrenos, uma tal missão coloca-o já acima de
qualquer avaliação intelectual – já não é <i>ele próprio</i> sagrado por uma
tal tarefa, já não é ele o próprio tipo de uma hierarquia superior? (NIETZSCHE,
2001, pág.46).</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
O Anticristo disse estas palavras referindo-se aos
teólogos cristãos. No contexto de tal comentário está patente uma crítica a
esses religiosos, que faz sentido analisá-la, de vez que muito do que é dito é
verdade. Quanto a Sócrates, não seria possível direcionar-lhe tais críticas,
pois que sua atividade em nada se caracteriza pelas mesmas realidades que
maculam uma grande maioria de profissionais da religião.</div>
<div class="MsoBodyText">
A
proposta de considerar a consciência religiosa de Sócrates no sentido de que o
mestre ateniense entendia a sua missão como religiosa, embora com ação
filosófica, foi lançada. Sem dúvida que os depoimentos dos seus discípulos são
indubitáveis quanto a traçarem, também, uma imagem socrática no sentido
religioso.</div>
<div class="MsoBodyText">
Tanto os discípulos
de Sócrates, como também os vários autores que foram citados apresentam a visão
de que Sócrates nutria a consciência de uma missão ordenada a si por um deus.</div>
<div class="MsoBodyText">
Toda a
atividade de Sócrates, oferecendo sacrifícios, orando e referindo-se a uma experiência
com o oráculo divino que lhe transmitiu a palavra de Apolo, como também a sua
consciência de ter sido dado a Atenas pelo deus, reportam a reflexão para a dimensão
da experiência religiosa. Este fato não descaracteriza em hipótese alguma a
ação filosófica de Sócrates. Independentemente do que seja dito por qualquer,
para Sócrates o fundamento de sua ação filosófica estava no serviço que ele
prestava ao deus. E, como ele mesmo dizia, mas valia servir ao deus do que aos
homens.<b><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Ratifica-se assim, um Sócrates
religioso que, na sua ação filosófica (e esta por demais enfatizada), não se
furtou a uma experiência religiosa, experiência esta passível de acontecer na
existência humana. Mas que, no caso de Sócrates, causou uma grande diferença a
ponto de torná-lo imortal.</div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
<b>BIBLIOGRAFIA<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
BARSA, Nova Enciclopédia. – São Paulo: Encyclopaedia
Britânica do Brasil Puclicações, 1999. Vol. 13. 506 págs.</div>
<div class="MsoBodyText">
BERGE, Damião. <i>O
lógos heraclítico: introdução ao estudo dos fragmentos</i>. Rio de Janeiro.
Instituto Nacional do Livro, 1996.</div>
<div class="MsoBodyText">
<span lang="ES-TRAD">CHAUÍ,
Marilena de Souza. </span><i>Introdução à
história da filosofia: dos pré-socráticos a aristóteles</i>. Vol. I. 3ª edição.
São Paulo. Brasiliense, 1994.</div>
<div class="MsoBodyText">
GIBELLINI, Rosino. <i>A
teologia do século XX</i>. São Paulo. Edições Loyola. <span lang="EN-US">1998. Págs. 591.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span lang="EN-US">JAEGER,
Werner Wilhelm. </span><i>Paidéia: a
formação do homem grego</i>. 3ª edição. São Paulo. Martins Fontes. 1994. 1413
págs.</div>
<div class="MsoBodyText">
O’GRADY, Joan. <i>Satã,
o príncipe das trevas.</i> São Paulo. Editora Mercuryo Ltda, 1991. 189 págs.</div>
<div class="MsoBodyText">
PESSANHA, José Américo Motta (Consultoria). <i>Vida e obra</i> (de Sócrates). In: Os pensadores:
Sócrates. São Paulo. Editora Nova Cultural, 2000. 287 págs.</div>
<div class="MsoBodyText">
PLATÃO. <i>A república</i>.
São Paulo: Editora Martin Claret. Coleção a obra prima de cada autor. 2000.</div>
<div class="MsoBodyText">
PLATÃO. A apologia de Sócrates. In: Os pensadores:
Sócrates. São Paulo. Editora Nova Cultura, 2000. <span lang="ES-TRAD">287 págs.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText">
PLAMPIN, Richard T. <i>Jeremias:
Seu ministério, Sua mensagem.</i> Rio de Janeiro. Junta de Educação Religiosa e
Publicações, 1987. 193 págs.</div>
<div class="MsoBodyText">
TOVAR Antonio. <i>Vida
de sócrates</i>. 3ª edição. Madrid (Espanha). Editora <i>Revista de Occidente, S. A.</i> 1966. 498 págs.</div>
<div class="MsoBodyText">
XENOFONTE. <i>Ditos e feitos memoráveis de Sócrates</i>.
In: Os pensadores: Sócrates. São Paulo. Editora Nova Cultura, 2000. <span lang="ES-TRAD">287 págs.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<i>Willians Moreira Damasceno<o:p></o:p></i></div>
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br clear="all" />
</span><hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-left: 7.1pt; text-align: justify; text-indent: -7.1pt;">
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/FILOS%C3%93FICOS%20MEUS/EM%20REVIS%C3%83O/A%20OBEDI%C3%8ANCIA%20DE%20S%C3%93CRATES%20E%20A%20OBEDI%C3%8ANCIA%20DE%20JESUS.doc#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Embora o cristianismo tenha
esteriotipado Sócrates como mártir pré-cristão; e o humanista Erasmo de Roterdam
tenha orado ao “Santo Sócrates”: “Sancte Sócrates, ora pro nobis!"</span></div>
</div>
</div>
<br />
<div>
<div id="ftn1">
</div>
</div>Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-69244543758254146872012-01-24T23:29:00.000-03:002012-01-25T15:44:46.889-03:00A CONSCIÊNCIA RELIGIOSA DE SÓCRATES<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 241.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 241.0pt;">
<span style="font-size: 10pt;">Sócrates
é uma dessas figuras imortais da História que se converteram em símbolo. Do homem de
carne e osso e do cidadão ateniense nascido <span style="letter-spacing: 1pt;">em
469 <span style="letter-spacing: 0pt;">a</span><span style="letter-spacing: 0pt;">. C.
poucos traços ficaram gravados na história da humanidade, quando esta o elevou
à categoria de um dos seus poucos “representantes”.</span></span></span><span style="font-size: 8pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">(JAEGER, 1994, pág. 493).</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
A grande maioria dos
comentários sobre Sócrates não se dá ao trabalho de abordar, especifica e
substanciosamente, a sua consciência religiosa ou a sua certeza de estar
servindo a um deus. Encontram-se algumas linhas, aqui e acolá, considerando o
assunto, mas de modo lacônico. Ventila-se, predominantemente, o Sócrates
filósofo. A filosofia socrática como cumprimento de uma missão religiosa não é
expressivamente comentada. Seria este fato indício de preconceito por parte dos
filósofos contra a religião? Certo que não. Até porque a própria filosofia
reflete seriamente sobre o fenômeno religioso. Considere-se que Sócrates, em alguns
momentos, elabora um discurso com linguagem religiosa como instrumento retórico
para alcançar um fim filosófico? Por que não seria possível? Fato é que tanto
Platão como Xenofonte apresentam um Sócrates inteiramente compromissado com a
religião.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Cabe assim discutir esta
questão de modo direto, procurando-se um melhor direcionamento sobre este
assunto.</div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="mso-outline-level: 1;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">SÓCRATES E SUAS VÁRIAS VERSÕES</b></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
O debate sobre qual versão de
Sócrates realmente merece crédito já foi bastante acirrado. O “Problema
socrático” já se encontra, de certo modo, resolvido com o consenso de um
“Sócrates provável”, resultado dos vários testemunhos apresentados por seus
seguidores.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Repassar algumas versões,
direcionando-as para o foco da discussão proposta, alicerça a tese aqui
apresentada.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Platão apresenta uma versão de
um Sócrates que se utiliza da linguagem religiosa no seu discurso, ou, no
mínimo, uma versão de um mestre que tem uma consciência de estar cumprindo uma
missão a mandado do deus de Delfos. Em muitas partes da “Apologia de Sócrates”,
expressões são colocadas nos lábios do filósofo que vinculam a sua ação a uma
missão religiosa. No texto são apresentadas as acusações que levam Sócrates a
juízo. Quais sejam: A acusação de desvirtuar a juventude e a “de não acreditar nos deuses em que o povo acredita,
e sim em outras divindades novas”. (PLATÃO, 2000, pág. 48). O que
Sócrates faz em todo o seu discurso é mostrar que não prejudicou a juventude e
não foi sacrílego em relação aos deuses do Estado.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Na versão veiculada por
Aristófanes, chamada “As Nuvens”, é apresentada uma caricatura de Sócrates antes
mesmo de o mestre ateniense desempenhar a atividade missionária de que se
julgou incumbido por Apolo. As palavras de Pessanha ressaltam este detalhe:</div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 70.9pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 4.0cm;">
<span style="font-size: 10pt;">O
depoimento de Aristófanes sobre Sócrates possui assim – para muitos historiadores
– certo fundamento, sobretudo em relação ao Sócrates que ainda não havia sido
tocado pela palavra do oráculo. Mesmo porque o efeito de comicidade a que
visava Aristófanes não teria nenhum resultado se a caricatura traçada não
apresentasse, aos olhos do público, alguma semelhança com o modelo real.
(PESSANHA, 2000, pág. 46).</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 70.9pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
A expressão “ainda não havia sido tocado pela palavra do
oráculo<i style="mso-bidi-font-style: normal;">”, </i>é pertinente, pois,
mesmo que despretensiosamente, dirige a discussão para o fator religioso na
vida de Sócrates. As palavras de Pessanha já dão um indício de que se concebe
um caráter religioso na pessoa do mestre ateniense.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Outro texto chave para esta
discussão é “Ditos e feitos memoráveis de Sócrates”. No primeiro capítulo do
livro I, Xenofonte, sempre apresentando uma imagem hiperbólica de seu mestre,
esboça a acusação elaborada contra o filósofo de “não reverenciar os deuses que
cultua o Estado e introduzir extravagâncias demoníacas.” (XENOFONTE, 2000, pág.
79). A defesa do autor diz que Sócrates “fazia sacrifícios frequentes às
abertas, ora em casa, ora nos altares públicos...” além de recorrer à arte
divinatória. Xenofonte acrescenta que “Sócrates falava o que sentia, dizendo-se
inspirado por um demônio.” (XENOFONTE, 2000, pág. 79). Não se entendendo demônio
neste contexto como se entende no contexto do cristianismo. No cristianismo,
demônio é uma entidade espiritual contraposta à Trindade divina, instigadora de
toda sorte de males e desobediência ao deus cristão. (O’GRADY, 1991, págs. 23 -
32). No caso de Sócrates a conceituação é diametralmente oposta. Demônio é
identificado com uma “espécie de voz interior”. (PESSANHA, 2000, pág. 25).
