TEMPO E ETERNIDADE
Que é o tempo?
Como explicar a natureza do tempo?
Tempo absoluto e/ou tempo relativo?
Quais as implicações do pensamento sobre a natureza do tempo?
Como se sabe que o tempo passa?
Que é eternidade?
Qual a diferença entre tempo e eternidade? Existe uma diferença?
A
noção comum que se tem de tempo, mesmo que seja complicado explicar a sua
natureza, parte de como o mesmo é medido ou contado. Para medir o tempo o homem
criou o calendário, o relógio, e tantos outros apetrechos que para isso lhe
servissem. Estes dispositivos estão vinculados basicamente à mudança dos
astros, sol e lua, na sua trajetória pelo firmamento. Os dias passam porque o
sol nasce e se põe, num período de 24 horas, de um nascer do sol a outro. A
cada 24 horas, portanto, convencionou-se que se passa um dia. A passagem dos
dias gera a passagem dos meses e assim sucessivamente. Portanto, é a partir do
movimento do sol que se concebe, basicamente, a passagem do tempo. Numa
perspectiva popular, isso significa que o tempo está vinculado à percepção do
movimento dos astros. É este movimento que imprime nos homens a sensação da
passagem do que se chama tempo. Não é à toa que o primeiro livro da Bíblia, o Gênesis,
no seu primeiro capítulo, vincula o tempo aos astros celestes. O tempo,
portanto, pode ser dito como sendo a presença de movimento de referenciais que
aponta para uma transformação na aparência das coisas observáveis. Coisas
observáveis podem ser entendidas como coisas objetivas; objetivas enquanto
concretas, como o sol, a lua, um carro, um corpo, uma árvore, etc.
Diz-se
que o tempo passou quando um homem de 49 anos se vê no espelho e percebe a
mudança em sua aparência porque se lembra de quando tinha 14 anos de idade ao
ver uma foto daquela época. Em face de uma dieta que mude a aparência do corpo
humano, pensa-se no antes, no agora e no depois de tal dieta. Com esta visão
diz-se que o tempo passou. Por quê? Porque o "antes" refere-se ao dia
no qual foi iniciada tal dieta; o "agora" pode estar duas semanas
após o início da dieta e o "depois" está no projeto de como se
pretende parecer após o término da dieta.
O
que é, pois, o tempo?
De uma perspectiva subjetivista, O tempo é
também o transcurso entre a memória do "antes", a sensação do
"agora" e a esperança do "depois". Tempo é nada mais, nada menos que a sensação de
movimento acontecido no reino do observável.
Nesta compreensão de tempo envolve-se a subjetividade quanto à memória do
passado e a esperança ou projeto de resultados, como também a sensação do
presente que envolve tanto a subjetividade quanto a objetividade de quem
observa o movimento dos acontecimentos.
Pode-se
então conjecturar sobre a eternidade como a ausência de movimento. Assim sendo se
a eternidade for entendida como dimensão fora do tempo.
Se
a eternidade existe, como conceber nela objetos observáveis, referenciais que,
a depender do observador, apontariam para o fato do movimento, desde que se
pense no movimento como vinculado ao tempo, porque dependente de referenciais?
E,
como se não bastasse, se existe um ser na eternidade, não estaria sujeito a
movimento ou a qualquer sombra de variação. Seria um ser estático, cuja
natureza seria inconcebível por seres que estão no reino do movimento.
Decorre
deste raciocínio a impossibilidade de seres temporais ou do reino do movimento
viverem de per si na eternidade, se esta for concebida como realidade à parte
do tempo. A menos que estes seres entrem no estado de estaticidade, portanto de
nenhum movimento. Assim, se há algum tipo de vida na eternidade, não seria de
forma alguma parecida com esta do reino do movimento. A menos que se pense a
eternidade como tempo sem fim e não como dimensão paralela ao reino do
movimento, o que implicaria num tempo absoluto, sem necessidade de
referenciais, contendo o próprio tempo que depende de referenciais percebidos
pelos seres humanos.
Outra
forma de pensar o tempo é entendê-lo como vinculado ao movimento do pensamento,
afinal o movimento implica num "antes" pensado e num
"agora" também pensado. O que parece ser difícil é pensar situado num
"depois", pois que o pensar estar sempre num presente. É possível a
memória de se haver pensado ontem. Porém, um pensar amanhã é apenas um projeto
não realizado, portanto, não existente como pensamento e sem garantia de que
acontecerá. Assim sendo, o tempo, pela perspectiva do movimento do pensamento,
só acontece, só é real (se assim pode ser dito) no presente. Dessa forma, duas
dimensões, passado e futuro, são eliminadas; na verdade, ambas, de fato, não
existem, pois que uma é só memória e a outra é só projeto.
