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terça-feira, 2 de junho de 2009

PLATÃO E ARISTÓTELES - POESIA E FILOSOFIA


Platão x Aristóteles

            Platão concebia o conhecimento basicamente em duas dimensões: a dimensão do sensível e a dimensão do inteligível. A primeira refere-se às realidades do mundo captadas pelos nossos sentidos e a segunda refere-se ao mundo das idéias. A relação era existente em virtude de o mundo sensível ser apenas imagem do mundo das idéias, do mundo inteligível. Estabelecidas estas dimensões, Platão entendeu que a poesia habitava o reino das imagens, mero fruto da imaginação humana. Para Platão, tudo o que se baseava no imaginário degenerava, desvirtuava a realidade do modelo. Com esta consideração, o destino da poesia era a sua exclusão da cidade ideal. Esse destino está preconizado no capítulo X da República, no qual se apresenta a tese platônica de que a arte é imitação da aparência do real e, como tal, está afastada da verdade. Sendo a poesia uma arte, eis assim o seu destino.
            Em contrapartida, Aristóteles resgatou o mundo sensível. Ele entendeu que o nosso conhecimento só conta com o mundo sensível. Esta premissa abriu a porta para a aceitação da poética, como realidade que possibilita à natureza alcançar o seu objetivo, a sua finalidade. Na verdade, Aristóteles abriu espaço para que a poesia se tornasse autônoma, possibilitando ao homem uma realização que a natureza, por si, não era capaz de lhe proporcionar.
            Diante destas abordagens, são percebidas diferenças entre os dois pensadores.
            Na Poética de Aristóteles encontramos a Poesia e a Filosofia como disciplinas que tratam do fato universal, enquanto a História trata do fato particular. Detém-se a História no indivíduo, enquanto a Filosofia e a Poesia tratam das realidades que se aplicam a todos os indivíduos. Enquanto a História narra um fato particular, situado no tempo e no espaço, a Poesia procura imitar a realidade de modo a podermos identificar na sua imitação uma referência ao fato universal, do qual o fato narrado pela História é apenas um exemplo. A Filosofia, por sua vez, não narra o fato como também não o imita, antes procura explicá-lo logicamente, de modo que esta explicação sirva para toda e qualquer manisfestação do fato narrado ou imitado.
            A expressão de Aristóteles: "A arte imita a natureza" cabe bem para sintetizar a Poética. Partindo desta expressão, com a idéia de mímese em mente, a Poética pode ser conceituada como a arte que, através da imitação criativa, visando à purificação do homem, completa o trabalho da natureza, tornando o homem um ser melhor em face do trabalho inacabado pela natureza.

Willians Moreira

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