Neste caso não indicando qualquer semelhança com o demônio do cristianismo. No
caso de Sócrates, pode-se entender como a voz da consciência. A dúvida se
instala: um homem como Sócrates, não saberia distinguir entre o que ele chamava
de “demônio” e a voz de sua consciência? Ou ambas as realidades seriam sinonímicas?</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
No terceiro capítulo do mesmo
livro, Xenofonte retoma a temática da religião em Sócrates, dizendo: “No que
diz respeito aos deuses, agia e falava de acordo com as respostas que dá a
Pítia sobre como deve agir em relação aos sacrifícios.” (XENOFONTE, 2000, pág.
99). Pode-se entender que a indução do texto está na direção de que seu mestre
era alguém compromissado com o Oráculo. O autor, engajado numa defesa de que
seu mestre era religioso sem a mácula apresentada como acusação, diz que
Sócrates “louvava este verso: ‘Ofertai
aos deuses imortais conforme vossas posses’.” (XENOFONTE, 2000, pág.
100). Encontra-se aqui um religioso dado às atividades cúlticas com seus
rituais litúrgicos. É a imagem de um religioso que, tanto comunitária, quanto
individualmente, cultua o seu deus. Portanto, esta é a imagem de um Sócrates religioso,
encontrada em Xenofonte.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Tovar enfoca que a imagem
socrática veiculada por Xenofonte, admitida no século XVIII, não consegue o
mesmo efeito de testemunho nos dias atuais. (TOVAR, 1966, pág. 31). Mesmo nesta
condição, considerando que a imagem religiosa de Sócrates passada por Xenofonte
concilia-se com a imagem socrática de Platão, não há porque desconsiderá-la.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Outros depoimentos existem,
como o de Aristóteles, um de Diógenes Laércio (século III d. C), já bem
tardiamente. (PESSANHA, 2000, pág. 16). Pessanha ressalva que a interpretação
de Aristóteles sobre Sócrates “é vista com reservas pelos historiadores, pois o
Estagirita sempre ‘aristoteliza’ o pensamento de seus antecessores”. (PESSANHA,
2000, pág. 16). Mas quem poderia ser absoluto em dizer que Platão não platoniza
Sócrates?</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Marilena Chauí, tratando do
“Problema Sócrates”, é expressiva ao apresentar, mesmo que sucintamente, como a
querela se processou e a chegada a uma possível síntese: “um Sócrates
provável”. Textualmente, Chauí diz:</div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 70.9pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 4.0cm;">
<span style="font-size: 10pt;">Finalmente,
os estudos mais recentes desistiram de procurar e encontrar o “verdadeiro” Sócrates
ou o Sócrates “autêntico” e se contentam com um Sócrates provável, resultado da
combinação dos diferentes testemunhos.</span> <span style="font-size: 10pt;">(CHAUÍ,
1994, pág. 139)</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Mesmo assim, Chauí diz
literalmente que a fonte mais respeitável é Platão. Afirmar Platão como fonte
mais respeitável não é algo sem o devido fundamento. Segundo Antonio Tovar, “a
revalidação de Platão como fonte histórica é obra do grande Schleiermacher.” (TOVAR,
1966, pág. 31). É interessante esta observação, pois que este mesmo
Schleiermacher (1768-1834), teólogo e filósofo protestante, considerado o
fundador da hermenêutica moderna, contribuiu também para a discussão sobre o
problema do “Jesus histórico”. (GIBELLINI, 1998, pág. 57 - 70). Problema este
que já passou por semelhantes entraves aos do “Problema socrático” e que o
consenso teológico aponta também para um “Jesus provável”.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Assim sendo, embora
sucintamente, as versões socráticas acima apresentadas são suficientes para o
enfoque deste trabalho, de vez que outras a mais não acrescentariam material
que alterasse a conclusão.</div>
<h1>
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">A consciência de
Sócrates quanto a sua missão divina</span></span></h1>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Pode-se falar sobre uma
consciência de Sócrates no sentido de sua missão realizar-se por indução
divina?</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
O livro “A República” é
iniciado com Sócrates dizendo: “fui ontem ao Pireu com Glauco [...] com o
objetivo de fazer minhas orações à deusa [...]”<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">[1]</span></span></span></span></a>.
(PLATÃO, 2000, pág. 11). Sócrates era um homem de fazer orações. Mesmo que o
mero fato de fazer oração não indique que alguém seja devidamente compromissado
com a divindade, no caso de Sócrates, essa é uma informação importante, pois
que o revela como alguém que levava a sério a sua comunicação com uma
divindade. Não há como se pensar em Sócrates como um inconseqüente; como alguém
que praticasse ação qualquer sem a devida reflexão. A própria construção do
texto leva à reflexão. “Com o objetivo
de fazer minhas orações à deusa.” Ora, de antemão se coloca que a ida
possuía um objetivo. Não se conceberia Sócrates como um homem que andasse por
aí aleatoriamente. Não era uma ida qualquer ao Pireu. Havia um objetivo específico.
O objetivo era orar. É sugestivo para a reflexão a referência ao pronome possessivo
“minhas” quando diz: “minhas orações”. Traz a conotação de que as orações eram
tidas pelo filósofo como algo particular mesmo. Um momento de comunhão entre
ele e sua deusa. Afinal, é ele mesmo que aconselha que se busque o parecer
divino sobre questões de importância para as quais os seus contemporâneos não
tinham respostas em si mesmos.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Na “Apologia de Sócrates”, o
servo do deus de Delfos, (o filósofo assim se entende) é apresentado como
alguém completamente compromissado com a missão de filosofar por obediência ao
ser divino. De início, ressalta-se a acusação que é impetrada contra Sócrates
por seus inimigos: Meleto e Anito. A acusação: “Sócrates é réu de pesquisar sem
discrição o que existe sob a terra e nos céus. De fazer que prevaleça a razão
mais fraca e de ensinar aos outros o mesmo comportamento.” (<span style="text-transform: uppercase;">Platão</span>, 2000, pág. 42). Percebe-se um
sentido vago nesta acusação, embora a mesma tenha tomado algum tempo da defesa
do mestre. A outra acusação apresentada é: “Sócrates é réu de corromper os jovens e de não acreditar nos deuses em
que o povo acredita, e, sim em outras divindades novas”. (<i>Ibid</i>,
pág. 48). Esta segunda acusação é, na verdade, a que vai mexer com o raciocínio
do mestre ateniense. A referência a uma não crença nos deuses conhecidos e a
apresentação de outras divindades são ítens por demais valiosos, pois que
indicam o tom religioso do processo lançado sobre Sócrates. Haveria como não se
chegar a esta constatação? Pois é justamente desta acusação que Sócrates vai se
defender, não somente isentando-se de ser corruptor da juventude, como também
mostrando que é tão bom religioso quanto aquele que a divindade estima.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Empenhando-se em sua defesa,
Sócrates, em várias partes do texto, é apresentado como consciente de sua
missão por obediência à divindade. Sócrates chega mesmo a citar o testemunho do
deus Apolo: “Para testemunhar a minha
ciência... vos trarei o deus de Delfos.” (<span style="text-transform: uppercase;">Platão</span>, 2000, pág. 44). O mestre passa então a fazer
referência a Querefonte<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">[2]</span></span></span></span></a>,
seu amigo de infância, o qual interrogara ao Oráculo de Delfos sobre quem era
mais sábio do que Sócrates. A resposta do Oráculo foi de que não havia ninguém
mais sábio do que ele. O testemunho reclamado é veiculado pela Pítia,
sacerdotisa do tempo de Delfos. E em segundo plano pelo amigo Querefonte.
Sócrates mesmo não foi diretamente abordado. Mas isso não anula o mérito da palavra
ser divina. Aconteceram os testemunhos da Pítia e do amigo, testemunhos dignos
de confiança para o filósofo. Em obediência, o filósofo parte para verificar a
sabedoria dos seus contemporâneos.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Na verdade, antes de qualquer
ação missionária, Sócrates conjeturou sobre as palavras do deus. Prática bem
comum na vida daqueles que passam por uma experiência religiosa do tipo aqui
abordado. O texto abaixo expressa o questionamento de Sócrates:</div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 4.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 4.0cm;">
<span style="font-size: 10pt;">Que quererá dizer o deus? Que sentido oculto
colocou na resposta? Eu não tenho consciência de ser nem muito sábio nem pouco;
que quererá ele, então, significar declarando-me o mais sábio? Logicamente não
está mentindo, porque isso lhe é impossível</span><span style="font-size: 10pt;">.</span>
<span style="font-size: 10pt;">(<span style="text-transform: uppercase;">Platão</span>,
2000, pág. 44).</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Primeiro, Sócrates parece
entender que o deus não é superficial. Há mais do que o evidente em suas
palavras. Estaria como que reconhecendo a profundidade que existe na palavra
divina. Em segundo plano, ele reconhece a sua relativa ignorância. Por fim,
entende que, dada a impossibilidade de se projetar mentira dos lábios divinos,
a conclusão é de que a sabedoria está com ele. Mas o que significa isto? Que
sabedoria será esta? É interessante observar que esta visão da divindade, entendida
por Sócrates, choca-se de frente com a concepção divino-mitológica dos gregos.
As divindades gregas eram passíveis de erros à semelhança dos homens. No
entanto, a visão de Sócrates sobre o deus de Delfos, era de um ser que, além de
profundo em seus significados, não pode mentir. Disto pode-se deduzir que o
mestre teologava de maneira bem oposta aos seus contemporâneos. O que poderia
indicar, para os seus acusadores, a introdução de novas divindades. Quando, na
verdade, era uma concepção teológica apenas divergente da concebida e
sancionada pelo Estado.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Sócrates, pois, lança-se na
empreitada de investigação da sabedoria dos seus contemporâneos, chegando, como
não é de se estranhar, a causar ódio em muitos. Conclusivamente
ele diz: “Por isso, não parei esta investigação até hoje, vagueando e
interrogando, de acordo com o deus”. (<span style="text-transform: uppercase;">Platão</span>,
2000, pág. 47).</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Outro momento no qual Sócrates
expressa a sua convicção, acontece “[...] quando um deus, como eu acreditava e admitia, me mandava levar vida de
filósofo [...]”. (<span style="text-transform: uppercase;">Platão</span>,
2000, pág. 55). Este fragmento aponta realidades da sua convicção religiosa que
são consideravelmente elucidativas. Observe-se que o texto diz: “acreditava e
admitia”. Dois pontos importantes: crer e admitir. Crer somente não implica em obedecer. Mas a sua
crença era completa, visto está ratificada pela admissão. Admitir implica na
aceitação da incumbência crida. Outro aspecto importantíssimo da última citação
refere-se a “levar vida de filósofo”. Este detalhe é luminoso neste enfoque,
visto indicar que a vida de Sócrates, não meramente partes estanques da mesma,
estava fundamentada num imperativo categórico da divindade. Neste mesmo
momento, Sócrates arremata: “Tais são
as ordens que o deus me deu, ficai certos. E eu acredito que jamais aconteceu à
cidade maior bem que minha obediência ao deus.” (<span style="text-transform: uppercase;">Platão</span>, 2000, pág. 57). Tal é a compreensão de Sócrates sobre
si mesmo, chegando a hiperbolizar o seu valor para a cidade. “Podeis reconhecer
que sou bem um homem dado pelo deus à cidade por esta reflexão”. (<span style="text-transform: uppercase;">Platão</span>, 2000, pág. 58). Palavra bem característica
de um profeta em missão. O
fenômeno profético em várias religiões é alicerçado nas premissas de uma
vocação e um imperativo divinos, assim entendidos pelo escolhido. Vemos isto
semelhantemente nas religiões judaica, islâmica e cristã. O profeta judeu,
Jeremias (626 – 609 a.
