"Hermenêutica, exegese e homilética 'andam' juntas", disse Gilton Morais[1] em uma de suas palestras em promoção dos seus livros, aqui em Natal/RN. O dito me fez lembrar o que, pessoalmente, aprendi quando fui aluno do professor de homilética, hoje já aposentado da cátedra, Paulo Wailer, também professor de Gilton. Naquele momento, confabulei com meus botões sobre a situação de uma grande maioria de cidadãos do púlpito que esqueceu ou nunca aprendeu tal lição. Doem-me as têmporas, geralmente aos domingos, quando vou a templos da cidade do Natal e escuto banalizações da ciência da pregação, justamente pelo fato da desassociação operada pelos supostos mensageiros de Deus entre as três práticas teológicas acima citadas. De mensageiros de Deus questiono se alguma coisa eles têm, pois que me parecem mais mercadores medíocres e preguiçosos quanto ao estudo preparatório da sua descaracterizada homilia. São discursos, se assim podem nomeados, destituídos de título, ideia central, propósito, organização, argumentação inteligente, conteúdos exegético e hermenêutico devidos. Se o Criador tem mesmo algum interesse em que esses açougueiros do púlpito sejam seus recadistas, alguma coisa está errada; e não creio que seja o Criador. Onde estão os pregadores de homilias textuais, expositivas ou mesmo temáticas que se prestem a elogios fundados nos critérios da homilética? E isso sem falar nos descasos cometidos contra as artes da retórica e da oratória. Hoje, e mesmo ontem, qualquer um que se ache "bom de conversa", ou assim seja considerado, já lhe concedem o púlpito. E o que vemos então? Vemos uma hecatombe de transtornos homiléticos, exegéticos e hermenêuticos. Há uma confiança tão descabida de que o Espírito Santo dá a mensagem, que mais causa asco espiritual em quem ouve o resultado da preguiça de pregadores ditos mensageiros de Deus. Fico a me perguntar de onde vem essa prática que desmerece os verdadeiros ensinos da homilética. Será que esse caos homilético não é estimulado pelos próprios ouvintes que por sua vez são tão destituídos de exigências criteriosas aos seus pregadores, na verdade contentando-se aqueles facilmente com uma garapa emocional? Cabe aos cursos dos Seminários uma investida criteriosa na educação homilética. Quem sabe assim, tenhamos mais alegria em ouvir o que dizem os nossos púlpitos e assim possamos interpretar que a divindade, de alguma forma, falou-nos.
Willians Moreira Damasceno
[1]Escritor batista, conhecido conhecedor de homilética, por muitos anos pastor e agora já aposentado, trabalhando com a editora Vida Nova.
4 comentários:
"Onde estão os pregadores de homilias textuais, expositivas ou mesmo temáticas que se prestem a elogios fundados nos critérios da homilética?" Estes pregadores assim como Esaú se venderam por um prato de lentilha. Que ao adquirir conhecimento teologico se acham capazes o suficiente para subir no púlpito e pregar por si mesmo, e se esquecem de ser BOCA DE DEUS.
Tudo que disse concordo em partes!
Estudar é bom... Otimo maravilhoso.. Sou um amante dos estudos. So que muito estudam de mais! E acabam se tornando apenas estudiosos. Como o senhor mesmo disse gosta de ouvir belas pregações. Espero que o senhor entao esteja pregando muito por ai com todo o seu conhecimento em hermenêutica, exegese e homilética. Sou apenas um menino mas gosto muito quando o apostolo Paulo diz que não usou de palavras bonitas e nem todo o conhecimento que ele tinhas; Mas ele descidiu falar desse Jesus e diz que o evangelio e a demostração do poder de Deus. Espero que possamos não sentir tanta alegria nas mensagens e sim se preocupar em ganhar vidas.. Quer seja falando MERMO.. ou MESMO.
Acho ate que deveria deixar os comentarios aparecer em seu Blog.
Shalom daquele que derrama sua graça sobre nos.
A Hermenêutica, exegese e homilética é importante para capacitar o homem de Deus a organizar estruturalmente o seu sermão. Creio que todos devemos, quando possível, estudar.
Apenas não concordo, quando o autor diz: "supostos mensageiros de Deus entre as três práticas teológicas acima citadas. De mensageiros de Deus questiono se alguma coisa eles têm, pois que me parecem mais mercadores medíocres e preguiçosos quanto ao estudo preparatório da sua descaracterizada homilia". Pois as ciências acima citadas, não fazem um ministro/servo de Deus. São elementos importantes, mas não prioritários, para o chamamento de Deus. O que muda os corações é o Espirito Santo e não palavra bonitas, apesar de ser importante.
Temos que ter cuidado para os estudos não bloquearem a revelação Divina.
Os estudos devem caminhar juntas com a Revelação/Inspiração Divinas.
Concordo inteiramente com o que foi proposto pelo autor, estamos vivendo o evangelho da preguiça e da presunção que tudo que falamos vem do pseudo poder do Espírito Santo. Pregações que não confrontam o pecado, mas massageia o ego do ouvinte prometendo coisas que Deus não prometeu.
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