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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

PROCEDIMENTOS RECORRENTES

Texto escrito em janeiro de 2006
 

Viajando ao século XVIII, encontrei referência a uma bula papal que condenou o Confucionismo. Em resposta àquela bula, o imperador Chien-Lung baniu o Cristianismo e expulsou da China os missionários (em 1715).

Em alguns países existe repulsa ao Cristianismo que nós da atualidade não compreendemos. Para quem possui consciência histórica, torna-se fácil entender certas reações. Muitas destas foram condicionadas a acontecer num passado pela maioria desconhecido. Tal é o caso da China. Se o Cristianismo quiser conquistar espaço, não deve ser sua estratégia a palavra de condenação das outras religiões. Tal estratégia revela antes um espírito maniqueísta, atravancador das relações humanas.

Pergunta-se: o que tem conseguido o Vaticano com medidas segregacionistas? Na Verdade, consegue o contrário do que é o propósito missionário.

Em pleno final de século XX, 05 de setembro de 2000, aconteceu uma declaração papal com uma palavra muito mais abrangente e tão contundente quanto aquela bula do século XVIII. Dom Glauco Soares de Lima, Bispo Primaz da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, diz em uma palavra sua, na Internet registrada, que "o Vaticano desfechou um grande golpe nas relações ecumênicas ao reafirmar suas dúvidas sobre a validade das igrejas protestantes". Agora imagine o que o Vaticano, nos seus bastidores, pensa das outras religiões.

Um site da Internet chamado CATÓLICA NET, muito interessante e eficiente por sinal, apresenta um título interpretativo da palavra papal: "IGREJAS PROTESTANTES NÃO SÃO AS VERDADEIRAS". O texto comenta o documento "Dominus Iesus", de 05 de setembro de 2000. Uma grande maioria católica entendeu muito bem o que o Vaticano quis dizer. Ninguém é tolo. Tanto é verdade, que o tal documento causou incômodos em várias partes do mundo, tanto ao lado chamado protestante como também às outras religiões.

Ninguém se iluda! Essa prática da cúpula católica não é recente. A intransigência religiosa da Roma papal tem sido vigente por toda a história.

Cabe aqui renovar a palavra do Bispo Primaz da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Dom Glauco Soares de Lima: "Estou convencido que a Unidade dos cristãos, a Unidade da humanidade, é uma construção que está sendo feita nas bases das igrejas e não nas suas cúpulas, por melhor que elas sejam... Assim, independente das notas e decretos, encíclicas, etc., vamos continuar a nossa construção, que é um processo de amor orientado pelo Espírito Santo que se manifesta em nós".

Concluindo, espera-se que essas retomadas papais não consigam influenciar a humanidade na sua representatividade católica ao ponto de criar separações nocivas à ecologia humana.

Willians Moreira

Em seguida, mais um lembrete histórico.

 

Comitê de Direitos Humanos denuncia repressão religiosa na China

Hong Kong, 27/12/2000

 

"As autoridades chinesas fecharam ou destruíram mais de três mil templos e igrejas não autorizados, ao intensificar uma campanha para reprimir a religião", denunciou hoje um grupo de defensores dos Direitos Humanos. Seguindo ordens de Pequim, autoridades da cidade costeira de Wenzhou realizaram uma inspeção de dois meses e descobriram que somente 3.200 dos 8.000 centros religiosos estavam registrados legalmente. Entre os centros ilegais, mais de 4.000 eram templos evangélicos e católicos. O restante era de budistas, taoístas e santuários religiosos locais.

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