C), por exemplo, escreve: “a mim me veio a palavra do Senhor, dizendo: Vai, e
clama aos ouvidos de Jerusalém [...]”. (<span style="text-transform: uppercase;">PLAMPIN</span>,
1987, pág. 20). Do mesmo modo que Jeremias se entendeu como enviado à capital
judaica, Sócrates assim se entendia em relação a Atenas. Jeremias foi dado pelo
seu deus a Jerusalém; Sócrates, a Atenas.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Sócrates chama para auxiliar a
sua defesa, várias instâncias de sua vida. Sem dúvida que é retórica a
convocação do seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ethos</i> pessoal para
auxiliá-lo. Pode-se dizer que sua relação com a divindade, como ele a concebe,
leva também em consideração um fenômeno pelo qual passa desde criança: “uma
inspiração que me vem de um<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>deus ou de um gênio (demônio); [...] Isso
começou em minha infância; é uma voz que se produz e, quando se produz, sempre
me desvia do que vou fazer [...]”. (<span style="text-transform: uppercase;">Platão</span>,
2000, pág. 59). Sócrates entende este fenômeno como devido à intervenção do
deus em sua vida. Na verdade, “o dado
místico” impregna a consciência de Sócrates: oráculos, sonhos, “outros
meios” (a voz que ele ouvia desde criança?). É possível que a referência à fase
de criança leve o seu ouvinte a pensar sobre o tempo de experiência que o
filósofo tem de convivência com estes “contatos” divinos. Evidente que o fator
tempo numa experiência conta muito bem como argumento retórico. Mas isto não
anula a informação que parece ser superlativa para o mestre ateniense. E
Sócrates continua expondo a sua convicção: “eu vos disse toda a verdade [...] faço-o por uma determinação divina,
vinda não só por meio do oráculo, mas também de sonhos e de todas as vias pelas
quais o homem recebe ordens dos deuses.” (<span style="text-transform: uppercase;">Platão</span>, 2000, pág. 61). Forma-se assim uma compreensão da
consciência religiosa de Sócrates em face destes episódios.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Tovar comenta, comparando
Sócrates com Solón, herói ateniense:</div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 70.9pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 4.0cm;">
<span style="font-size: 10pt;">Como
Solón, (Sócrates) adorava as divindades recebidas, desejava a sua glória e temia
a Zeus, que governava as nuvens e depois da tempestade descia sempre as cortinas
do céu azul. Pensava Sócrates, como Solón, [...] que a justiça tem uma sanção
divina e que aquele que comete um pecado termina sempre por pagá-lo.</span> <span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10pt;">(<span style="text-transform: uppercase;">TOVAR</span>, 1966, pág. 63).<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="ES-TRAD" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;">[3]</span></span></span></span></a></span><span lang="ES-TRAD"></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
<span lang="ES-TRAD"> </span>Esta citação faz referência à
justiça, um dos temas abordado pelo mestre ateniense. O comentário é de que
Sócrates concebia a justiça como tendo sanção divina. E não seria de estranhar,
pois para quem levava vida de filósofo por imperativo divino, não deixaria de
pensar a ética pelo prisma do deus. A compreensão socrática sobre o pecado como
merecendo a pena divina, ratifica o seu lado de pensador também teológico.
Concebe o mestre que o deus está a interferir diretamente nas ações humanas,
aplicando suas sanções sobre aqueles que não são devidamente justos.</div>
<div class="MsoBodyText">
Outro
comentário de Tovar, entitulado: “Sócrates en la religión helénica”<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">[4]</span></span></span></span></a>
diz:</div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 70.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 4.0cm;">
<span style="font-size: 10pt;">É
evidente que o oráculo de Delfos converte-se para Sócrates em consciência de
missão, em consigna para sua vida. Basta ler a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Apología</i> platónica para convencer-se. O oráculo é a chave da
mudança súbita na vida de Sócrates, tal como se nos relata no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Fedón</i>, e que oferece os caracteres de
una verdadeira <i style="mso-bidi-font-style: normal;">conversão</i> de tipo
religioso, mais semelhante àquela que acontece entre cristãos que a qualquer
experiência espiritual entre filósofos antigos. Religiosa é, pois, a
consciência que tem Sócrates de reformador.</span> <span style="font-size: 10pt;">(T<span style="text-transform: uppercase;">oVAR</span>, 1966, págS. 166 e 167).<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;">[5]</span></span></span></span></a></span></div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
É bem
forte esta comparação feita por Tovar quanto à conversão religiosa. O fato de a
experiência de Sócrates “oferecer os caracteres de uma verdadeira conversão” é
ponto sugestivo para a reflexão. O autor coloca Sócrates bem fundado num
contexto religioso. Por se tratar de conversão e por assemelhá-la à acontecida
no cristianismo, Tovar abre espaço, nas entrelinhas, para se compreender
Sócrates como alguém que tem como alicerce de sua vida a religião. O que não é
de estranhar, pois que o próprio mestre diz que o deus ordenou-lhe “levar vida
de filósofo”. Se antes não havia esta consciência, após a suposta conversão
passou a haver.</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
Mesmo sendo também lacônico
quanto ao aspecto religioso da vida de Sócrates, Werner Jaeger diz:</div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 4.0cm;">
<span style="font-size: 10pt;">Abundam
extraordinariamente nos socráticos as passagens em que se fala do cuidado da
alma ou da preocupação com a alma, como a missão suprema do Homem. Deparamos
aqui com a medula da própria consciência que Sócrates tinha da sua tarefa e da
sua missão: uma missão educacional, que interpreta a si próprio como <i>serviço
de Deus</i>. Este caráter religioso da sua missão baseia-se no fato de ser
precisamente do <i>cuidado da alma</i> que se trata, pois a alma é para ele o
que há de divino no Homem.</span> <span style="font-size: 10pt;">(JAEGER, 1994,
pág. 528 – Grifo nosso).</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
Note-se
que, com estas palavras, mesmo não dedicando espaço considerável ao assunto,
Jaeger se enfileira com outros autores quanto a entender a missão de Sócrates
vinculada à realidade religiosa. Ele é categórico quando escreve: “caráter
religioso da sua missão”. Chega mesmo a admitir que a missão de Sócrates era
religiosa. O “cuidado da alma”, citado por esse autor, é elucidativo, pois que
é a abordagem socrática sobre a alma que vai influenciar os seguidores de Jesus
na abordagem teológica sobre a alma humana, a partir do século II d. C. Muito
da obra patrística apresenta aspectos que podem ser referenciados com o
conceito de alma em
Sócrates. A esta altura, com esta relação acima apresentada,
é digno de destaque o caso do mártir São Justino que, em 155 d. C. identificou
Sócrates como cristão, visto ter o mesmo vivido no Logos. O que para ele
significava, no próprio Cristo. (<span style="text-transform: uppercase;">BERGE</span>,
1996, pág. 11). Não esquecendo que, mesmo em tempos pósteros, Sócrates referencia
o espiritual. Não é possível que toda esta compreensão sobre o mestre ateniense
fosse equivocada. Não se trata, evidentemente, de querer provar que Sócrates
serviria como fundador de religião, mas de constatar em sua vida uma
religiosidade compromissada e justificativa de sua ação.</div>
<div class="MsoBodyText">
A questão
que se pode colocar é: considerando que a compreensão teológica veiculada por
Sócrates, de um modo ou de outro expressa em sua filosofia, distanciava-o da
visão de divindade ou de religiosidade concebida pelos atenienses, não teria
sido, aos olhos de seus acusadores, devidamente colocada a acusação que lhe
imputaram, e não meramente um artifício para se livrarem de um inimigo, no
caso, Sócrates? Este assunto é bastante complexo para alguns. O que se pode
sugerir além do dado religioso no processo, é que a acusação recaiu sobre o
filósofo visto ter sido ele educador de Alcibíades e Crítias os quais traíram a
democracia ateniense. (<span style="text-transform: uppercase;">barsa</span>,
1999, pág. 300 – Verbete sobre Sócrates). O que se constitui num dado político
e que também substancia a acusação de corrupção à juventude. Sócrates, na interpretação
de seus acusadores, pôs-se contra o Estado e contra a divindade. Nada mais
justo que penitenciá-lo.</div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
Esta temática continuará com outros tópicos.</div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="mso-outline-level: 1;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">BIBLIOGRAFIA</b></div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
BARSA, Nova Enciclopédia. – São Paulo: Encyclopaedia
Britânica do Brasil Puclicações, 1999. Vol. 13. 506 págs.</div>
<div class="MsoBodyText">
BERGE, Damião. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
lógos heraclítico: introdução ao estudo dos fragmentos</i>. Rio de Janeiro.
Instituto Nacional do Livro, 1996.</div>
<div class="MsoBodyText">
<span lang="ES-TRAD">CHAUÍ,
Marilena de Souza. </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Introdução à
história da filosofia: dos pré-socráticos a aristóteles</i>. Vol. I. 3ª edição.
São Paulo. Brasiliense, 1994.</div>
<div class="MsoBodyText">
GIBELLINI, Rosino. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
teologia do século XX</i>. São Paulo. Edições Loyola. 1998. Págs. 591.</div>
<div class="MsoBodyText">
JAEGER, Werner Wilhelm. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Paidéia: a formação do homem grego</i>. 3ª edição. São Paulo. Martins
Fontes. 1994. 1413 págs.</div>
<div class="MsoBodyText">
O’GRADY, Joan. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Satã,
o príncipe das trevas.</i> São Paulo. Editora Mercuryo Ltda, 1991. 189 págs.</div>
<div class="MsoBodyText">
PESSANHA, José Américo Motta (Consultoria). <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Vida e obra</i> (de Sócrates). In: Os pensadores:
Sócrates. São Paulo. Editora Nova Cultural, 2000. 287 págs.</div>
<div class="MsoBodyText">
PLATÃO. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A república</i>.
São Paulo: Editora Martin Claret. Coleção a obra prima de cada autor. 2000.</div>
<div class="MsoBodyText">
PLATÃO. A apologia de Sócrates. In: Os pensadores:
Sócrates. São Paulo. Editora Nova Cultura, 2000. <span lang="ES-TRAD">287 págs.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
PLAMPIN, Richard T. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Jeremias:
Seu ministério, Sua mensagem.</i> Rio de Janeiro. Junta de Educação Religiosa e
Publicações, 1987. 193 págs.</div>
<div class="MsoBodyText">
TOVAR Antonio. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Vida
de sócrates</i>. 3ª edição. Madrid (Espanha). Editora <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Revista de Occidente, S. A.</i> 1966. 498 págs.</div>
<div class="MsoBodyText">
XENOFONTE. <i>Ditos e feitos memoráveis de Sócrates</i>.
