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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

PROBLEMAS EM CONCÍLIOS PARA CANDIDATOS AO PASTORADO

 

Desde os tempos em que fui seminarista, lá pelos idos 1979 a 1983, frequentei, e ainda frequento, os eventos conciliares para ordenação de seminaristas ao pastorado. Sempre me detenho em observar os tipos de perguntas e como as mesmas eram, e são, apresentadas aos candidatos. Nesses eventos, sempre me intrigaram as perguntas retóricas, as "cascas de banana" e as perguntas para as quais as respostas fogem ao consenso doutrinário dos Batistas. Por este prisma, parece que o problema dos concílios não são os candidatos, mas os examinadores (quase escrevo: exterminadores, pois que, no mais das vezes, aniquilam um bom senso razoável).

A referência a perguntas retóricas leva em consideração o fato de que há certas questões cujas respostas são conhecidas mesmo antes de sua emissão. Perguntas como: Você pretende ter um bom relacionamento com a Ordem dos Pastores?; Se você encontrar um dinheiro, esquecido pelo tesoureiro da igreja após o culto, você entrega a quantia ao responsável ou fica com ela?; Se uma irmã da igreja insinuar-se para você, qual será sua reação? Você seguirá as decisões da assembléia administrativa de sua igreja? Para estas perguntas e outras do tipo, que resposta espera-se do candidato? Por acaso, a resposta fugirá ao esperado? No entanto, esse tipo de pergunta é apresentado ao candidato, por parte do examinador, com a maior aparência de sabedoria.

Quanto às cascas de banana, são feitas abordagens com a intenção, aparente ou não, de encurralar o candidato e vê-lo ficar nervoso ou na condição de ignorante; perguntas que não são prerrequisitos para habilitação ao pastorado, até porque ninguém é obrigado a saber de tudo, mas apenas o necessário à sua aprovação. Perguntas do tipo: qual o assunto da carta aos colossenses? Perguntas sobre calvinismo e arminianismo, como se essas posições teológicas esgotassem as possibilidades de enxergar a soteriologia e os batistas fossem unânimes sobre esse ponto. Neste particular, lembro-me da pergunta que me foi feita, no meu concílio: Qual o termo do pastor? Eu fiquei a pensar, mas não conseguia responder. Um dos presentes insurgiu-se e bravejou: "Diz a ele para ser objetivo!". Infelizmente o tal examinador não foi objetivo.

Por fim, as respostas que fogem ao consenso doutrinário dos Batistas. Nesse particular, entendam-se as questões que não encontram acordo nas respostas entre as cabeças pensantes da denominação e muito menos entre os leigos, por mais que se esmerem na busca de acordos ideológicos. Há questões que jamais serão definidas de forma a um entendimento unânime na compreensão sobre as mesmas. São aquelas perguntas sobre a posição escatológica assumida pelo candidato; perguntas sobre a posição teológica do candidato sobre o tipo de ceia correto; perguntas sobre o tempo da grande tribulação; e outras nessa esteira. São questões que não encontram unanimidade nas respostas por parte dos teólogos batistas.

Em função destes pontos apresentados, parece haver a necessidade de que os examinadores também sejam orientados sobre como serem mais objetivos e racionais em suas inquirições. Parece ser também necessário uma orientação sobre uma objetividade nas questões pertinentes. Estas questões são aquelas que não devem faltar num concílio, mas que devido à falta de preparação do examinador, são esquecidas ou mal elaboradas, muitas vezes prejudicando o examinando.

A esperança é que, quem sabe, um dia haja um melhor direcionamento nos concílios e uma satisfação mais recomendável aos futuros participantes.

Antes que eu esqueça: A resposta quanto a qual seja "o termo do pastor", acreditem, é o termo "ternura". E o texto bíblico: Salmo 23. Pasmem!

Finalizo, parabenizando aos que conseguem se safar de examinadores medíocres, os quais se portam como se fossem sumidades nos assuntos conciliares.

Willians Moreira Damasceno