Partindo-se
do pressuposto de que o tempo está na dimensão do movimento e se eternidade é o
seu contrário, ou seja, é realidade estática, ou seja, nela não há movimento,
até que ponto é possível conceber um ser eterno, ao mesmo tempo em relação com
seres vinculados à dimensão do tempo, entendendo-se que toda relação entre
seres interagentes implica movimento? Como entender que um ser alheio ao movimento,
à mudança, não limitado por uma percepção vinculada a referenciais, pode, ao
mesmo tempo, ser referencial para outros seres? Haveria possibilidade de
existir um referencial que não tivesse referenciais? Ser referencial parece
implicar em se vincular ao tempo. O que, por sua vez, é estar vinculado ao
movimento e, portanto, à perecibilidade. Isto parece não se vincular a um ser
eterno, desde que se pense a eternidade como realidade diversa do tempo. E se
assim não o for? A menos que eternidade seja apenas um sinônimo
de tempo absoluto, o qual conteria o tempo relativo. Neste caso, o que
teria dado início a este movimento? Questionando-se desta forma, chega-se à
pergunta pela possibilidade de um ser que extrapole o tempo e a eternidade.
Assim, em que dimensão se enquadraria esta entidade? Parece que neste ponto a
linguagem torna-se precária para apresentar termos que nomeiem tal ser. Admitir
por outro lado que a eternidade é a dimensão da entidade criadora do tempo
relativo é admitir que há algo não criado paralelo àquela entidade, o que
vem a ser a própria eternidade ou tempo absoluto.
Se
o tempo for pensado pela perspectiva da Teoria da Relatividade de Einstein,
parece ratificar-se mais ainda o fato de que o tempo é puro movimento sujeito à
relatividade da velocidade de um objeto em movimento. A sua passagem ou o seu
movimento não terá a mesma percepção, dependendo do observador e de como se
processa a velocidade do movimento. Ora, se quanto mais velocidade houver, mais
lentamente o tempo passará, que velocidade poderia haver na eternidade que
levaria o tempo a praticamente parar? Mas como pensar num tempo estático,
absoluto, se é dependente do movimento? Seria possível pensar em eternidade
vinculada à velocidade, se isto vincularia aquela ao movimento? E uma vez
havendo movimento na eternidade, existiria nela também perecibilidade
necessariamente? A menos que, repita-se, eternidade seja tempo sem fim. E se
assim o for, até que ponto o próprio ser eterno não perderia seu caráter de
eternidade? O que se torna um paradoxo, para não dizer uma contradição. Parece
que a questão mais fundamental passa a ser a natureza do ser vinculado ao tempo
absoluto e dos seres vinculados ao tempo relativo e a possibilidade de estes
participarem daquele.
Questione-se!!!!!
Willians Moreira Damasceno
6 comentários:
Willians,
Gostei muito dessa relação: tempo e movimento. Quanto maior o movimento (velocidade), menor a percepção de passagem do tempo. Realmente, alcançar toda a grandeza de Deus e além de nosso entendimento. Acredito que algum dia entenderemos perfeitamente, mas ainda não é agora. Parabéns.
Mauro Morais
Prezado Willians
Acabo de produzir um livro, fruto de uma instigante pesquisa, denominado TEORIA DO TEMPO DA ETERNIDADE.
Nessa obra, todo e qualquer mistério relativo ao que vem a ser Tempo é devidamente esclarecido, sem deixar dúvidas.
Não é só no ambiente científico que o sentido do Tempo vem sendo adulterado. Outras corporações, inclusive todas as religiões, importaram para si os conceitos mecânicos do Tempo, e por isso são incapazes de compreender o que vem a ser Eternidade.
Mas isso está próximo do fim. A TEORIA DO TEMPO DA ETERNIDADE vem trazer luz sobre todas as trevas do Tempo.
Se quiser conhecê-la, basta que me envie um e-mail.
Pode apostar que todos os seus conceitos sobre Tempo irão cair por terra.
Abçs
ROBERTO ESCRITOR
robertoescritor@gmail.com
TEORIA DO TEMPO DA ETERNIDADE - O FIM DO MISTÉRIO DO TEMPO (INÉDITO)
Como assim: "Portanto, é a partir do movimento do sol que se concebe, basicamente, a passagem do tempo."??!!
Aprendi no meu primário que não é o Sol que se move...
Olá, Carmem!
Lembro que a perspectiva de movimento para o sol apresentada nesta abordagem é a mesma que o senso comum apresenta quando se refere a um nascer e a um por do sol. Sabemos que é apenas uma forma de expressar o que nossa percepção limitada alcança quando observa os astros celestes. O foco do argumento está mesmo é no momento dos astros, levando-se em conta os movimentos de rotação e translação.
Qualquer questionamento ainda existente, pode mandar.
Willians
Ah - esmiuçando assim fica coerente.
Obrigada pela atenção.
Parabéns pelo belo texto muito bem elaborado, com idéias claras e bem organizadas. Silvério. www.doutorsilverio.com
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