In: Os pensadores: Sócrates. São Paulo. Editora Nova Cultura, 2000. <span lang="ES-TRAD">287 págs.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="ES-TRAD">Willians Moreira
Damasceno</span></i></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<div id="ftn1" style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9pt;">[1]</span></span></span></a>
Bêndis, deusa trácia que se
confundia com Ártemis.</div>
</div>
<div id="ftn2" style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9pt;">[2]</span></span></span></a>
algumas
versões trazem Xenofonte.</div>
</div>
<div id="ftn3" style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-left: 7.1pt; text-indent: -7.1pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9pt;">[3]</span></span></span></a><span lang="ES-TRAD"> “</span>Como Solón, (Sócrates) adoraba a las divindades
recibidas, deseaba la gloria e temía a Zeus, que gobernaba las nubes y después
de la tempestad descorría siempre las cortinas del cielo azul. Pensaba
Sócrates, como Solón, aunque interiorizase más esta creencia, que la justicia
tiene una sanción divina y que el que comete un pecado termina siempre por
pagarlo.”<span lang="ES-TRAD"></span></div>
</div>
<div id="ftn4" style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-left: 7.1pt; text-align: justify; text-indent: -7.1pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9pt;">[4]</span></span></span></a>
Mesmo
tendo este título, o autor não explora o tema da missão religiosa de Sócrates;
na verdade, sobre isto é lacônico.</div>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-left: 7.1pt; text-indent: -7.1pt;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref5" name="_ftn5" style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9pt;">[5]</span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"> Es evidente que el oráculo de Delfos se convierte para Sócrates en
conciencia de misión, en consigna para su vida. Basta leer la <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Apología</i>
platónica para convencerse. El oráculo es la clave del cambio súbito en la vida
de Sócrates, tal como se nos relata en el <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Fedón</i>,
y que ofrece los caracteres de una verdadera <i style="mso-bidi-font-style: normal;">conversión</i> de tipo religioso, más semejante a la que se da ya entre
cristianos que a ninguna peripecia espiritual en filósofos antiguos. Religiosa
es, pues, la conciencia que tiene Sócrates de reformador.</span><span lang="ES-TRAD"></span></div>
</div>
</div>Willians Moreira Damascenohttp://www.blogger.com/profile/14426067052361512202noreply@blogger.com1Natal - RN, Brasil-5.7944785 -35.2109531-5.920859 -35.368881599999995 -5.6680980000000005 -35.0530246tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-15010717277745669472011-11-18T07:51:00.001-03:002012-03-11T21:36:11.204-03:00GATOS<p style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal" align="center"><font size="3" face="Times New Roman"> </font></p> <p style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span> </span>Houve uma fase em minha vida, na qual desfrutei do convívio com muitos gatos. A experiência foi sem dúvida interessante. Afinal, relacionar-se com gato é uma via de aprendizagem de grandes lições.</font></font></p> <p style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span> </span>Em certo momento daquela fase, foram cerca de dezessete gatos que consegui contar na minha lembrança. Pude observar que cada gato, além do que é comum à espécie, possuía características peculiares, e naqueles casos, alguns eram bem interessantes. Lembro-me de um casal de gatos que presenciei em minha casa. Ele chegou por ação de um amigo; ela, chegou como presente de uma amiga. Depois de algum tempo, observando o casal de felinos, vieram os seus nomes. A ele dei o nome de "Funlim"; a ela, "Funsu". As pessoas que visitam a casa achavam os nomes interessantes, achando que eram nomes chineses. Eu apenas ria. Quando perguntavam o que significavam os nomes e eu explicava, riam à vontade. A explicação era simples. A minha observação de ambos, e em especial de Funsu, deu-me a ideia dos nomes. Dei o nome de "Funlim" ao gatinho por conta do contraste entre ele e a gatinha. Ele sempre procurava local com terra para fazer suas necessidades e sempre se limpava bem. A gatinha tinha um procedimento estranho: Quando eu a via "puxando" terra no mosaico, corria logo para colocá-la para fora de casa. Pois se não fizesse assim, ela faria suas necessidades ali mesmo, dentro de casa. E para piorar, nunca se limpava. Daí os nomes de ambos: o gato, que se limpava, tinha o <span style="TEXT-TRANSFORM: uppercase">fun</span>do <span style="TEXT-TRANSFORM: uppercase">lim</span>po; a gatinha tinha o <span style="TEXT-TRANSFORM: uppercase">fun</span>do <span style="TEXT-TRANSFORM: uppercase">su</span>jo. Entendeu? As pessoas riam a bessa por conta disso. Eu nunca vi entre os gatos um procedimento tão estranho como o daquela gatinha. Se alguém já viu, conte-me!</font></font></p> <p style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span> </span>Lembro-me de um gato de cor branca; e seu nome ficou "Branquinho". Ele chegou de forma inusitada: Escutei um miado de angústia numa parte da casa, nos fundos. Corri para lá. Observei o bichinho preso entre os caibros. Subi por uma escada e o tirei de lá. Ele era mansinho. E se fossemos compará-lo com humanos, seria de uma estatura alta. Ele era esguio e bem aprumado. Passou bons dias lá em casa. Não me lembro do fim que ele levou.</font></font></p> <p style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span> </span>A gata que demorou mais tempo lá em casa foi uma que recebeu o nome de Shana. Eu a encontrei novinha, novinha, no meio da rua. Os carros passando, mão e contramão, e ela no meio da via, parada, entre os carros que transitavam. Deixei o trânsito facilitar, corri e a apanhei, levando-a para casa. Ela estava fraquinha, fraquinha. Dei leite. Assim que o mundo clareou para ela, virou uma fera, apesar de muito pequena. Por algum tempo, ela "puxava" leite nos peitinhos de Bolinha, a cadela da casa. Com paciência, Shana se tornou mansinha.</font></font></p> <p style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span> </span>Mas houve um dia em que ela abusou das regalias da casa. Passou algumas madrugadas correndo, em cio, no forro da casa. Escutavam-se uns sons de "rauuuuuu" que ecoavam por toda a casa. Era um tormento terrível. Era "raul" para lá; "raul" para cá, que não tinha quem dormisse. Tomei a resolução de "entregá-la à natureza" no dia seguinte. Foi o que fiz. Na manhã seguinte, ela não queria descer do telhado. Movimentei um pedaço de carne no ar. Com pouco tempo ela desceu. Coloquei-a num saco; depois no carro e fui a um lugar que entendi adequado para deixá-la. Ela não conseguiu voltar.</font></font></p> <p style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman"><span> </span>Houve outro gato que era terrível. Recebeu o nome de "Zé miento". Entendeu porquê, sim? Pois é! Miava o tempo todo. Não tinha quem aguentasse.</font></font></p> <div style="TEXT-INDENT: 35.4pt; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><font size="3"><font face="Times New Roman">O doloroso naquela experiência era ver gatos sendo maltratados por humanos, e ainda hoje tenho a mesma sensação. Aliás, não só em relação aos gatos, mas em relação a todos os animais. Como um ser pode ser tão mau, ao ponto de maltratar os indefesos, tanto de sua mesma espécie como de espécies outras?</font></font></div> <div style="TEXT-INDENT: 35.4pt; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal" align="right"><font size="3"><font face="Times New Roman">Willians Moreira Damasceno</font></font></div> Anonymousnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-67834827308533408642011-10-19T12:01:00.000-03:002011-10-19T22:53:00.873-03:00PROBLEMAS EM CONCÍLIOS PARA CANDIDATOS AO PASTORADO<div dir="ltr"><p class="MsoNormal" align="center" style="text-align:center"></p><p class="MsoNormal" align="center" style="text-align: center; "></p><p class="MsoNormal" align="center" style="text-align:center"> </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span class="apple-style-span"><span style="color:black">Desde os tempos em que fui seminarista, lá pelos idos 1979 a 1983, frequentei, e ainda frequento, os eventos conciliares para ordenação de seminaristas ao pastorado. Sempre me detenho em observar os tipos de perguntas e como as mesmas eram, e são, apresentadas aos candidatos. Nesses eventos, sempre me intrigaram as</span></span><span class="apple-converted-space"><span style="color:black"> </span></span><span class="apple-style-span"><b><span style="color:black">perguntas retóricas</span></b><span style="color:black">, as</span></span><span class="apple-converted-space"><span style="color:black"> </span></span><span class="apple-style-span"><b><span style="color:black">"cascas de banana"</span></b></span><span class="apple-converted-space"><span style="color:black"> </span></span><span class="apple-style-span"><span style="color:black">e as</span></span><span class="apple-converted-space"><span style="color:black"> </span></span><span class="apple-style-span"><b><span style="color:black">perguntas para as quais as respostas fogem ao consenso doutrinário dos Batistas</span></b><span style="color:black">. Por este prisma, parece que o problema dos concílios não são os candidatos, mas os examinadores (quase escrevo: exterminadores, pois que, no mais das vezes, aniquilam um bom senso razoável).</span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="color:black">A referência a<span class="apple-converted-space"> </span><b>perguntas retóricas</b><span class="apple-converted-space"> </span>leva em consideração o fato de que há certas questões cujas respostas são conhecidas mesmo antes de sua emissão. Perguntas como: Você pretende ter um bom relacionamento com a Ordem dos Pastores?; Se você encontrar um dinheiro, esquecido pelo tesoureiro da igreja após o culto, você entrega a quantia ao responsável ou fica com ela?; Se uma irmã da igreja insinuar-se para você, qual será sua reação? Você seguirá as decisões da assembléia administrativa de sua igreja? Para estas perguntas e outras do tipo, que resposta espera-se do candidato? Por acaso, a resposta fugirá ao esperado? No entanto, esse tipo de pergunta é apresentado ao candidato, por parte do examinador, com a maior aparência de sabedoria.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="color:black">Quanto às<span class="apple-converted-space"> </span><b>cascas de banana</b>, são feitas abordagens com a intenção, aparente ou não, de encurralar o candidato e vê-lo ficar nervoso ou na condição de ignorante; perguntas que não são prerrequisitos para habilitação ao pastorado, até porque ninguém é obrigado a saber de tudo, mas apenas o necessário à sua aprovação. Perguntas do tipo: qual o assunto da carta aos colossenses? Perguntas sobre calvinismo e arminianismo, como se essas posições teológicas esgotassem as possibilidades de enxergar a soteriologia e os batistas fossem unânimes sobre esse ponto. Neste particular, lembro-me da pergunta que me foi feita, no meu concílio: Qual o termo do pastor? Eu fiquei a pensar, mas não conseguia responder. Um dos presentes insurgiu-se e bravejou: "Diz a ele para ser objetivo!". Infelizmente o tal examinador não foi objetivo.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="color:black">Por fim, as<span class="apple-converted-space"> </span><b>respostas que fogem ao consenso doutrinário dos Batistas</b>. Nesse particular, entendam-se as questões que não encontram acordo nas respostas entre as cabeças pensantes da denominação e muito menos entre os leigos, por mais que se esmerem na busca de acordos ideológicos. Há questões que jamais serão definidas de forma a um entendimento unânime na compreensão sobre as mesmas. São aquelas perguntas sobre a posição escatológica assumida pelo candidato; perguntas sobre a posição teológica do candidato sobre o tipo de ceia correto; perguntas sobre o tempo da grande tribulação; e outras nessa esteira. São questões que não encontram unanimidade nas respostas por parte dos teólogos batistas.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="color:black">Em função destes pontos apresentados, parece haver a necessidade de que os examinadores também sejam orientados sobre como serem mais objetivos e racionais em suas inquirições. Parece ser também necessário uma orientação sobre uma objetividade nas questões pertinentes. Estas questões são aquelas que não devem faltar num concílio, mas que devido à falta de preparação do examinador, são esquecidas ou mal elaboradas, muitas vezes prejudicando o examinando.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="color:black">A esperança é que, quem sabe, um dia haja um melhor direcionamento nos concílios e uma satisfação mais recomendável aos futuros participantes.