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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

SONHO

Nele o hoje vira ontem
E o ontem vira amanhã
Nele Maria vai com as outras,
Mesmo que tenha a mente sã.

Nele a mulher vira homem;
O homem vira mulher.
Nele amigo vira cachorro
E cachorro vira jacaré.

É nele que eu me vingo
Do jeito que eu sempre quis.
É nele que eu me satisfaço;
Chego a ser mais do que feliz.

É nele que eu me frustro;
Mas às vezes me supero.
Nele eu perco tudo;
Também recebo o que tanto espero

Nele eu pego as estrelas;
Pego até o que defeco.
Nele o tagarela fica mudo
E até o morto tem eco.

Nele quem já foi se apresenta;
Quem ainda não veio aparece.
Nele há tanta coisa estranha
Que o mais sábio desconhece.

Nele a cabeça vai para os pés;
Os pés vão para a cabeça.
Da terra chego às estrelas
Mesmo que eu não cresça.
Das estrelas volto à terra
Sem que do caminho esqueça.
Nele todo mundo se conhece,
Mesmo que ninguém se conheça.

Nele eu me curo
Nele eu me corto.
Na verdade, ele é um “para”
De tudo o que é “orto”.

Nele eu viro artista
Usando palavra culta.
Nele me concilio com a linguística
Mesmo quebrando a norma “curta”.

Nele eu me vejo trágico
Nele eu me vejo patético.
É nele que eu vejo
O que há de mais poético.

Id, ego e superego,
Tudo nele se mistura.
É uma panacéia incrível
Que pode servir para cura.

De tudo isso que eu falei
Não me exija nada ordenado.
Afinal, nele eu pensei
Estando meio acordado.
Willians Moreira

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