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terça-feira, 10 de julho de 2012

PLATÃO E O PROBLEMA DO CONHECIMENTO


            Platão considerou-se habilitado a resolver os problemas filosóficos quando elaborou a teoria das ideias. A intuição fundamental de Platão foi que as imagens existem porque existem as ideias; tudo quanto experimentamos no mundo do sensível é reflexo de uma dimensão superior. Uma coisa é bela porque participa da Beleza; é verdadeira porque participa da Verdade; é boa porque participa da Bondade; é humana porque participa da Humanidade, considerando-se que as realidades do mundo sensível (as imagens) não esgotam a natureza de suas ideias. O mundo sensível é causado por sua participação no mundo intelectual. Existindo o mundo sensível, entende-se que existe, por sua vez, o mundo intelectual.
Um aspecto do mundo sensível, merecedor de consideração, é a sua relatividade. Os objetos deste mundo chegam ao nosso conhecimento condicionados ao nosso estado de relação com as imagens. A Alegoria da Caverna expressa bem esse ponto. A visão que as pessoas alcançam é relativa ao seu posicionamento em relação à parte da caverna. Em outras palavras, neste mundo os homens em geral são reféns do seu ponto de observação; ou seja, todo olhar sempre acontece a partir de uma posição já estabelecida, um pressuposto.
De acordo com a teoria platônica, o conhecimento passa por quatro etapas, níveis ou graus em sua realidade de apreensão por parte do homem.
A primeira etapa é chamada de imaginação. O objeto de conhecimento é uma sombra, o reflexo da coisa sensível. Na segunda etapa, o modo de conhecer pela crença busca coisas sensíveis, percebidas, que farão parte das opiniões; na terceira etapa o raciocínio dedutivo tem por objeto a idealidade e carece de representação. No último grau temos a Intuição Intelectual, tendo a ideia pura como objeto.
A correspondência elaborada por Platão tanto passa pela relação entre os objetos de conhecimento e os modos de conhecer, como também pela relação correspondente entre os mundos do intelecto e do sensível. A correspondência entre os modos e os objetos do conhecimento dá-nos um direcionamento na reflexão. O questionamento surge no momento em que se configura a absolutização da correspondência. O questionamento se firma em face de se entender que o reino da opinião e da crença ultrapassa os limites do conhecimento sensível ou experimentável, chegando até ao âmbito da intuição, visto que a própria alma é fruto de uma concepção que não faz parte da reflexão de muitos outros filósofos. A questão se estende quando se leva em consideração a própria física quântica que quebra muito do conhecimento dedutivo, abrindo espaço para compreensões que extrapolam os conceitos antes estabelecidos.
Na verdade, Platão foi sui generis enquanto sintetizador de Parmênides e Heráclito e, talvez, nada mais do que isso.
Willians Moreira Damasceno

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