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="color:black">Antes que eu esqueça: A resposta quanto a qual seja "o termo do pastor", acreditem, é o termo "ternura". E o texto bíblico: Salmo 23. Pasmem!</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:35.4pt"><span style="color:black">Finalizo, parabenizando aos que conseguem se safar de examinadores medíocres, os quais se portam como se fossem sumidades nos assuntos conciliares.</span></p> <p class="MsoNormal" align="right" style="text-align:right"><span style="color: black">Willians Moreira Damasceno</span></p><p></p><p></p><div> </div></div> Anonymousnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-70604784725630691182011-08-03T21:04:00.000-03:002012-08-02T00:31:30.667-03:00A INFLUÊNCIA DA RELIGIÃO AFRICANA NO BRASIL<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: arial; font-size: x-small;">O texto a seguir foi escrito no ano 2000. Algumas arestas são identificáveis. Considere-se, no entanto, a pertinência do assunto; e que sejam apresentadas observações.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O fenômeno religioso sempre esteve presente na história do Brasil. Aqui, são encontradas quatro manifestações básicas deste fenômeno: O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">catolicismo</i>, trazido pelos portugueses; o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">culto africano</i>, trazido pelos negros escravos; o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">protestantismo</i>, transculturado por missionários da América do Norte e da Europa, e a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">religião dos nativos</i>. Destas quatro manifestações, interessa a este ensaio tratar sobre o culto africano. Nesta “trilha” procura-se mostrar que a influência da religião africana é uma realidade patente, abrangente e desenvolvente no Brasil; tanto pela miscigenação genética, como pelo intercâmbio e pela miscigenação culturais. O prisma desta abordagem transcorre basicamente pelas dimensões sócio-cultural e antropológica. Intenciona-se identificar quatro fatores, considerados os mais importantes, responsáveis por explicar o porquê desta religião ter resistido a percalços mil e ter influenciado consideravelmente a cultura brasileira. Serão considerados os seguintes fatores: A função catártica; a abertura para o sincretismo; o crescimento demográfico; e respostas fáceis para perguntas complexas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="layout-grid-mode: line;">Não se trata de um texto exaustivo, de vez que seria necessário muito mais tempo e material para uma fundamentação mais consistente. De sorte que esta abordagem deteve-se apenas na pesquisa bibliográfica, relativamente restrita.</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-size: 14pt; layout-grid-mode: line; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: 19px;"><b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; layout-grid-mode: line; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A VINDA DOS NEGROS PARA O BRASIL</span></b></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Negros já existiam em Portugal muito antes do descobrimento do Brasil. Para lá, foram como escravos adquiridos em transações comerciais. Vindo Portugal a invadir as terras brasileiras, entenderam os portugueses que precisariam de mão de obra escrava, em virtude de os nativos brasileiros não se prestarem para tal. Conhecedores que eram da eficiência negra no trabalho escravo, os portugueses não tardaram em lançar mão deste expediente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os navios negreiros chegaram ao Brasil entre os séculos XVI e XIX, trazendo africanos para trabalhar como escravos no Brasil Colônia. Os africanos trazidos pertenciam a civilizações diferentes e provinham das mais variadas regiões da África. Africanos do Congo, de Guiné, do Cabo, de Serra Leoa e de Angola, foram trazidos para o Brasil durante o período da conquista e do desbravamento do Brasil Colônia. Segundo Juana Elbein dos Santos, estes africanos (os Nagô, os Bantu, os Minas, os Daomeanos, os Haúça, os Niam Niam, os Mangbatu, os Kanembu, os Bagirmi, os Bornu, os Kanuri, Os Mandingo, os Ioruba, e outros) “foram distribuídos pelas plantações, espalhados em pequenos grupos por um imenso território, principalmente no centro litorâneo, nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais”<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/A%20INFLUÃNCIA%20DA%20RELIGIÃO%20AFRICANA%20NO%20BRASIL%20-%20revisão%2002-08-2011.doc#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; layout-grid-mode: line; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></span></span></span></a>.</span><span style="font-size: 10pt; layout-grid-mode: line;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Com os africanos viajava também uma religião relativamente estranha aos colonizadores. Cerca de um século depois da abolição da escravatura, a religião considerada feitiçaria, transformou-se em uma das religiões mais conhecidas do Brasil. Se perguntarmos a um brasileiro, em geral, sobre a religião dos negros, sempre haverá uma resposta que não será de todo insatisfatória. Quem gosta de cachaça? Exu. Quem veste branco? Oxalá. Quem recebe oferendas em alguidares (vasos de cerâmica)? O Orixá. E quem adora os orixás? Milhares de brasileiros. O culto africano, com seus batuques e danças, uma festa. Com suas divindades geniosas, uma religião por demais influente no Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Para chegar ao grau de influência ao qual chegou, o culto afro passou por muitas intempéries. Enfrentou barreiras, as mais diversas, desde as circunstâncias inóspitas de sobrevivência nas Senzalas até a resistência da religião dominante do país. A despeito de tais realidades não podemos contestar a influência do culto africano, em especial do Candomblé.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Em vista destes fatos, surge um questionamento por demais pertinente: Que fatores explicam a resistência e a influência que a religião africana conseguiu no Brasil?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
FATORES QUE EXPLICAM A INFLUÊNCIA DA RELIGIÃO AFRICANA NO BRASIL<span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 1cm; text-align: justify; text-indent: -1cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Toda e qualquer religião, para se manter em ação, precisa apresentar certas características fundamentais. Desde os aspectos festivos até o aspecto de caráter moral radical, contribuem para atrair os interessados por soluções religiosas. As religiões são diversas para poderem atender aos mais diversos interessados. Quando não se recebe satisfação em uma, outra haverá de aparecer (geralmente aparece) não sendo extremamente exigente o interessado. Afinal, religião pode ser comparada a restaurante: A adesão é questão de paladar e de apetite.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Valendo a analogia, no cardápio religioso do culto africano fatores há que ajudam para que, desde o princípio, este culto alcance projeção admirável. Podem ser citados pelo menos quatro fatores: a) a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">função catártica</i>; b) a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">abertura para o sincretismo</i>; c) o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">crescimento demográfico dos negros</i>; d) <i style="mso-bidi-font-style: normal;">respostas fáceis para questões complexas</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-variant: small-caps; layout-grid-mode: line;">A Função Catártica</span></b><span style="layout-grid-mode: line;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Esta abordagem não desconhece o caráter patológico que, muitas vezes, é detectado nas manifestações religiosas. Atém-se, no entanto, ao “caráter terapêutico” que é veiculado pela religião; fator este que atuou com um instrumento que facilitou a vida do negro que veio para o Brasil como escravo. Isto é verdade, principalmente considerando as condições em que o africano foi trazido para cá. Segundo Roger Bastide, as religiões do negro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 113.1pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 113.1pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt; layout-grid-mode: line;">estavam ligadas a certas formas de família ou de organização clânica, a meios biogeográficos especiais, floresta tropical ou savana, a estruturas aldeãs e comunitárias. O tráfico negreiro violou tudo isso. E o escravo foi obrigado a se incorporar, quisesse ou não, a um novo tipo de sociedade baseada na família patriarcal, no latifúndio, no regime de castas étnicas<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/A%20INFLUÃNCIA%20DA%20RELIGIÃO%20AFRICANA%20NO%20BRASIL%20-%20revisão%2002-08-2011.doc#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; layout-grid-mode: line; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span></span></span></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;">Por estes dados, fica fácil imaginar o sofrimento que caiu sobre o africano, vendo todos os seus valores culturais atacados e destruídos. Restaram-lhe os seus rituais nos quais encontravam meios de extravasarem suas dores e angústias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Um fator característico das religiões em geral, é a sua função catártica; sua função de permitir ao cultuante o expressar de suas emoções através de cânticos, orações, rituais e de outros expedientes, possibilitando a liberação de muitas das mazelas, conscientes ou inconscientes, vividas pelo ser humano. A função catártica da religião tem motivações as mais diversas, desde aquelas que passam pela imaturidade até àquelas que operam a depuração emocional, permitindo ao cultuante um alívio de suas tensões. No que se refere a esta função, a religião afro possui um instrumento que não se deve descartar quando se trata da busca de fatores que explicam a sua influência: As festas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="layout-grid-mode: line;">Religião que se preza realiza festa. Os encontros religiosos devem ser caracterizados pela alegria. Que ambiente seria mais festivo do que aquele em que atabaques, cânticos, muito ritmo envolvente, atuam sobre o emocional dos presentes? O cultuante precisa ser muito indiferente para impedir que seu corpo e sua mente sigam as batidas rítmicas de um terreiro. O fator <i style="mso-bidi-font-style: normal;">festas</i> carrega consigo o significado do prazer. E quem não deseja prazer? Nas festas dos terreiros sempre há algo novo manifestando-se aos sentidos dos participantes. Algo que, via de regra, não se encontra em religiões tradicionais, elitizadas e dominantes, no sentido político dos termos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="layout-grid-mode: line;">Festa sem música é praticamente impensável! Atabaques, agogô e o xequerê são instrumentos responsáveis pelos ritmos que, reproduzindo as modulações da língua africana iorubá (língua cantada), chegam a mais de quinze ritmos diferentes. Cada casa-de-santo tem até 500 cânticos. Segundo a fé dos praticantes, os versos e as frases rítmicas, repetidos incansavelmente, têm o poder de captar o mundo sobrenatural. Essa música sai dos terreiros no Carnaval (na Bahia, por exemplo) e alcança milhões, revelando a amplitude de sua influência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="layout-grid-mode: line;">Muitas festas estão vinculadas a um calendário litúrgico; outras não têm dia marcado. O fato é que todo dia é dia de festa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="layout-grid-mode: line;">Fato por demais interessante é que estas festas estão associadas aos dias dos santos católicos. As datas podem variar de terreiro para terreiro, mas a festa não deixa de acontecer. De maneira geral o que importa é comemorar o orixá na sua época.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="layout-grid-mode: line;">Estas festas acompanharam os negros por onde andaram, sempre dando alento àqueles corações sofridos. Verdade é que existe uma doutrina, uma filosofia, mas não se pode deixar de admitir que se não fora o clima festivo, seria difícil enfrentar o que por eles foi enfrentado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="layout-grid-mode: line;">Considere-se, pois, que estas festas eram assistidas por muitos que se encontravam nas mesmas condições dos negros. Vulneráveis como eram pelas dificuldades da vida, o caminho estava aberto para a religião africana. Não faltava quem não escapulisse e frequentasse um terreiro. E este fato aponta para o fator que ajuda a abrir as portas para “os de fora”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-variant: small-caps; layout-grid-mode: line;">Abertura para o Sincretismo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Se o português se revelava plástico no contato com outras civilizações, o negro se revelou superlativamente plástico, para quem veio para o Brasil nas suas condições, conseguindo sobreviver às atrocidades e chegando, hoje, a ter influência cultural deveras considerável. A abertura para o sincretismo é espantosa e faz lembrar aqui do texto de Gilberto Freyre, no seu livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Casa Grande & Senzala</i>, que diz: “em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a marca da influência negra</i>” (Grifo nosso).