Houve uma fase em minha vida, na qual desfrutei do convívio com muitos gatos. A experiência foi sem dúvida interessante. Afinal, relacionar-se com gato é uma via de aprendizagem de grandes lições.
Em certo momento daquela fase, foram cerca de dezessete gatos que consegui contar na minha lembrança. Pude observar que cada gato, além do que é comum à espécie, possuía características peculiares, e naqueles casos, alguns eram bem interessantes. Lembro-me de um casal de gatos que presenciei em minha casa. Ele chegou por ação de um amigo; ela, chegou como presente de uma amiga. Depois de algum tempo, observando o casal de felinos, vieram os seus nomes. A ele dei o nome de "Funlim"; a ela, "Funsu". As pessoas que visitam a casa achavam os nomes interessantes, achando que eram nomes chineses. Eu apenas ria. Quando perguntavam o que significavam os nomes e eu explicava, riam à vontade. A explicação era simples. A minha observação de ambos, e em especial de Funsu, deu-me a ideia dos nomes. Dei o nome de "Funlim" ao gatinho por conta do contraste entre ele e a gatinha. Ele sempre procurava local com terra para fazer suas necessidades e sempre se limpava bem. A gatinha tinha um procedimento estranho: Quando eu a via "puxando" terra no mosaico, corria logo para colocá-la para fora de casa. Pois se não fizesse assim, ela faria suas necessidades ali mesmo, dentro de casa. E para piorar, nunca se limpava. Daí os nomes de ambos: o gato, que se limpava, tinha o fundo limpo; a gatinha tinha o fundo sujo. Entendeu? As pessoas riam a bessa por conta disso. Eu nunca vi entre os gatos um procedimento tão estranho como o daquela gatinha. Se alguém já viu, conte-me!
Lembro-me de um gato de cor branca; e seu nome ficou "Branquinho". Ele chegou de forma inusitada: Escutei um miado de angústia numa parte da casa, nos fundos. Corri para lá. Observei o bichinho preso entre os caibros. Subi por uma escada e o tirei de lá. Ele era mansinho. E se fossemos compará-lo com humanos, seria de uma estatura alta. Ele era esguio e bem aprumado. Passou bons dias lá em casa. Não me lembro do fim que ele levou.
A gata que demorou mais tempo lá em casa foi uma que recebeu o nome de Shana. Eu a encontrei novinha, novinha, no meio da rua. Os carros passando, mão e contramão, e ela no meio da via, parada, entre os carros que transitavam. Deixei o trânsito facilitar, corri e a apanhei, levando-a para casa. Ela estava fraquinha, fraquinha. Dei leite. Assim que o mundo clareou para ela, virou uma fera, apesar de muito pequena. Por algum tempo, ela "puxava" leite nos peitinhos de Bolinha, a cadela da casa. Com paciência, Shana se tornou mansinha.
Mas houve um dia em que ela abusou das regalias da casa. Passou algumas madrugadas correndo, em cio, no forro da casa. Escutavam-se uns sons de "rauuuuuu" que ecoavam por toda a casa. Era um tormento terrível. Era "raul" para lá; "raul" para cá, que não tinha quem dormisse. Tomei a resolução de "entregá-la à natureza" no dia seguinte. Foi o que fiz. Na manhã seguinte, ela não queria descer do telhado. Movimentei um pedaço de carne no ar. Com pouco tempo ela desceu. Coloquei-a num saco; depois no carro e fui a um lugar que entendi adequado para deixá-la. Ela não conseguiu voltar.
Houve outro gato que era terrível. Recebeu o nome de "Zé miento". Entendeu porquê, sim? Pois é! Miava o tempo todo. Não tinha quem aguentasse.
2 comentários:
Ô meu querido! Tirando a parte que vc resolveu levar a gatinha embora (tadinha)pude viajar no seu texto =^.^= É por isso que tenho vc e agora os seus, como pessoas que podem contar comigo e com o afeto que tenho p/ dar ;) sou sua fã!Abração\0- Isabella.
Ótimo texto e eu me faço a mesma pergunta...
Postar um comentário