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quarta-feira, 27 de maio de 2009

COMPARAÇÕES QUE INCOMODAM

 

Volta e meia, eu escuto: "se lhe derem um limão, faça dele uma limonada".

Pois bem! Coisas acontecem que lembram essa sabedoria popular.
É uma questão um tanto cultural. Sabe aquele costume que nós temos de nos compararmos uns aos outros com os animais? E por ser uma questão cultural, as comparações vêm carregadas de uma valoração que às vezes incomoda. Claro, outras vezes deixa o comparado feliz como um abutre num cadáver (olha a comparação).

Dei-me mal numa dessas comparações. Espero não ter perdido, pelo menos, a amizade; mas se isso acontecer... Fazer o quê?

O interessante é que o humano comparado fica tão transtornado com a comparação que se esquece de analisar devidamente a forma da comparação. Isso depende muito do animal envolvido na analogia. Veja, por exemplo, que se alguém for comparado com um leão, sentir-se-á muito feliz. O leão é um animal garboso; cheio de pompa. Chamar uma mulher de gata é a glória para ela. Agora diga a uma mulher que ela parece com uma égua. Experimente, vá! Você nunca mais esquecerá o peso da mão de uma mulher magoada. Isso é para você ver: o rei Salomão, rei de Israel (cerca de 1000 anos a. C.), tratava suas mulheres assim. Textualmente, Cantares de Salomão diz: "Às éguas dos carros de Faraó te comparo, ó querida minha." (Cantares 1:9). Agora imagine Salomão sendo comparado com um veado. O texto diz: "O meu amado é semelhante ao gamo ou ao filho da gazela" (Cantares 2:9). E ele nem se irritou. Tudo por uma questão cultural: as éguas de Faraó eram animais extremamente bem tratados e, por isso, muito bonitos. Salomão também tinha o costume de comparar uma entre suas mulheres, com uma cabra montês. Imagina, amiga que estás lendo esta minha divagação, se eu te comparo com uma cabra. Se bem que, às vezes, ouço algum pai de família chamando uma filho ou filha de cabrito(a). Claro, num tom carinhoso. Percebe-se aqui que a forma de fazer a comparação é crucial. A entonação da voz conta consideravelmente. Acredito que, se Salomão tratasse uma de suas mulheres, dizendo: "Sai daqui, égua", com tom de desprezo, certamente que a tal mulher não o compararia a um ginete de Faraó, mas a um porco (animal extremamente estigmatizado entre os judeus).

Por que será que valoramos a imagem dos animais? Questão de cultura mesmo. Por que chamamos alguém de "cachorro"? Ora, o cachorro é um animal tão bem conceituado entre os humanos; ou não? Não dizemos que é o melhor amigo do homem? O que será que um cachorro tem que, às vezes, comparamos um humano com o tal animal? Bom, isso pode ser estendido aos outros animais. O fato é que nós somos muito tolos quando nos carregamos de emoção conflitante ao sermos comparados com algum animal que a nossa cultura estigmatiza. Afinal, cultura de cá, cultura de lá, podemos nos ver de modo mais universal. Quer um conselho? Se lhe chamarem de vaca, faça do limão uma limonada; pense que você está na Índia. Você se sentirá uma deusa. Viu? É fácil. Só será difícil se você tiver uma auto-estima extremamente narcisista que não consegue extrapolar as barreiras culturais ou outras tantas barreiras que lhe tornam carente de um "divã".

Agora você imagine se os animais evoluem ao nosso estágio. Como você se sentiria se um rato comparasse o companheiro com um humano?

Bom! Viva a natureza! Salve as comparações! E não se esqueça de que o Mestre Jesus disse: "Sede prudentes como as serpentes".
 

Willians Moreira

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