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="layout-grid-mode: line;">Quanto à abertura para o sincretismo, note-se aqui os seguintes aspectos:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="layout-grid-mode: line;">a) <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sincretismo, “uma forma moderna de aculturação”.</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="layout-grid-mode: line;">Roger Bastide apresenta Nina Rodrigues (médico-legista) como o descobridor do sincretismo religioso entre os deuses africanos e os santos católicos - uma forma moderna de aculturação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="layout-grid-mode: line;">Nina Rodrigues, citado por Roger Bastide, distinguia dois tipos de candomblés: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O dos africanos</i> (africanos puros) e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">o dos nacionais</i> (negros crioulos). O dos africanos puros “justapõem-se” o culto católico a suas crenças e práticas “fetichistas” e concebem os orixás e os santos “como de categoria igual ainda que perfeitamente distintos”. O candomblé dos crioulos... “uma tendência monista e incoercível para identificar os dois ensinamentos.” Fica claro que <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt; layout-grid-mode: line;">a África ocultou-se sob roupas ocidentais, mas sua forma de família habitual sobrevive no concubinato, suas formas de trabalho coletivo no mutirão, a independência econômica da mulher na divisão sexual do trabalho e pelo comércio do grupo feminino (Roger Bastide).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="layout-grid-mode: line;">b) <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O sincretismo como meio de relação com o simpatizante do culto afro.</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Este ponto refere-se ao sincretismo como meio de contato com “o outro” interessado na religião negra. O outro que, estando em condições sociais semelhantes às do negro e sendo de outra religião, procurava respostas e alento. Considerando-se o fato de que a religião dominante não tolerava a migração religiosa, ficava difícil para a maioria assumir a adesão a outra disposição de fé. O sincretismo possibilitava o desfrutar das bênçãos da outra religião, sem, ao mesmo tempo, despedir-se dos arraiais religiosos dominantes. Esta prática, extremamente sutil, ainda hoje é assumida pela população brasileira, embora não mais pelas mesmas motivações do passado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="layout-grid-mode: line;">c) <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O sincretismo como máscara para permitir a sobrevivência</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A religião dominante considerava a religião africana como feitiçaria, portanto, obra demoníaca. O demoníaco precisava ser exorcizado, erradicado. O negro precisa ser convertido ao catolicismo. Não bastava a escravidão física; a escravidão só estaria completa com o subjugo espiritual, ideológico, com amarras também na vida interior. Diante disto, o negro se encontrou com a necessidade de sincretizar a sua prática religiosa com o imaginário cristão-católico. Nada mais prático! Esta máscara daria livre trânsito aos valores africanos. Evidentemente que este sincretismo não deixa de ter efeitos desgastantes para a própria essência da religião afro, principalmente naqueles que iam nascendo já envolvidos por esta nova conjuntura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O fato é que o sincretismo aconteceu e, em termos de guardar a integridade do negro, foi um fenômeno positivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O sincretismo tanto atuou como máscara, ou seja, permitiu ao negro sobreviver ante a religião oficial e dominante, como foi também um meio de facilitar a aproximação com os simpatizantes de outras religiões. A influência deu-se, mais fortemente, quanto ao primeiro aspecto. A religião negra penetrou no catolicismo, deixando-se também penetrar pelo mesmo. Cite-se aqui, que quando se perguntou a Mãe Menininha do Gantois, não se sabe em que recenseamento, qual era a sua religião, ela disse: “Católica, é claro!”. Nada mais prático do que o sincretismo, tanto para se esconder, como também para se propagar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Como se não bastasse, líderes católicos manifestam o sincretismo abertamente. A revista Veja, de 03 de março de 1999, traz uma reportagem que merece consideração. A reportagem apresenta vários padres que, em seus paramentos clericais, trazem as marcas da cultura afro. Alega um dos clérigos que “o traje facilita a comunicação”. Este uso estratégico reflete a forte influência dos valores africanos na igreja católica. Diga-se, de passagem, que reflete também o quanto a própria igreja católica, tão fechada no passado, conseguiu superar a sua intransigência religiosa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Roger Bastide conclui: “O que os antropólogos ressaltam sob a ilusão do sincretismo é o perpetuamento da civilização africana”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Fica aqui uma pergunta: Poderia se falar, hoje, de uma civilização africana pura no Brasil, ou esta afirmação seria apenas a confirmação de que valores africanos compõem a cultura brasileira?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-variant: small-caps; layout-grid-mode: line;">O crescimento demográfico</span></b><span style="layout-grid-mode: line;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>É deveras interessante analisar este aspecto da vida dos negros no Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Em 1550, perto de 10% da população de Lisboa era composta de escravos negros. Os portugueses que vieram para o Brasil entenderam que poderiam usar do mesmo expediente de mão de obra, já que em Portugal o mesmo estava a dar certo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Roger Bastide apresenta algumas estatísticas que são interessantes. Diz ele que “há um acordo em relação a uma quantia aproximada de três milhões e meio de negros chegados ao Brasil desde os primórdios da colonização até o fim do tráfico legal ou clandestino”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O CD-Rom “A História do Brasil” da ATR Multimédia - 1995, diz:</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;">Apesar de enormes divergências entre os estudiosos, calcula-se que ingressaram cinco milhões de escravos, no Brasil desde o século XVI. Somente na primeira metade do século XIX, as estimativas indicam um milhão e quinhentos mil cativos traficados para o Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>É curioso observar os dados estatísticos quanto ao crescimento demográfico no Brasil. A estatística oficial, 1817 - 1818, apresenta o Brasil com uma população total de 3.817.000 de habitantes, dos quais 585.000 mulatos e negros livres e 1.930.000 escravos. Desta maneira, no início do século XIX os negros dominam demograficamente os brancos, o que permite compreender por que eles puderam manter parte de sua herança cultural e mesmo influenciar a civilização dos portugueses. Entretanto, é preciso não esquecer que os brancos comandam e dirigem o país; o escravo é rejeitado pelos brancos e esta estratificação das cores prejudicou em maior ou menor grau a ação do fator demográfico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O crescimento demográfico contribuiu para a disseminação da religião. A influência dos valores culturais religiosos expandiu-se na proporção de sua propagação através do crescimento demográfico. E mesmo no silêncio, os valores religiosos negros foram influentes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Hoje, a demografia religiosa apresentada pelas estatísticas aponta o número de fiéis que compõem as religiões no Brasil (aqui já são englobados os influídos: negros, brancos e mestiços). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1988, informou que 6 % dos chefes de família (ou cônjuges) seguiam cultos afro-brasileiros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Registre-se o contingente humano que lota as praias do Brasil, na passagem de ano, homenageando Iemanjá, a orixá (deusa) dos mares e oceanos, podemos ver que os números são mais expressivos ainda. Isto fica ainda mais evidente, se for admitida a informação da Federação Nacional de Tradições e Cultura Afro-Brasileira (FENATRAB) de que há 70 milhões de brasileiros, direta ou indiretamente, ligados aos terreiros - seja como praticantes assíduos, seja como clientes, que ocasionalmente pedem uma bênção ou um “serviço” ao mundo sobrenatural veiculado pelo culto afro. Terreiro é o que não falta. Na região metropolitana de Salvador são mais de 1.200 terreiros. O Instituto de Estudos de Religião (ISER) verificou que 81 novos centros “espiritas” haviam sido abertos no Grande Rio de Janeiro no ano de 1991, e que, em 1992, surgiram outros 83. O sociólogo Reginaldo Prandi, da Universidade de São Paulo, contou, em 1984, 19.500 terreiros registrados nos cartórios da capital paulista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Estes dados indiciam o quanto se expandiu a cultura negra no Brasil. Não somente com a presença do negro entre as famílias portuguesas, mas também através da proliferação de unidades de proclamação de sua religião, os terreiros. Os números são importantes nesta conjuntura, de vez que, do ponto de vista quantitativo, o crescimento, a expansão e a influência são patentes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O que levaria a pensar que os números teriam baixado? Diante das sugestões que uma religião com as características da religião negra possui e entendendo as circunstâncias político-econômico-sociais em que vive o Brasil, a tendência é continuar a sua expansão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-variant: small-caps; layout-grid-mode: line;">Respostas fáceis para perguntas complexas</span></b><span style="layout-grid-mode: line;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A influência de uma religião atua na mesma proporção das necessidades de seus adeptos. Quanto mais significativas forem as necessidades, mais aberto o interessado se torna às investidas religiosas. Viu-se acima que o fator <i style="mso-bidi-font-style: normal;">festa</i> da religião africana é por demais influente. Há, no entanto, outro fator que exerce ação bastante significativa quando se trata de influir sobre o ser humano em geral. As religiões trabalham também com a proposta de atender aos questionamentos humanos. A religião africana não se furtaria a este dispositivo tão importante. Na verdade, o que mais os humanos gostam de dar e de receber são respostas. Partindo deste raciocínio, é preciso lembrar que o Brasil, de certo modo, em especial, é um terreno fértil aos investimentos religiosos de quaisquer ordens. As multidões buscaram, buscam e buscarão respostas para tantos questionamentos, não só sobre a vida imediata, como também sobre aspectos considerados de mistério sobre o porvir e sobre o além. Assim, uma religião pode, muito bem, explorar caminhos de respostas. A questão se apresenta quanto ao tipo de resposta apresentada. É aqui onde mora a problemática.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os satisfeitos e resolvidos, mais das vezes, não são tão influenciáveis pelas religiões. No entanto, os insatisfeitos procuram soluções. É sabido que num país tão viciado em nepotismo e em tantas outras práticas do “jeitinho brasileiro”, só se dá bem, via de regra, quem dispõe de condições cujas forças estão aliadas ao capitalismo, ou quem, sabe-se lá como, aproveita certas oportunidades. Assim, os insatisfeitos são milhões em busca de um milagre. Nesta busca vale tudo. Vale o sincretismo religioso, como também a adesão aberta. Não deixa de valer a busca circunstancial da religião como quem entra em um supermercado, compra o de que precisa e se retira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O ser humano é ávido por soluções recebidas de bandeja. Quanto menor o esforço, o trabalho, melhor. Religião que estimula o pensar, a reflexão, a busca da maturidade emocional, que fomenta a independência de soluções infantis, não preenche requisitos da religião ideal que o povo procura. Sem esquecer outras religiões, é aqui que atua outro fator do culto afro na sua influência no Brasil. É mais fácil e cômodo receber respostas de búzios e rituais mediadores do que procurar descobrir o caminho por si. Conta bastante o grau de maturidade do cultuante. Indivíduos infantis tendem a viver esperando respostas feitas e vindas de fora. Rejeitam qualquer esforço na busca de resposta. Tanto por viverem como quando dependiam dos pais, como também por se sentirem inseguros para tomarem decisão, assumindo quaisquer riscos; procuram assim, outros “pais” e “mães”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A maior identificação com o culto afro deu-se e dá-se por parte de indivíduos de classe social baixa. Parta-se do pressuposto que, após a abolição da escravatura, os negros ficaram a “ver navios” (que não lhes levavam de volta para a África) no que respeita à situação social. Precisaram deixar as propriedades onde eram escravos e passar a dar conta da própria vida. Quem os trouxe da África, não se apresentou para devolvê-los. E nem deveria, em virtude de os negros de então não serem mais africanos, e, sim, brasileiros. Levá-los de volta, em certo sentido, seria o mesmo erro que brancos cometeram, tirando-os da África. Agora, sua terra era o Brasil. Menos mal terem de encontrar soluções aqui mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Com a mudança do regime de produção, com o trabalho forçado sendo substituído pelo trabalho remunerado, a estrutura demográfica transforma-se com a evasão de negros do campo para a cidade. Pobres, doentes, desprezados, marginalizados, vão para as cidades em busca de soluções. Consigo levam o que possuíam (quase nada) e o que eram. A religião estava lá... indo com eles para onde iam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Na ida para as cidades, com os negros onde se instalou a religião africana? Entre as elites? Evidente que não! Ela se manteve com os negros. E onde estes se instalaram, senão em favelas e arrebaldes. Lá era o lugar dos marginalizados e desprovidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>De sorte que, numa condição como aquela, a religião de festas e com função catártica admirável, fortificou-se consideravelmente, passando a atender aos seus próprios conaturais e a outros interessados, também nas mesmas condições dos negros. Dai a expandir-se era só questão de tempo. Expandiu-se e influenciou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Expandiu-se entre aqueles que precisavam de soluções para situações de sobrevivência, como também entre aqueles que nutriam queixas e intrigas contra outros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os procedimentos da religião africana atendem a demandas as mais exóticas. Desde conseguir emprego até interferir na vida íntima de alguém, positiva ou negativamente. Outras religiões se negam a estas práticas. Mas a religião africana entende-se, por parte de seus praticantes, na incumbência de cumprir missões as mais extravagantes. É verdade que, para alguns, a Parapsicologia explica, de modo científico, muitos dos fenômenos da religião africana. Mas para o popular, mais das vezes, desinformado, alienado, ávido ao extremo por se safar de dificuldades, somada a estas vicissitudes, o interesse pelo suposto “místico” e “misterioso”, o caminho chega ao terreiro, onde terá um “pai” ou uma “mãe” que lhe “abrirá” os olhos e lhe dará alento. Instrumentos: rituais, jogo de búzios, cumprimento de obrigações, etc. Para quem se encontra, muitas vezes, nas condições dos negros quando foram libertos no século XIX, nada mais sugestivo do que se deixar levar. Juntamente com todas as práticas concretas, vem a sugestão psicológica exercida pelo “pai” ou pela “mãe”. Resultado: a “criança” está “educada”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Claro está que o fator acima colocado entra em consonância com outro fator que, em contrapartida, é natural da contingência humana. As religiões, mais das vezes, aproveitam-se do medo humano para, nesta estrada, transitarem à vontade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: 19px;"><b><br />
</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Pode-se concluir dizendo que a influência da religião africana no Brasil é fato incontestável. Os fatores apresentados não são absolutos, claro, mas sugerem a continuação da reflexão sobre o assunto. Uma reflexão com contribuições até mesmo de outras manifestações religiosas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os fatores <i style="mso-bidi-font-style: normal;">festa, sincretismo e respostas fáceis para questões complexas</i> são patentes e vigentes em, praticamente, todas as religiões. O fator <i style="mso-bidi-font-style: normal;">crescimento demográfico,</i> sem dúvida de que é considerado forte, especialmente falando de religião identificada com uma raça, possui uma influência superlativamente expressiva. Crescendo o número de representantes de uma raça, inclusive com a miscigenação genética, acompanha-o, naturalmente, a disseminação de seus valores religiosos, seja por pregação ou simplesmente por prática aberta. Dai compreender-se que, em relação aos africanos, os judeus, por não permitirem miscigenação racial, a não ser entre suas próprias tribos, identificada a genealogia, são inexpressivos na divulgação de sua religião. Junte-se a isso o fato de haverem sido bastante perseguidos, incontáveis vezes, pelos séculos a fora, tendo milhões de vidas sacrificadas e ainda mais o não serem evangelizadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Assim, a influência da religião africana se faz sentir de modo nítido no Brasil, de vez que se encontra não só um povo relativamente inteirado do culto afro, como também uma liderança política (o que não se admitiria no passado, em qualquer hipótese) que busca os conselhos espirituais dos orixás e os próprios clérigos católicos a usarem indumentária africana para facilitar o diálogo entre as culturas. Admira sobremaneira que a religião dominante, hoje não tanto, tenha consentido a invasão do seu espaço pelos valores africanos, mesmo que estrategicamente, visando uma aproximação entre si e os considerados inferiores no passado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sendo assim, esperem-se os resultados futuros, almejando que tudo venha a resultar em considerável encontro, não só entre os valores religiosos africanos e o culto católico, como também entre estes e outros cultos existentes no Brasil. Uma unidade teológico-doutrinária pode ser impossível, mas é possível uma união que possibilite a realização de uma fraternidade que se coadune com a mensagem global pregada pelas religiões.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Com base nos argumentos anteriormente expostos, tem-se aqui uma compreensão que, espera-se, continue sendo desenvolvida, aprimorada, reciclada, revista, com o propósito de que, nesta caminhada, abram-se novos horizontes de reflexão cultural.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="layout-grid-mode: line;">Willians Moreira Damasceno</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: 19px;"><b><br />
</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="layout-grid-mode: line;">BIBLIOGRAFIA</span></b><span style="font-size: 11pt; layout-grid-mode: line; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;">BASTIDE, Roger. As Religiões Africanas no Brasil. São Paulo: Livraria Pioneira Editora - Editora da Universidade de São Paulo, 1971. Vol. I<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;">BINGENNER, Maria Clara L. (Org.). O Impacto da Modernidade sobre a Religião. São Paulo: Edições Loyola, 1992.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;">DELUMEAU, Jean. História do Medo no Ocidente. 3ª Reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras. 1996.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;">FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. 4ª Edição. São Paulo: Círculo do Livro S.A.. 1988.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;">JUNG, Carl Gustav. Psicologia da Religião Ocidental e Oriental. 3ª Edição. Petrópolis, RJ. Editora Vozes. 1988.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;">SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nagô e a Morte. 8ª Edição. Petrópolis, RJ. Editora Vozes. 1997.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;">HISTÓRIA DO BRASIL. CD-Rom ATR Multimédia - 1995, Rio de Janeiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="layout-grid-mode: line;">HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. 19ª Edição. Rio de Janeiro: Zaar Editores. 1983.</span><o:p></o:p></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/A%20INFLUÃNCIA%20DA%20RELIGIÃO%20AFRICANA%20NO%20BRASIL%20-%20revisão%2002-08-2011.doc#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> <span style="layout-grid-mode: line;">SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nagô e a Morte. 8ª Edição. Petrópolis, RJ. Editora Vozes. 1997.</span></span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/WILLIANS/TEXTOS%20MEUS/A%20INFLUÃNCIA%20DA%20RELIGIÃO%20AFRICANA%20NO%20BRASIL%20-%20revisão%2002-08-2011.doc#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 8pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> <span style="layout-grid-mode: line;">BASTIDE, Roger. As Religiões Africanas no Brasil. São Paulo: Livraria Pioneira Editora - Editora da Universidade de São Paulo, 1971. Vol. I</span></span><o:p></o:p></div>
</div>
</div>Anonymousnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-10447867501289578602011-07-28T18:34:00.002-03:002013-05-13T23:37:50.521-03:00DIVÓRCIO E NOVO CASAMENTO<div dir="ltr">
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 177pt;">
<span lang="PT" style="text-transform: none;">Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?</span><span style="font-size: 13.5pt; text-transform: none;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 177pt;">
<span lang="PT" style="text-transform: none;">Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio, macho e fêmea os fez? E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.</span><span style="font-size: 13.5pt; text-transform: none;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 177pt;">
<span lang="PT" style="text-transform: none;">Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la?</span><span style="font-size: 13.5pt; text-transform: none;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 177pt;">
<span lang="PT" style="text-transform: none;">Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim. Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação<a href="http://www.blogger.com/" name="_ftnref1"></a><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=7573803986916126913#_ftn1" title=""><span style="color: windowtext;">[1]</span></a>, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério (Mateus 19: 3-9).</span><span style="font-size: 13.5pt; text-transform: none;"></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12pt; text-transform: none;">A pergunta crucial fomentada pela epígrafe é: Este texto estabelece que homem e mulher fiquem sem casar novamente pelo resto da vida, caso venham a se divorciar?</span><span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12pt; text-transform: none;">Há observações que podem dar um direcionamento diversificado à interpretação do mesmo; questões como: O que sugere a pergunta dos fariseus pelo fato de, aparentemente, referir-se apenas ao homem quanto a dar carta de divórcio? Por acaso não seria lícito à mulher repudiar também o seu marido? O texto parece sugerir que às mulheres não lhes era permitido tomar a iniciativa do divórcio? A resposta de Jesus apontaria para a possibilidade de que Deus pode não unir duas pessoas? E se Deus quiser desunir ou concordar com isso, seria por qual causa? Não se deve deixar de observar que essas questões apontadas são decorrentes das entrelinhas do texto. O texto parece estar no contexto de uma reprimenda a indivíduos que não reconheciam devidamente o lugar da mulher na relação conjugal. Tratavam-na com descaso, divorciando-se por motivos banais. Não há indícios de ser uma palavra contra quem tem meramente problemas de convivência na relação conjugal. Mas digamos que este aspecto estivesse incluído.</span><span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12pt; text-transform: none;">A pergunta feita pelos fariseus envolve Moisés na questão. Ou seja, Jesus teria que considerar uma ortodoxia antes de responder. A retórica dos fariseus é surpreendente: intimidar a Jesus com a lembrança de quem deu a lei. A resposta de Jesus é bem revelativa da intenção dos fariseus. Referir-se à "dureza do coração", no contexto imediato, pode expressar que Jesus conhecia a intenção malfazeja dos fariseus. Jesus "salvou" Moisés e ainda atingiu a consciência dos seus inquiridores. Percebe-se assim que a questão do divórcio está bem situada em um momento de tentativa de encurralamento argumentativo e doutrinário. Ou seja, o fato de a questão não estar em um contexto de decisão jurídica, que requereria uma situação de reflexão filosófica universal quanto à existência humana no que concerne à convivência conjugal, restringe a palavra de Jesus a um fato isolado, que se refere exclusivamente à dureza do coração humano e, naquele momento, uma resposta bem direta aos fariseus. Na verdade, os casamentos tanto acontecem por diversos motivos, como também se desfazem por motivos os mais diversos, e apenas a imoralidade sexual não seria suficiente para esgotar a causa do divórcio, havendo sem dúvida outras situações em que a problemática da relação humana poderia abrir a porta para considerações tais sobre o casamento, levando o homem a entender que Deus não é um fundamentalista retrógado, capaz de aprisionar pessoas a uma relação que qualquer mente madura entenderia como destituída de propósito. Afinal, nem sempre é a dureza de coração que pede o divórcio.</span><span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12pt; text-transform: none;">Mateus 19: 3-19 diz que, se houver divórcio e novo casamento, acontece adultério. Se você entender que não há outra explicação para este texto senão aquela que o interpreta isoladamente ou, se levar em consideração o contexto, o texto mesmo não iria além de uma situação imediatamente vincula ao contexto puramente literário, supondo que este seria suficiente para explicar a situação, então você não deverá, se divorciado, casar com alguém divorciado, como também não se dará em casamento a alguém, pois que o faria cometer adultério, se isto, claro, for pecado para você.</span><span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12pt; text-transform: none;">Nesta mesma esteira parece estar o texto de Paulo aos Coríntios, no qual diz: "Ora, aos casados, ordeno, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido, porém se vier a separar-se, que não se case ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não se aparte de sua mulher" (I Cor. 7: 10-11). E qualquer pessoa só poderá casar novamente se o cônjuge vier a falecer (I Cor. 7:39). Observe-se aqui que à mulher já lhe é dada possibilidade de iniciativa para o divórcio.</span><span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"> Considere-se primeiro que princípio estaria envolvido numa palavra tão taxativa como esta? Estaria aqui implicado o divórcio sem motivo e o divórcio com motivo? Ou seja: não haveria absolutamente situação alguma que justificasse o divórcio, salvo o adultério? Seria uma mulher, casada com um homem que se revelou maníaco logo após o matrimônio ou tempos depois do mesmo, obrigada a viver com aquele homem pelo resto da vida, se o tal não viesse a falecer? E se a mesma fosse casada com alguém que a espancasse, não seria isso tal e qual o adultério, uma forma de trair a mulher? O princípio básico subjacente ao adultério parece ser aquele que rechaça a traição. Isto posto, qualquer outro ato de traição contra o cônjuge, não seria motivo para o divórcio? Raciocine-se assim pressupondo-se que o problema colocado concretamente pelo texto é o caso de adultério. Mas é sempre bom lembrar que um princípio sempre existe e é este que precisa ser levado em consideração na interpretação. Um princípio é o pressuposto que pode ter aplicação universal; nunca um mero exemplo situacional ou isolado. Portanto, se for o texto pensado pelo princípio de traição, parece que o mero fato do adultério é apenas um exemplo de traição que desencadearia o divórcio. Outros tantos exemplos possíveis existem que, uma vez acontecidos, seriam motivos para a petição do divórcio por ambas as partes.</span><span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"> Outro princípio subjacente a tudo quanto Jesus ensinou é a sua palavra quanto ao sábado, em Marcos 2:27: "O sábado foi criado por causa do homem e não o homem por causa do sábado". O homem não só não foi feito por causa do sábado; mas não foi feito também por causa de qualquer realidade que exista após a sua criação. Pode-se asseverar que o homem foi criado por causa de Deus. Está escrito que Deus criou o homem para o louvor da sua glória, segundo a carta aos Efésios, capítulo primeiro. Portanto, uma paráfrase possível do texto de Marcos 2:27 é: "O homem não foi criado por causa do casamento, mas o casamento foi criado por causa do homem". Está literal em Gênesis 2:18: "O Senhor Deus disse ainda: 'Não é bom que o homem fique sozinho. Vou-lhe arranjar uma companhia apropriada para ele'". Depois de dar nomes aos animais do jardim, a divindade viu que o homem continuava só. Em seguida deu-lhe a mulher para lhe ser auxiliadora. Isto é o que reza o livro de Gênesis (mesmo percebendo-se o tom machista do texto, pode-se argumentar no sentido acima).</span><span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"> Em Mateus 12: 7, que é o mesmo contexto da palavra sobre o sábado, Jesus diz: "Se percebessem o que significa na Escritura: prefiro misericórdia e não sacrifícios, não teriam condenado inocentes". Ora, se não é bom que o homem esteja sozinho, por que condená-lo à solidão em face de um casamento que não deu certo? O princípio da misericórdia parece falar mais alto neste caso, como prerrogativa divina. Verdade é que a dureza do coração humano é responsável por muitos percalços de sua vida, mas casos e casos existem nos quais não só a dureza de coração, mas fatores outros são extremamente agravantes e motivadores do divórcio. Fatores como imaturidade, ingenuidade, ignorância, circunstâncias que extrapolam a própria condição pessoal de decisão, e tantas outras considerações possíveis podem justificar a cisão de um casamento. Casos em que seria irracional pensar que a divindade não abonaria o divórcio. Casos em que a opressão de um dos cônjuges ou de ambos está devidamente caracterizada não receberiam a rejeição do divórcio de uma mente madura que viesse a analisar o caso; por que, pois, a divindade seria contrária a um divórcio em condições tais que não meramente atingido pelo adultério? Não é possível justificar que Jesus teria falado à revelia de um contexto, de forma universal, sem levar em consideração as condições que envolvem cada relação humana, principalmente uma relação tão complexa quanto a do casamento? Assim é possível argumentar, desde que se aceite que o texto do evangelho é também reflexo de um momento do escritor e não necessariamente extração imediata de um acontecimento na vida de Jesus, visto o evangelho ter sido escrito anos após a sua glorificação. É incongruente ler o texto dos evangelhos com a mesma perspectiva de quem lê um jornal do dia. Nestes casos, já existe uma carga elevada de pressupostos teórico-doutrinários por parte do jornalista que escreve; agora imagine o texto dos evangelhos, escrito anos depois de Jesus. Muita carga doutrinária estava envolvida, sem falar na aversão que os discípulos nutriam contra os chefes religiosos de Israel.</span><span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"> Vale questionar se Deus colocaria os humanos debaixo de um jugo tão opressor como o de viver com alguém com quem não é mais possível a convivência. Deus obrigaria uma pessoa que foi deixada por alguém ou que se divorciou, por conta de uma necessidade verdadeira, a viver só, pelo resto de sua vida? Mesmo que se questione o que vem a ser uma necessidade verdadeira, mesmo assim a questão pertine.</span><span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"> Certo que existem questionamentos outros sobre este assunto, mas, por hora, esses são suficientes para um ensaio de reflexão sobre divórcio e novo casamento.</span><span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"> Cabem aqui as retrucações. Que venham para melhor compreensão do assunto.</span><span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 12pt; text-transform: none;">Willians Moreira Damasceno</span><span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"><br clear="all" style="mso-special-character: line-break;" /> </span><span style="font-size: 12pt; text-transform: none;"></span></div>
<div align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-size: 13.5pt; text-transform: none;"> </span><br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
</div>
<div class="MsoNormal">
<a href="http://www.blogger.com/" name="_ftn1"></a><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=7573803986916126913#_ftnref1" title=""><span style="color: windowtext; text-transform: none;">[1]</span></a><span style="text-transform: none;"> </span><span style="font-family: Bwgrkn; text-transform: none;">Porne,ia</span><span style="text-transform: none;"> – imoralidade sexual.</span><span style="font-size: 13.5pt; text-transform: none;"></span></div>
</div>
Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-74346256707652511282011-06-30T12:03:00.001-03:002011-08-04T15:23:02.152-03:00Oito degraus no dever da caridade:<div dir="ltr"><div>A reflexão abaixo foi colhida no endereço <a href="http://colecao.judaismo.tryte.com.br/livro1.htm">http://colecao.judaismo.tryte.com.br/livro1.htm</a> um sítio que veicula informações valiosíssimas sobre o judaísmo. Vale a pena visitar o endereço.</div> <div style="TEXT-ALIGN: right">Willians Moreira Damasceno</div> <div> </div> <div> </div> <div style="TEXT-ALIGN: center"><font face="comic sans ms,sans-serif" size="4"><strong>Existem oito degraus no dever da caridade:</strong></font></div><font face="Comic Sans MS"></font> <div><br><b>O primeiro</b> e mais baixo degrau é dar, mas com relutância ou contra a vontade. Esta é a esmola da mão, não do coração.<br><b>O segundo</b> é dar alegremente, mas não proporcionalmente à necessidade do sofredor.<br> <b>O terceiro</b> é dar com alegria e em proporção, mas só depois de solicitado.<br><b>O quarto</b> é dar alegremente, em proporção e sem ser solicitado; pondo, entretanto, a esmola na mão do pobre e nele provocando, assim, a dolorosa emoção da vergonha.<br> <b>O quinto</b> é dar de maneira tal que o necessitado receba a esmola e saiba quem é o seu benfeitor, sem ser-lhe conhecido. Assim agiam alguns dos nossos antepassados, que costumavam amarrar o dinheiro nas abas trazeiras das roupas, para que os pobres o pudessem tirar sem serem vistos.<br> <b>O sexto</b> degrau, ainda mais elevado, é conhecer os beneficiários da nossa caridade, sem que eles saibam quem somos. Assim procediam aqueles dos nossos antepassados que levavam suas dádivas caridosas para as moradias dos pobres, precavendo-se para que os seus próprios nomes permanecessem ocultos.<br> <b>O sétimo</b> é ainda mais louvável, a saber: distribuir as esmolas de modo tal que nem o benfeitor saiba quem são os auxiliados, nem estes o nome do seu benfeitor. Isto faziam os nossos avós caridosos no Templo. Pois naquele santo edifício existia um lugar chamado <b>Câmara do Silêncio ou da Inostentação</b>, onde os bons depositavam secretamente o que seu generoso coração lhes sugeria e do qual as mais respeitáveis famílias pobres eram sustentadas, com igual discrição.<br> Finalmente, o <b>oitavo</b> e mais meritório degrau, é antecipar a caridade, evitando a pobreza, a saber: ajudar o irmão empobrecido, seja com um presente considerável, seja ensinando-lhe uma profissão ou estabelecendo-o no comércio, para que ele possa ganhar honestamente a sua vida e não seja forçado a estender a mão para a caridade. É a isso que a Escritura se refere, quando diz: <b>"E, quando teu irmão</b><sup>(*)</sup><b> empobrecer, e as forças decaírem, então sustentá-lo-ás, e assim o estrangeiro e o peregrino para que viva contigo"</b>.<br> Este é o mais alto degrau, - É o cume da <b>Escada de Ouro da Caridade</b>.</div> <div> </div> <div>(*) "Não está escrito 'o Homem Pobre' - Diz o Talmud - Mas 'o <b>teu Irmão</b>', para mostrar que ambos são iguais".</div></div> Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7573803986916126913.post-5144516734973810292011-05-28T19:02:00.001-03:002013-03-04T21:02:10.291-03:00AO DESPERTAR<div dir="ltr">
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
N<span style="text-transform: none;">a penumbra do quarto pela manhã,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="text-transform: none;">Silhuetas fazem meus olhos delirar;</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="text-transform: none;">Linhas onduladas deliciam meus olhos;</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="text-transform: none;">A cor canela faz meu coração acelerar.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="text-transform: none;"> </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="text-transform: none;">Uma linha acentuada anuncia o amanhã;</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="text-transform: none;">Um vai e vem contínuo prediz o vazio do quarto;</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="text-transform: none;">A respiração se acalma;</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="text-transform: none;">O coração desatina;</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="text-transform: none;">O desejo fenece no abrir das cortinas;</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="text-transform: none;">A luz ordena: Levanta, vai trabalhar!</span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="text-transform: none;">27/05/2011</span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="text-transform: none;">Willians Moreira Damasceno</span></div>
</div>
Anonymousnoreply@blogger.com1